Capítulo 4

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Hermione foi deixada sozinha por um instante. Estava parada há alguns minutos em frente ao imenso espelho do quarto de vestir. O cômodo era grande e espaçoso, ricamente decorado com mármore branco, ouro e veludo azul. Ela estava em pé sobre uma pequena elevação feita para que pequenos ajustes em sua roupa pudessem ser realizados com facilidade. A grande janela lateral em forma de arco estava coberta por uma fina e rica cortina, porém uma suave corrente de ar entrava por ali.

Pelas frestas da cortina, ela podia ver a multidão que começava a se formar em frente ao castelo. A guarda real lutava para conter o povo que desde de cedo se reunia para ver a carruagem que levaria a futura rainha para a igreja. Era possível ouvir assobios e gritos que vinham da rua.

Soltando um suspiro pesado e carregado de nervosismo, Hermione desviou o olhar do lado de fora para ver sua própria imagem refletida no espelho. Estava praticamente irreconhecível em comparação aos primeiros dias em que esteve ali. As vestes pretas e pesadas haviam desaparecido de vez e toda a população da capital parecia ter aceitado o fim do período de luto de bom grado. A melancolia que antes era vista quase como uma figura a caminhar pelas ruas da cidade, parecia ter partido, substituída por roupas coloridas e cochichos animados.

Por todo o caminho até a catedral, Hermione havia pedido que pequenas bandeiras das cores nacionais fossem estendidas pelos prédios e pela rua, formando um túnel colorido por onde ela passaria e onde mais tarde ocorreria uma comemoração para o povo pela coroação de Hermione.

O resto dos moradores pareciam ter se animado e agora toda a cidade estava pintada de azul, vermelho dourado e preto. Homens carregando instrumentos musicais eram vistos por todos os lados. Mulheres e crianças pareciam ter tirado de seus baús suas melhores vestes e rodopiavam de um lado para o outro em uma dança.

Hermione passou as mãos pela saia ampla. Ela usava um volumoso vestido marfim de mangas compridas e cintura marcada. Havia ramos de flores bordados com cristais e pérolas por todo o tecido. A luz do sol, ainda que indireta, fazia com que as pedras do vestido cintilassem.

O vestido havia sido emprestado por uma importante joalheria do reino que preparava algumas amostras de vestimentas na intenção de enviar para o palácio para aprovação da princesa. A produção do vestido havia contado com o trabalho de mais de 15 costureiras e bordadeiras e havia levado muitos dias para ficar pronto. Ao ser apresentado para a, então, Princesa Hermione, foi necessário fazer alguns ajustes para o seu tamanho e também para a grandeza da ocasião. Como o período de luto havia sido mais curto que o esperado, o costureiro real não teve tempo de preparar um vestido apropriado para a cerimônia.

Hermione desceu da elevação do quarto de vestir e passou as mãos pelo vestido como se seu menor movimento tivesse amarrotado as pesadas camadas de tecido. Usava um conjunto de brincos e colar de diamantes, mas essas eram todas as jóias que podia usar até o momento. Ao fazer o juramento, na catedral, ela receberia as jóias da coroa.

Uma batida na porta e então ela foi aberta. O conselheiro, usando suas vestes mais formais, entrou e fez uma reverência antes de olhá-la diretamente.

-Está na hora de ir, majestade. -Ele informou com a postura ereta. Hermione fez uma careta.

-Imagino que ninguém mais falará comigo como se eu fosse um ser humano a partir de agora. -A garota resmungou enquanto se encaminha para a porta. Malfoy ergueu levemente a cabeça para encará-la.

-Hoje é um dia de tradições e costumes. Os olhos do mundo inteiro estarão sob você hoje.

-Imagino que pelo resto da minha vida também. -Hermione umedeceu os lábios. -O que não tem remédio remediado está.

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