44. Recuperação 🗝️

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━━ 𝐕𝐈𝐂𝐓𝐎𝐑 𝐂𝐀𝐒𝐓𝐄𝐋𝐋𝐈

Eu nem havia conseguido dormir.

Fiquei rolando na cama a madrugada toda, por conta que minha mente me impediu que eu dormisse. Toda vez que fechava os olhos, o acontecido vinha na minha cabeça e a culpa enchia minha costas de peso. Eu só sentia culpa, eu só carregava culpa e sei que sou o completo culpado dessa história toda que aconteceu. Eu fui o filho da puta de tão ter matado George antes, quando tive minha oportunidade certa. E agora? Bárbara está com a braço perfurado e sofreu a consequência dessa burrice minha.

Eu levantei da cama às 6 horas da manhã, sem ter conseguido pregar o olho para dormir e decidi começar a me arrumar para ir ao hospital. Demorei no banho, de tanto que minha mente me atormentou e me culpou. Eu não precisava mais saber, eu era o culpado da situação da Bárbara. E eu sabia disso, desde o momento em decidi levá-la para aquela merda de cassino.

Se eu não tivesse a ideia de levá-la conhecer um cassino, nada disso teria acontecido. George não apareceria tão de surpresa e não iria ter atirado em Bárbara. Mas agora sei que toda a minha preocupação com ele, que tive por meses e meses, agora estava fora da minha vida. Finalmente realizei a promessa que fiz ao meu pai, quando morreu. Agora George estava morto e isso só que me contentava.

Eu já estava pronto, então era só ir para o hospital. Desci as escadas, vendo a mesa do café vazia. Ainda não era nosso horário para levantar e tomar café da manhã e eu não esperaria para isso acontecer. Peguei uma maçã na fruteira, em cima da mesa e segui para a porta de casa. Faltava 20 minutos para dar o horário de visitas e eu não queria me atrasar por nada. Eu queria ver ela e estava mais que necessitado disso.

Parando em frente ao hospital, desci do carro as pressas e fui para dentro do local. Fiz rapidamente meu cadastro com a secretária, coisa que — por sorte — não demorou muito e quando me virei, vi o médico de madrugada, ali me esperando.

— Bárbara Bittencourt, certo?

— Isso.

— Vamos então? — afirmei e comecei a seguir ele, enquanto me dizia como Bárbara estava e como tinha passado o resto da madrugada. Andamos, andamos e andamos, até que chegamos em frente a uma porta. — Esse aqui é o quarto dela. — gravei o número da porta e então ele abriu.

Entro no quarto, vendo ela dormindo, com o braço todo enfaixado e com uma tipóia. Me aproximei dela, vendo que está em um sono profundo e começo a me culpar mentalmente por vê-la assim, nesse estado. Faço uma carícia em sua testa, me xingando mais ainda, por estar sofrendo, por culpa minha.

— Me desculpe por isso. Por favor. — sussurro, transbordando de toda a culpa que sinto.

— Ela vai dormir ainda por algum tempo, mas logo irá acordar e irá ser examinada.

— Quando que ela pode ter alta? — digo sem olhar para o médico.

— Se tudo ocorrer bem, é possível que amanhã já possa ir para casa. — em concordância, fico em silêncio, apenas alisando seu rosto. — Bom, vou deixar o senhor à vontade. Se precisar de alguma coisa, é só chamar uma enfermeira. — não respondo e assim ele sai, nos deixando sozinhos.

— Me perdoa por não ter protegido você e ter deixado que isso acontecesse. — volto a falar e nem sabia que poderia me ouvir, mas mesmo assim continuei. — Eu não deveria ter me separado de você, ter te deixado sozinha e muito menos sem proteção alguma. — meu coração aperta, ao falar isso, que serviu como outra facada de culpa.

Olhei para seu quarto, que nem tinha prestado atenção e vi que tinha uma poltrona ali. Fui até ela, a peguei e a coloquei do outro lado da cama, podendo ficar perto de Bárbara. Me sentei e olhei seu braço estendido na cama e notei que a aliança ainda estava ali. Peguei delicadamente sua mão, vendo o quanto ficou mais linda com aquela aliança de prata e diamante no dedo. Um sorriso escapou do meu rosto, ao me lembrar do pedido que fiz a ela, principalmente da sua resposta.

𝐓𝐇𝐄 𝐒𝐄𝐂𝐑𝐄𝐓Onde histórias criam vida. Descubra agora