A Sósia - Volume III

Capítulo 4

Maite= Nada fácil! – girou os olhos. – Falou com o Christian hoje?

Dulce= Mandei uma mensagem. – franziu o cenho. – Por quê?

Maite= Ele comprou a passagem de volta. E... – deixou de sorrir. – As coisas esquentaram com a sua mãe, né?

Dulce= Esquentaram? – deu a mão para o marido. – Ele não me disse nada.

Maite= Ela me ligou hoje.

Dulce= Ligou para você? – a cunhada assentiu. – Não sei o que ela falou, mas já te adianto que sinto muito por isso.

Maite= Estava uma fera. – sentou-se à mesa com os dois. – Na verdade...

Dulce= Na verdade...? – o marido passou o braço por cima de seu ombro e ela encostou-se nele.

Maite= Ah, Dul... – esforçou-se para soar tranquila. – Não quero que você tome as dores, porque Christian já fez isso e eu já disse que não precisa.

Christopher= Maite, o que ela disse? – olhou-a com seriedade. – Blanca nunca pega leve, sou prova viva disso. Sem rodeios, diga o que ela falou dessa vez.

Maite= Ela estava estressada. – deu de ombros. – Chateada por toda a situação, reclamou da distância, do quanto o Nico e o Richie ficam longe dela, de que nós os afastamos, de que...

Dulce= Nós ou você? – interrompeu a morena, conhecia bem a mãe e os argumentos que ela usava.

Maite= Dulce. – exalou.

Dulce= Você, não é? – séria.

Maite= É. – disse baixo. – Disse que eu poderia ser menos egoísta e me mudar para o Rio, de que eu não quero que as crianças a tenham por perto, e que Christopher e eu viramos a cabeça de vocês dois para...

Dulce= Argh! – girou os olhos. – Meu Deus, o mesmo discurso de sempre! O mesmo!

Maite= Mas não se estresse! – tocou o joelho dela e a cunhada a encarou. – Eu não levei nada para o pessoal, e falo sério.

Dulce= Mai...

Maite= O que ela tem é estresse e um pouco de desespero, porque vocês dois vão se mudar para um terceiro país, Camila não nascerá perto dela, e toda essa história do Christian... é coisa demais para ela. Ela não sabe o que fazer, então desconta em todos que ela encontra pela frente.

Dulce= O sofrimento não dá a ela o direito de ser cruel. – colocou a mão sobre a da morena. – Com ninguém. E menos ainda com você.

Maite= Disse ao Christian que eu não me incomodo. Ela não está sempre aqui, não é alguém que eu tenho que conviver o tempo todo, e quando eu preciso, de fato, ter uma convivência, faço o melhor que posso. Nos respeitamos.

Christopher= O que ela fez agora não foi nenhum pouco respeitoso, Mai.

Maite= Mas na maioria das vezes, sim. – olhou-os. – Ela implica comigo muito menos do que implica com você.

Christopher= Porque você não é a Dulce. – sorriu com sarcasmo. – O negócio da Blanca é manter a Dulce embaixo da asa dela. Qualquer um que se aproxime, estará sempre errado.

Dulce= Me casei com um velhinho reclamão. – ela riu e beijou o rosto do marido.

Christopher= Eu não sou um...

Dulce= Eu sei, eu sei. – antecipou-se em assumir. – Sei que ela pega no seu pé, sei que ela já fez coisas pesadas e sei o quanto isso é chato. Você não reclama sem razão, eu sei disso.

Christopher= Obrigado. – então sorriu satisfeito. – Não tenho nada a acrescentar, então.

Maite= E eu sei de tudo isso. – pegou o copo de suco. – Mas agora também sei que ela ficará difícil até que consiga compreender que Dulce vai trabalhar fora, que vocês vão se mudar, e que a Terra, por incrível que pareça, continuará rodando. – riu ao final. – E se o que ela precisa para passar por isso, é reclamar da nora dela... que reclame. A nora não liga. – brincou.