Capítulo 1

115 6 11
                                    


Draco passou a mão pelo rosto, esfregando os olhos pesados. Estava exausto. Todos os músculos de seu corpo reclamavam pela terrível noite longa. Ele caminhou por seu laboratório, chegando até as janelas altas de vidro com vista para o jardim sul.

Embora estivesse muito cansado, seus pensamentos e batimentos cardíacos estavam acelerados. Todos os seus instintos lhe diziam que era hora de agir imediatamente, uma ação calculada e planejada, que garantiria sua segurança no castelo.

Céus, por que o homem tinha que morrer justo agora? Mais alguns anos e ele teria conseguido um espaço mais estável, sua presença talvez fosse vista com melhores olhos pelos cidadãos que lhe lançavam olhares tortos e comentários afiados.

Sacudiu a cabeça.

Quem queria enganar? Ele jamais teria uma posição estável ou confortável no reino. Ele jamais seria visto com bons olhos ou passariam a confiar em sua presença. Ao ficar questionando o rumo que as coisas tomaram, ele apenas tentava se enganar pensando que havia outro caminho quando, na verdade, estava claro que não tinha.

Mas não adiantava que o velho rei tivesse morrido em seu laboratório, o homem pensou dando uma olhada em volta, nas pedras do chão e da parede ainda havia uma grande marca do incêndio que havia acontecido durante a noite. O fogo havia consumido todo o material orgânico vivo e só tinha parado quando o pobre homem estava praticamente irreconhecível.

Draco atravessou o largo cômodo, parando em frente à mesa em que costumava fazer suas poções. Havia cacos de vidro por toda sua extensão e também no chão. Os poucos recipientes com ingredientes que haviam se salvado haviam rolado para todos os lados, espalhados pelo laboratório.

Só podia supor que o monarca havia ido lhe procurar em busca de um tônico que lhe ajudasse a dormir. Talvez, ao perceber a ausência de Draco, tenha mexido nos vidros de poções em busca de algo que lhe ajudasse, pensando que poderia reconhecer a poção de sono quando a visse. Talvez o homem tenha se interessado ao ver o compartimento onde estava guardado o fogo de dragão. Talvez tenha tentado manuseá-lo, encantado por seu brilho intenso e calor. Pessoas comuns não conheciam aquele tipo de poção, não acreditavam que pudesse existir algo que se parecesse com fogo vivo dentro de um pequeno recipiente de vidro. Muitos acidentes semelhantes haviam acontecido antes.

Porém, o velho rei era orgulhoso, vaidoso e talvez até um pouco arrogante, porém Draco jamais poderia chamá-lo de tolo. O homem era inteligente o suficiente para saber que não deveria tocar coisas que não conhecia e entendia. Ele jamais havia entrado no laboratório sem a presença de Draco, o que fazia o homem pensar que, talvez, o velho rei soubesse o que estava fazendo.

O homem se levantou, novamente se afastando da mancha negra e, mais uma vez, aproximou-se da janela. O sol começava a nascer e dentro de alguns minutos a notícia correria por toda a cidade e país. Logo a notícia chegaria aos reinos vizinhos e eles estariam em uma situação complicada se não tivessem um sucessor.

Draco levou a mão à boca, o medo frio correndo por todo o seu corpo. Precisava decidir o que faria a seguir. Poderia juntar suas coisas e partir assim que tivesse uma chance, mas os membros da nobreza começariam a dizer que ele havia fugido após cometer regicídio. Ele poderia começar uma vida nova em outro lugar, mas já havia feito isso tantas vezes que estava cansado. Além disso, não gostava da ideia de parecer um fugitivo.

Sua vida ali, no entanto, era incerta. Se um dos nobres, o pavoroso Duque de Watergate, por exemplo, assumisse o trono, era certo que sua vida estaria em perigo. Seria chutado do palácio assim que o homem entrasse pelo portão da frente. Aliás, talvez ele não fosse chutado do palácio, mas sim mantido ali nas masmorras, preso à parede por grilhões.

Unbreakable VowOnde histórias criam vida. Descubra agora