Capítulo 8

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O baú que havia pertencido à Rainha Ariana havia sido tombado e agora todos os seus pertences que haviam restado estavam esparramados pelo chão do depósito. Hermione havia separado a carta encontrada pelo conselheiro, a segurando com o peso da saia de seu vestido para não misturá-la com os demais pedaços de papel.

Hermione corria os olhos desesperadamente por tudo o que encontrava: anotações em pergaminhos, livros de romance, algumas quinquilharias pessoais como espelhos, escovas de cabelo e pares de meias e luvas. Nada ali, entretanto, indicava o tipo de relação que Ariana tinha com Alvo Dumbledore, muito menos que fosse usuária de magia.

-Até onde sabemos "A. D." pode ser as iniciais de milhares de pessoas. -Hermione resmungou relendo o que parecia ser uma carta que nunca foi terminada.

-Já se perguntou porque seu pai mandou você para Dumbledore? -O conselheiro perguntou em voz baixa, os olhos correndo para a porta aberta como se temesse ser ouvido.

-Porque eu tenho sangue mágico e eles não queriam que ninguém descobrisse. -Hermione desdenhou sacudindo uma mão. -Mas isso não explica nada.

-Mas por que ele te mandou especificamente para Dumbledore? Ele era um grande e conhecido feiticeiro, mas, até onde sei, era praticamente inacessível. Ele nunca se envolveu em política, por que aceitou cuidar justamente da única herdeira do rei? -Malfoy encarava a soberana com os olhos bem abertos. Havia um brilho lunático em seus olhos, como se ele mal pudesse conter sua empolgação sobre o assunto.

-Dumbledore morava em uma cabana no meio do mato, o último lugar onde alguém poderia me procurar. Meus pais devem ter pensado nisso ao me mandar para lá. -Hermione rebateu, amarga, claramente nervosa com a possibilidade que se abria em sua frente. Suas mãos tremiam, mas ela tentava se segurar. Não queria que o conselheiro visse seu momento de nervosismo e descontrole.

-Eu não acredito nisso. Seu pai falou uma vez sobre o que havia feito a você e ele não parecia estar usando a razão naquele momento. -O homem passou a mão pelo rosto, os olhos abaixando em direção a carta presa em meio a saia de Hermione. -Talvez Robert III tenha pensado que você ficaria melhor com alguém da família que entendia sua situação e talvez Dumbledore tenha aceitado por se tratar de seu próprio sangue.

-Dumbledore recebeu muito bem por cuidar de mim, não se engane. Ele recebia um bom salário por isso. -Hermione levou o polegar à boca, mordendo a ponta da unha. Seu coração martelava contra o peito.

-Nós precisamos encontrar um jeito de investigar isso mais a fundo. Essa pode ser a origem de sua magia, afinal. -O conselheiro esticou a mão pegando a ponta da carta e levando até próximo ao seu rosto. Ele levou um segundo analisando o conteúdo novamente. -Você viveu muitos anos com Dumbledore, você não reconheceria sua caligrafia?

Hermione mordeu o lábio inferior e assentiu uma vez. Desde que havia visto as iniciais ao final daquela carta que não estava pensando direito. Seu cérebro funcionava apenas para criar desculpas e argumentos contrários à possibilidade daquilo se confirmar.

Hermione pegou a carta da mão do conselheiro e a estudou por um minuto. De fato, a forma como a letra A maiúscula se formava era muito semelhante a de Dumbledore. As curvas de cada consoante que se encontrava com uma vogal, os círculos perfeitos e os traços finos levemente inclinados para a esquerda... Aquela caligrafia era muito parecida com a de seu antigo mestre, mas a garota não sentia que poderia confirmar com certeza. Sua consciência insistia em negar.

-Eu não tenho certeza. Faz muito tempo que não vejo os escritos dele. -A garota suspirou abaixando a cabeça.

-Majestade, você prefere encerrar a investigação por aqui? -O olhar duro do homem parecia penetrar os olhos castanhos da garota. Hermione meneou a cabeça, umedecendo os lábios com a língua.

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