Unbreakable Vow

Capítulo 15

Hermione levantou a cabeça, puxando o ar com força como se tivesse ficado submersa por muito tempo. O movimento brusco fez com que seu corpo inclinasse para trás e ela deu um passo para se afastar da mesa. Seu movimento deu um solavanco na mesa, o corpo de Hermione foi de um lado para o outro sem equilíbrio. A penseira sobre a mesa balançou perigosamente algumas vezes em movimentos circulares. A garota, em uma mistura de súbita fraqueza e desequilíbrio, sentiu suas pernas cederem.

Draco, em um movimento rápido, alcançou Hermione e tentou ampará-la com o próprio corpo, evitando a queda, porém, acabou também perdendo o equilíbrio e ambos caíram pesadamente no chão.

Hermione sentou-se, puxando os joelhos para o peito. Draco, ainda com ela sentada entre suas pernas, aproximou-se. A menina levou as mãos trêmulas ao rosto, como se temesse que a qualquer momento pudesse cair pedaços de sua pele. O conselheiro tocou seu ombro em um ato de consolo.

-Hermione?

Ela não respondeu, era incapaz de formular palavras ou uma frase coerente. O corpo da menina tremia, como se ondas elétricas corresse por suas veias. Pequenos sons baixos saíam de sua garganta.

Malfoy observou a garota com cuidado, experimentando a estranha e dolorosa sensação de agonia e impotência perante o sofrimento dela. Ele percebeu quando as mãos da garota se fecharam contra a pele de seu rosto, deixando finos arranhões avermelhados pela superfície clara. Os nós de seus dedos tinham uma coloração esbranquiçada.

-Você vai se machucar. -Ele sussurrou tentando tirar as mãos de seu rosto, mas não teve sucesso.

Estava claro que Hermione estava atormentada por seja lá o que havia visto na memória de Dumbledore. Ele deu um longo e cansado suspiro, sentindo-se vencido. Em um movimento imprudente, guiado mais por seu desespero em afagar a dor da menina do que por seu cérebro, Draco circundou o corpo da garota com seus braços e segurou seus punhos em suas mãos, acariciando-os até que os dedos relaxassem lentamente. Draco abaixou a cabeça, seu queixo repousando cuidadosamente sobre o ombro dela, e se concentrou em suas mãos. Lentamente ele massageou cada um de seus dedos. Fazendo movimentos circulares, ele friccionou as unhas de Hermione, as articulações até chegar à palma.

Hermione abriu lentamente os olhos, concentrando-se nas ações do conselheiro. Lentamente, ela sentiu que os tremores causados pelas emoções transbordantes iam parando, até que foi capaz de encontrar sua voz.

-A memória... -Ela começou com um fio de voz, os olhos ainda encaravam suas próprias mãos sobre as do conselheiro. -Eu vi o dia que fui deixada na casa de Dumbledore.

Malfoy ergueu o olhar, buscando por seus olhos. As vestes de Hermione estavam sujas e esfarrapadas. Suas mãos estavam cobertas por terra e fuligem. A pele em volta de seus olhos estavam marcadas por grandes círculos escuros e ela parecia mais pálida que o normal. E, embora toda sua figura estivesse bagunçada, o conselheiro se impressionou ao notar uma nota cítrica que emanava de seu corpo. Sutil e quase imperceptível, mas Draco tinha certeza que o aroma de frutas cítricas vinha da menina. Ele se sobressaltou ao sentir sua boca encher-se de água, salivando. Horrorizado, ele sacudiu a cabeça.

Enquanto lutava contra aquelas sensações estranhas, Draco experimentou outro sentimento. Uma faísca crepitava dentro de si. Quando Aberforth entregou a memória, ele havia imaginado que se tratava de uma memória relacionada à Ariana ou algum momento significativo da relação de Dumbledore e Hermione. Draco jamais havia imaginado que o mestre faria a menina presenciar o momento mais doloroso de sua vida, aquele que ainda hoje ecoavam nas paredes de seus pensamentos.

Dando um suspiro pesado, Draco estreitou os braços em volta da menina, fechando-os em um abraço firme. Sentiu quando Hermione deixou as costas repousarem com cuidado em seu peito, apoiando o peso de seu corpo pequeno. Ela deixou a cabeça tombar para trás, apoiando-a no ombro de Malfoy.