Unbreakable Vow

Capítulo13

O cheiro de folhas secas infusionadas em água quente preenchia todo o ambiente. Do lado de fora, o vento soprava impetuoso, chocando-se contra as paredes da casa. Um pequeno fio de vento gelado conseguia driblar a proteção das tábuas de madeira e girava pela sala aquecida. Do lado de dentro, embora a lareira estivesse acesa, ainda havia algo que gelava Hermione até os ossos.

O salão do bar, cujo dono era o estranho homem que os abordara na igreja, era apertado, abarrotado de mesas e cadeiras feitas de madeira muito velha. O chão, feito de pedras, era coberto por uma espessa camada de lama úmida que havia sido trazida do lado de fora pela sola de seus sapatos. As janelas eram cobertas por uma substância escura como fuligem que impedia que qualquer luz entrasse ao local, dando a todo o ambiente um tom escurecido e melancólico. Tudo era iluminado pela luz alaranjada do fogo vindo de uma lareira e de tocos pequenos de velas sobre as mesas. Na parede, atrás do balcão do bar, havia uma cabeça de javali empalhada.

Hermione e Draco se espremiam de um lado de uma das mesas, em um canto afastado de onde era possível ver com clareza a porta, como se olhar para ela lhes desse alguma segurança. O homem que havia lhes levado até lá havia trancado a porta depois de entrarem, travando-a com uma tábua de madeira, e depois se sentou em frente aos dois, no mais profundo silêncio.

Hermione imaginou que aquela conversa fluiria de forma mais fácil, uma vez que o homem pareceu a reconhecer enquanto estavam na igreja. Imaginou que o estranho reconhecimento daria a eles a oportunidade para falar abertamente sobre o assunto, porém não era isso que acontecia. Ao entrarem no velho e melancólico bar, o homem havia se fechado completamente, como uma ostra ferida. Ele ficou parado por um longo tempo, encarando suas mãos com uma expressão vazia.

A garota e Malfoy trocaram um longo e significativo olhar, ambos se perguntando o que deveriam fazer a seguir. Jamais, em suas fantasias, acreditaram que encontrariam um membro da família Dumbledore ainda vivo. Hermione esperava encontrar conhecidos, pessoas que conheciam a história e que poderiam contá-la, mas jamais pensou que o irmão de seu mestre estaria no mesmo lugar depois de tantos anos. Vendo que o homem não falaria nada, o conselheiro umedeceu os lábios, dando um sorriso educado.

-Sr. Dumbledore, sinto muito se essa situação é incômoda para o senhor. -Malfoy começou, limpando a garganta.

-Às vezes parece que a história se repete. -Ele murmurou em um tom tão baixo que Draco teve dificuldades para entender.

-O que o senhor falou? -O conselheiro perguntou crispando os olhos.

-Aquele homem chegou aqui em um dia como esse. -Falou o mais velho, desviando o olhar em direção à janela encardida e ignorando completamente o conselheiro. Draco voltou a se recostar em sua cadeira, lançando um olhar de canto a Hermione.

-O senhor está falando de Gellert II? -Hermione murmurou, sua voz quase desapareceu em meio ao barulho do vento. O mais velho assentiu uma vez.

-Me perdoe. -O homem falou de repente, olhando de canto a Hermione com uma expressão que revelava mais descontentamento do que respeito. -Imagino que eu deva tratar-lhe com mais deferência. Devo chamá-la de alteza?

-Alteza é o tratamento para prín... -Malfoy começou, porém se interrompeu ao notar o olhar que Hermione lhe lançava.

-O senhor pode me chamar do que quiser. -Hermione franziu a testa, olhando para a caneca com chá quente sobre a mesa. -Nada disso importa.

O homem ficou em silêncio novamente. Os olhos azuis, tão profundos e gelados, analisavam a menina com atenção. Hermione abaixou o olhar, constrangida. Estava acostumada a ser examinada pelo olhar alheio, mas havia algo na forma como o homem a estudava. Era como se ele procurasse por algo que Hermione não tinha certeza se possuía.