Capítulo 31

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O caminho de volta até o castelo foi apressado, mas silencioso. Os pensamentos de Hermione giravam como um turbilhão e ela se sentia igualmente agitada e fraca, como se ao mesmo tempo ela pudesse cruzar o continente todo correndo, porém seus joelhos ameaçavam falhar a qualquer momento.

Não podia se tratar de uma coincidência, não é? Não, não tinha como. Hermione ainda não tinha tido uma vida tão longa e nem era tão experiente quanto gostaria, mas definitivamente ela não acreditava em acasos e aquele, especificamente, não tinha como ser um.

Hermione, Draco e o Comandante Potter entraram no escritório real como se trouxessem uma gigantesca tempestade enrolada em seus calcanhares. De certa forma, era exatamente essa a realidade. Uma tempestade enorme, de proporções nunca vistas antes naquele país ou em todo o continente, e estava prestes a cair sobre suas cabeças.

A rainha foi até as janelas e encarou o jardim iluminado pelos raios de sol, ouvindo a porta sendo fechada em um baque pela última pessoa a passar por ela. Além dos portões do palácio, a cidade já ganhava vida, com os cidadãos, ocupados demais em seus afazeres diários, sem ideia do que acontecia naquela pequena sala, nos andares superiores do castelo. Ela se virou para os homens, que não ousavam dizer sequer uma palavra desde a conversa rápida na enfermaria da arena.

—Como ficamos sabendo do que aconteceu? —Hermione perguntou olhando diretamente para Draco, que era o responsável óbvio pela informação.

—Um de meus informantes nos Países do Norte me enviou uma mensagem —Ele explicou tirando do bolso do casaco um pequeno pedaço de pergaminho enrolado. Hermione leu o recado que parecia ter sido escrito às pressas. Aparentemente, pela mensagem escrita pela fonte do conselheiro, a coroa nórtica desconfiava de regicídio.

—Eles desconfiam que alguém assassinou o rei —Hermione deu um longo suspiro, levando um dedo aos lábios distraidamente.

Aquela era a dedução lógica, é claro, Hermione pensou, sentindo seu coração bater ainda mais forte contra o peito. Levando em consideração o que havia acontecido com seu próprio pai tantos meses antes, aquela era a primeira suposição que qualquer pessoa com um pingo de inteligência iria pensar.

Outra coisa incomodava a rainha, no entanto. A caligrafia da fonte do conselheiro demonstrava uma enorme pressa ao escrever o recado. Certamente, ele ou ela havia escrito antes de partir para algum lugar que considerasse seguro.

Em um país em que criaturas mágicas eram perseguidas, um rei que morre justamente em contato com fogo de dragão, não era de se estranhar que logo pensassem em um atentado. O próximo passo era encontrar um culpado e, levando em consideração a forma como ocorreu o incidente, usuários mágicos seriam os acusados óbvios.

Meses atrás ela própria havia sido levada às pressas para o castelo para assumir o trono do pai que havia morrido de forma estranhamente semelhante. Quando seu pai, até então o Rei Robert II dos países Abyssius, morreu por conta de fogo de dragão, a menina não havia desconfiado de nada. Draco havia lhe relatado que o homem tinha problemas para dormir há muitos anos e, uma vez que seu conselheiro e responsável por suas poções do sono não estavam no castelo, não era estranho que, em desespero, ele mesmo tivesse tentado achar algo que o ajudasse a dormir e tivesse esbarrado em uma poção perigosa no processo.

Porém, agora, com outro monarca morrendo de forma similar, Hermione começava a temer que havia mais sobre a morte de seu próprio pai do que ela havia pensado inicialmente.

—Antes de qualquer coisa, eu preciso saber de detalhes sobre a morte de Robert II —Hermione falou de forma grave, seus olhos passando do Conselheiro para o Comandante, que parecia tenso e rígido com os braços cruzados atrás do corpo. Draco franziu a testa.

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