Capítulo 23

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Melinda
Me manda o passaporte.

Dulce subiu os olhos para a mensagem anterior, recebida no início da tarde. Sentiu o sangue correr mais rápido dentro de si

Melinda
Boa tarde, Ucker.
Parece que você anda precisando da minha ajuda... para quando quer o seu visto?

Dulce= Ah, não! – respirou fundo. – Não é possível!

Fechou os olhos e buscou acalmar-se, parte de si estava muito irritada com tal mensagem, e a outra parte tentava convencer-se de que uma mensagem simples como aquela não deveria provocar desconforto algum.

Mirou novamente o aparelho, haviam se passado horas entre uma mensagem e outra, e se o marido tivesse visto Melinda durante o tempo fora de casa? E se a loira tivesse se atrevido a tocar em Gustavo de novo? A pegá-lo no colo, a tentar qualquer tipo de aproximação? E se...

Dulce= Não. – negou com a cabeça. – Não. Não vou nem pensar. Eu não vou! Eu me recuso! – bloqueou o celular e saiu do quarto. – Não.

Seguiu até a sala, mas não viu o filho ou marido ali, apenas Rosetta, que parecia entretida demais na cortina.

Então chegou até a cozinha e viu a cena que, antes, pareceria tão improvável de acontecer: Christopher sentado no banco com Gustavo em seu colo, dando-lhe uma banana amassada enquanto conversava com Blanca. Baleia estava deitada ao lado do fogão e encarava a senhora sem nem ao menos piscar, na esperança de que sobrasse algum pedaço de comida para ela.

Mirou o marido sem camiseta e um sorriso bobo desenhou-se em seus lábios, não queria imaginar Melinda perto dele. Oh, ela definitivamente estava enciumada.

Bateu o pé e passou pela cozinha, caminhando em silêncio até a lavanderia para estender as toalhas.

Blanca= Dul, estou fazendo um arroz doce. – comentou. – Christopher já aprovou!

Christopher= E avisei que quero com canela! – sorriu ao falar e entregou a colher para o filho.

Blanca= Dulce? – chamou-a outra vez.

Dulce= Eu ouvi! – pendurou a última toalha. – Está bem.

Blanca= Então responda que ouviu! – riu.

Dulce= Estou dizendo que ouvi. – voltou para a cozinha.

Blanca= Por que esse mau humor todo? – mirou-a. – Eu vou dar uma volta com o Guga, vocês poderão se comer à vontade! – riu ao final e o diretor apenas deu de ombros.

Dulce= Como foi o almoço com o meu pai? – encostou-se de lado no armário.

Blanca= Você está ouvindo o que eu estou falando? – colocou o leite condensado na panela.

Dulce= Estou. – cruzou os braços. – Quero saber como foi o almoço.

Blanca= Isso é problema seu, viu? – mirou o genro. – Esse mau humor todo. Você que vai ter que dar um jeito.

Christopher= Eu cuido da dona onça. – mandou um beijo no ar, mas a morena apenas mirou a mãe e arqueou as sobrancelhas.

Dulce= O almoço. – frisou. – Conta aí!

Blanca= Ave Maria, não sei como você aguenta, Christopher! – negou com a cabeça e mirou a filha. – O almoço foi bom, Dulce María! Conversei tudo o que tinha para conversar com o seu pai.

Dulce= E isso era...? – curiosa.

Blanca= Uma conversa nossa. – despejou o leite na panela.

Dulce= Mãe, vocês se odeiam. Vocês não conseguem sequer levar um diálogo com o mínimo de cordialidade. – arfou – E aí, de repente, simplesmente do nada, resolvem almoçar juntos e voltam vivos e, aparentemente, sem arranhões. É óbvio que eu preciso de detalhes e não simplesmente de um "conversei tudo o que tinha para conversar".

A Sósia - Volume IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora