Capítulo 28

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Era difícil colocar em palavras o que estava acontecendo. Desde o dia fatídico na barraca de caça, algumas semanas antes, que sua vida parecia ter virado de cabeça para baixo. Jamais havia esperado que as coisas se encaminhassem da forma como estavam se encaminhando e, para ser sincera, Hermione experimentava um misto de sensações que a deixava confusa. Tudo parecia igualmente delicioso e assustador ao mesmo tempo, como se tivesse se lançado em uma aventura sem se preocupar se estava ou não preparada para isso.

Constantemente percebia-se inquieta. Sentia como se uma descarga de adrenalina corresse por todo seu corpo, descendo por sua coluna vertebral e descendo por seus membros, fazendo até mesmo os dedos de seus pés formigarem. Mesmo atividades extremamente comuns e corriqueiras haviam ganhado um novo tom. Havia se tornado difícil se concentrar em seus afazeres, e, às vezes, Hermione se sentia um tanto distraída.

É claro, ninguém, além dela mesma e, talvez, o próprio conselheiro, parecia perceber que algo havia mudado. Enquanto Hermione parecia pronta para colocar tudo a perder, parecendo constantemente nervosa, Draco, por outro lado, parecia tão focado e dedicado quanto sempre fora. Enquanto ninguém parecia desconfiar das atitudes do conselheiro, Hermione só podia pensar que todos, de McGonagall até o Comandante Potter, ou se faziam de cegos ou eram tapados demais para não perceber o que acontecia bem embaixo de seus narizes.

A rotina havia se modificado minimamente. Os dias começavam sempre da mesma forma: Draco se esgueirava para o seu quarto nos primeiros raios de sol da manhã, como ele já costumava fazer, e a acordava com uma série de beijinhos e carícias que tornavam bem difícil a decisão de sair da cama e partir para a arena para seu treinamento diário. Quando finalmente conseguia convencer Hermione a sair da cama (embora ele também não parecesse nem um pouco tentado a deixá-la), o conselheiro acompanhava a garota pelos jardins congelados, conversando amenidades, às vezes fazendo comentários maliciosos e tocando, suavemente, a mão da menina por baixo das pesadas capaz de lã.

Hermione não conseguia evitar de se sentir mortalmente tímida e nervosa, lançando olhares sobre os ombros, em busca de alguém que pudesse vê-los, porém Draco não parecia se importar, ou apenas calculava tão bem cada uma de suas ações que acreditava ser impossível que alguém os flagrasse.

Durante os treinos, ele ficava na arquibancada, assistindo de longe o treinamento de Hermione. Às vezes, quando ele começava a fazer muitas interrupções, perturbando igualmente Hermione e o Comandante, a garota pedia que ele conferisse a obra no interior da arena e ele saía, bufando e dando olhadas de canto de olhos para ela.

O resto do dia era um delicioso tormento. Enquanto se dividiam entre os afazeres diários, não era incomum que um movimento complicado levasse a menina exatamente para o lugar onde ela queria estar: no colo do conselheiro. Hermione nunca se lembrava exatamente de como haviam chegado naquela situação, mas também se recusava terminantemente a pensar no assunto enquanto Draco a beijava com tanta vontade enquanto puxava seu quadril de encontro ao dele, causando uma fricção que quase a enlouquecia.

Normalmente, exatamente neste ponto, precisavam parar antes que as coisas evoluíssem rápido demais e fosse cada vez mais difícil disfarçar o que acontecia ali se alguém resolvesse entrar no escritório de surpresa.

A situação, no entanto, um tanto peculiar e quase cômica para alguém que tinha um senso de humor um tanto torto, às vezes se tornava quase insustentável. Um dia, enquanto caminhavam pelos corredores do castelo (depois de uma daquelas sessões de longos e molhados beijos), a caminho de seu próximo compromisso, Draco falava sobre a homenagem ao Rei Robert II, que seria seu próximo compromisso, ainda naquele dia. Antes que Hermione pudesse responder (ou reclamar), o conselheiro a puxou rapidamente pela cintura, sem qualquer aviso prévio, a levando para uma das milhares de salas que jamais eram usadas no palácio. O ambiente era escuro e silencioso e havia um característico cheiro de pó e mofo de lugares que estavam fechados há muito tempo.

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