Dulce desviou os olhos até o recipiente cheio de pequenos papéis e identificado como: 365 noites de julho.
Dulce= Para que isso? – perdida. – Não preencheu ontem?
Christopher= Preencho todos os dias. – disse em seguida.
Dulce= Eu também!
Christopher= Mas se vamos falar de divórcio agora, eu quero ter isso aqui bem claro.
Dulce= Vamos o que? – arregalou os olhos. – Divórcio?
Christopher= Você quer conversar. – encarou-a. – Não quer?
Dulce= Eu quero, mas... – negou com a cabeça. – Christopher!
Christopher= O que? – deu de ombros. – Eu conheço esse seu tom.
Dulce= E me conhece também! – colocou o pote para o lado.
Christopher= Exatamente! Sei quando estou te perdendo! – disse firme e ela novamente arregalou os olhos. – Sei quando amo sozinho, sei quando estou sozinho na cama, sei quando durmo sozinho. Eu sei bem quando estou te perdendo... e eu estou... – abaixou o volume da voz. – Eu estou te perdendo.
Ela respirou fundo, abaixou o rosto e negou com a cabeça algumas vezes enquanto tentava encontrar uma forma melhor para se expressar, em alguns momentos ela simplesmente travava com o marido.
Christopher= Você não tem que...
Dulce= Tem razão sobre se sentir sozinho. – esforçou-se e levantou o rosto novamente para ele. – Eu não estava ali. Eu não queria estar ali.
Christopher= Foi fácil entender isso.
Dulce= E sinto muito por ter feito dessa forma. – encarou-o. – Me desculpe por não ter sido sincera com você. – ele manteve-se quieto. – O problema não era você, era eu que...
Christopher= Não. – cortou-a. – Não use essa comigo. Se vai fazer isso, faça com a sinceridade, não invente nada.
Dulce= Não estou inventando!
Christopher= Não me peça o divórcio usando o clássico "não é você, sou eu". – girou os olhos. – Nossa história merece mais do que isso, Dulce!
Dulce= Eu não quero o divórcio! – esbravejou. – Pare de usar esse artifício como se fôssemos duas crianças e essa fosse a nossa punição!
Christopher= E não é? – arqueou uma sobrancelha. – Divórcio não é o fim?
Dulce= É a última saída! Divórcio não é uma carta que utilizamos quando queremos impor medo um ao outro. – ele encostou-se à parede e cruzou os braços. – Divórcio é uma possibilidade existente no mundo, e que, juntos, trabalhamos para que não seja uma opção para nós. Simplesmente não é uma opção para o nosso casamento. Fim.
Christopher= E agora é o que? – encarou-a. – Ontem foi o que? Esses dias têm sido o que? – arfou. – Dulce, eu me esqueci do som da sua risada! Da sua risada! – exalou pesadamente. – E esse é um dos meus sons preferidos. Eu me esqueci. Há dias que você não sorri pra mim.
Dulce= Eu sei. – mordeu o lábio inferior. – Pensei que conseguiria disfarçar melhor, pensei que ontem não seria tão... catastrófico. Pensei que poderia disfarçar isso.
Christopher= Não pensou que poderia conversar comigo? – sério. – Numa boa? Sem precisarmos chegar a esse extremo.
Dulce= Não, eu não pensei. – disse sincera. – E por isso te disse que o problema era eu, porque agir de outra forma nem se passou pela minha cabeça. Eu estava certa de que deveria fazer tudo... daquela forma. Eu não pensei que a sua noite tivesse sido tão ruim. – desviou o olhar. – Na realidade, te vi dormir e me lembro de pensar que você tinha sorte por conseguir ficar tão bem.
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A Sósia - Volume III
Roman d'amourDulce cresceu, aprendeu e amadureceu durante os quatro anos no México. Chegou ao país solteira, com o objetivo de entrar na acalmada emissora, Televisa. Terminou ganhando muito mais do que apenas um emprego, ela encontrou o amor de sua vida, casou...