Capítulo 35

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Viktor tinha plena certeza de que estava servindo como entretenimento para Hermione. Desde o momento em que havia sido acordado na madrugada anterior com a notícia da morte de seu pai, sua vida havia virado um circo dos horrores e, naquele presente momento, ele sabia que estava fazendo o papel de palhaço com perfeição.

Hermione continuava falando sem parar, aparentemente sem notar que ele havia parado de ouvir o que ela falava assim que ela mencionou que ambos viajariam pelas memórias de outras pessoas. Quer dizer... o que ela pensava que estava fazendo? Coisas assim simplesmente não eram possíveis e se fossem (o que Viktor estava convencido de que não eram!) o que ele poderia encontrar que mudaria, nem que fosse minimamente, a realidade em que se encontravam?

Ele ainda não entendia ao certo o que estava fazendo ali. Já havia começado a considerar que havia perdido a sanidade no momento em que jogou o misterioso pó verde na lareira, seguindo as instruções de Hermione, e aparecido naquele pequeno casebre no meio do nada.

Só Deus sabia, no entanto, porque ele continuava ali. Deveria ter virado as costas horas atrás. Na verdade, deveria ter entrado de volta naquela lareira e esperado até que ela fizesse o caminho contrário e o levasse de volta para casa. Quer dizer, isso era possível, não era? Hermione certamente não tinha a intenção de mantê-lo ali contra sua vontade. E, se de fato, ela tivesse essa intenção, ele estaria em posição de reclamar? Sacudiu a cabeça nervosamente, sentindo-se estúpido.

Viktor lançou um olhar nervoso em direção a lareira que havia servido de transporte para ele algum tempo atrás. As chamas queimavam a lenha normalmente, como se fosse apenas mais uma lareira comum.

Céus... ele havia sido sequestrado! E pior, ele havia participado de seu próprio sequestro de bom-grado, indo voluntariamente até seu cativeiro. Céus como era estúpido! Certamente ele merecia todos os infortúnios que viessem a acontecer com ele no futuro como consequência.

—Viktor?

—Hm? —Arregalou os olhos, encontrando o olhar desconfiado da garota o encarando.

—Você está bem? Você pareceu preocupado de repente.

—Ah, eu só... —engoliu em seco —estava me perguntando como eu vou para casa depois.

—Da mesma forma como você chegou até aqui —Hermione parecia estar tentando reprimir uma risada. Viktor umedeceu os lábios, olhando desconfiadamente para a lareira mais uma vez. As lenhas brilhavam incandescentes em meio às chamas. —É só jogar o pó de flu e dizer para onde quer ir.

—É só isso?

—Claro que sim. Você pode ir agora mesmo se quiser, eu não vou detê-lo —os olhos da menina se fecharam em fendas por um instante. —Você não acha que eu estou tentando prendê-lo, acha?

—Não, é claro que não —Viktor cruzou os braços sobre o peito. Sua expressão denunciava o sentimento de ofensa que Viktor tinha dificuldade de disfarçar. —É só que de repente me senti ansioso.

—Entendo. É fácil se sentir assim aqui —ela disse de forma condescendente, deixando claro que concordava apenas para não prolongar o assunto. —Então, podemos começar?

—Com o que?

—A memória, Viktor —Hermione revirou os olhos.

—Hermione, isso é bobagem.

Ela abriu a boca, como se fosse retrucar, mas a fechou novamente como se tivesse mudado de ideia. Em um movimento rápido, ela se colocou em pé, saindo da cozinha apertada por um instante apenas para voltar em seguida, dessa vez com algo que parecia uma bacia nas mãos. Hermione apoiou o objeto que parecia cheio no canto da mesa de madeira e depois correu para retirar os pratos com a sopa quase intocada. Ao terminar, ela voltou-se novamente para a estranha bacia e a posicionou no meio da mesa, permitindo que Viktor desse uma boa olhada nela pela primeira vez.

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