Unbreakable Vow

Capítulo 36

A atmosfera foi tomada pela tensão imediatamente. Hermione sentia seu coração bater contra suas costelas tão forte que quase chegava a machucar. Draco, apesar do que havia acabado de anunciar, parecia calmo e resoluto enquanto mantinha os olhos fixos no rosto da menina, parcialmente como se tentasse ler os diferentes sentimentos que irrompiam de Hermione, parcialmente como se tentasse transmitir uma mensagem com seu próprio olhar.

Viktor Krum, por outro lado, não parecia confuso com relação aos sentimentos que deveria sentir ou os pensamentos que deveria pensar. Ele tinha os olhos injetados de raiva enquanto encarava o conselheiro. Krum parecia lutar uma batalha interna contra ele mesmo e, pela expressão que o jovem monarca fazia, Draco pensou que estava perdendo

—Isso é absurdo. —O nórtico falou afastando-se da mesa frágil de forma abrupta. A madeira do móvel balançou perigosamente, ameaçando ceder aos rompantes de humor do rei. —Eu voltarei imediatamente para meu palácio e vou acabar com essa palhaçada —Viktor disse dando alguns passos incertos em direção à lareira, por onde havia chegado até ali. Draco virou-se ligeiramente em sua direção, sua voz era baixa, mas firme.

—Não há nada que vossa majestade possa fazer de seu castelo. Lá você encontrará apenas criados do palácio, todos responsáveis por manter a ordem do palácio. —Draco meneou a cabeça ligeiramente, estudando cuidadosamente o homem à sua frente. Havia, sim, um conflito de sentimentos ocorrendo nos pensamentos de Viktor, o conselheiro notou. A centelha de ódio, o faiscar de dor, até mesmo um pingo de rancor transparecia na superfície do olhar do homem de tempos em tempos. Krum estava perdido, Malfoy pensou reprimindo um suspiro. Um homem orgulhoso que havia sua bússola na vida. —Todos os seus soldados marcham em direção à capital de Abyssus agora mesmo.

—Como isso é possível? Levaria semanas para movimentar as tropas. Meses até!

—Pelos meios convencionais sim —Hermione apertou os lábios, colocando as mãos na cintura enquanto em sua mente tentava arquitetar os próximos passos que deveriam dar.

De fato, nada do que haviam visto nas memórias de Draco era uma novidade para a garota que há algum tempo havia começado a alimentar alguns pensamentos sobre a história triste da família Flamel. Desde que Draco havia contado a história de sua família, na noite do baile de inverno, tantos meses antes, que Hermione não conseguia ignorar um detalhe que havia lhe incomodado desde o começo: usuários de magia não são tolos. Acostumados a viver às margens de uma sociedade que condenam sua existência, todos haviam encontrado formas de sobreviver e esconder quem eram de verdade. Por esse motivo, o círculo social mágico era pequeno, o que fazia com que usuários de magia conhecessem uns aos outros e soubessem em quem podiam ou não confiar.

Uma família mágica que vivia em meio à nobreza não era diferente. Na verdade, Hermione pensou com amargura enquanto lembrava-se da história de Ariana, sua própria avó, usuários de magia nobres deveriam encontrar forma de suprimir sua verdadeira identidade. É o necessário para preservar a vida que se tem. Como, então, um duque e sua família são desmascarados? Como eles podem ser descobertos? Não seria impossível, é claro, claro sejam imprudentes, o que Hermione não acreditava ser o caso. A resposta mais fácil e simples é que eles haviam sido traídos, mas, até aquela tarde, o autor da traição era apenas uma ideia insana que havia lhe ocorrido anteriormente, mas que precisava confirmar. Jamais pensou que a confirmação que precisava viria através das memórias de Draco.

—Meios não tradicionais? O que quer dizer? —Os pensamentos de Hermione foram interrompidos pela pergunta rude de Viktor, que parecia um tanto irritado.

—Como você chegou até aqui, majestade? —Draco perguntou fingindo casualidade, o que o monarca respondeu com um bufar e uma revirada de olhos.

—Eu posso ser leigo no assunto, mas acho que seriam necessárias muitas lareiras para trazer um exército à Abyssus —Viktor fez uma pausa, como se pensasse em suas próximas palavras. —Como Karkaroff faria isso de qualquer forma?