Ao fim do sétimo dia de luto, Hermione, a princesa regente, como havia começado a ser chamada, havia declarado o fim do período de luto por Sua Majestade Real, o Rei Robert III.
A decisão havia causado um burburinho entre a nobreza e alguns começaram a falar que o antigo rei estava sendo desrespeitado pela filha que esteve ausente durante toda a sua vida. Hermione poderia enfrentar e tomar providências sobre os cochichos e as fofocas que faziam sobre sua pessoa, mas não via motivos. As pessoas acreditariam no que queriam acreditar e nada do que ela falasse, embora fosse a herdeira do trono, poderia mudar isso.
Sua decisão não havia sido impensada e nem sem fundamento. Ela havia observado, durante as poucas vezes em que deixou o castelo, as pessoas caminhando para seus afazeres usando roupas pretas e parecendo desanimados. O pôr do sol marcava o toque de recolher e, embora o tempo estivesse quente e úmido, ninguém podia colocar o nariz para fora de suas casas depois do horário se não tivesse uma boa desculpa para tal.
A vida de toda a cidade parecia ter caído em uma profunda melancolia. Já não se via pessoas conversando pelas ruas, nem crianças brincando. As atividades recreativas como bailes e saraus haviam sido cancelados também.
Hermione odiava aquilo. Seu pai havia sido o rei daquela gente, uma figura política que muitos nem sequer sabiam nada a respeito. A garota também duvidava que o velho rei havia se importado alguma vez com a vida daqueles pobres cidadãos. Se os cidadãos quisessem chorar por sua morte, que chorassem, mas que não fossem privados dos poucos prazeres que tinham na vida por convenções cristalizadas e ultrapassadas.
Se a indiferença era mútua em vida, porque obrigar aquelas pessoas a guardarem luto durante seis meses inteiros? Que bem faria àqueles homens e mulheres que já tinham tão pouco em vida? E que bem aquilo faria a um homem que já estava morto?
Hermione julgou que estava apenas fazendo o óbvio e justo. O luto deveria ser vivido por entes queridos, se Robert III não tivesse nenhum, isso era o que ele havia cultivado em vida.
O Conselheiro havia se posicionado contrário à decisão de Hermione, tentando convencê-la que era o mais prudente dar, pelo menos, um mês completo para o luto. Após a cerimônia religiosa marcando um mês de seu falecimento, foi o que ele disse erguendo os dedos brancos para o alto. Faltava apenas duas semanas! Hermione sacudiu a cabeça, teimosamente.
-Nem um dia a mais. Tenho muito o que fazer e o período de luto está no caminho. -Hermione falou colocando mais uma carta em uma caixa de prata adornada.
O conselheiro, naquele dia, usando uma camisa preta muito limpa e calças da mesma cor, andou de um lado para o outro do escritório enquanto Hermione pegava mais uma carta de pesar de alguma família importante que ela não conhecia.
Naquele dia, ao levantar, Hermione mandou que sua criada pessoal guardasse todos os vestidos pretos no fundo de baús e trouxesse algo que tivesse uma cor diferente, mais viva, que não fizesse parecer que ela própria era um cadáver ambulante. A jovem criada, com os olhos muito arregalados, não havia ousado desobedecer, embora estivesse claramente perturbada. Ela voltou com um vestido verde escuro e outro azul meia-noite. Hermione estalou a língua, escolhendo o verde que era mais claro e mais vivo que o outro, embora o veludo do tecido estivesse destoante da estação.
-Vossa alteza, temo que essa decisão pode fazê-la perder aliados em meio à nobreza. -O conselheiro argumentou passando uma mão pelos cabelos.
-Senhor conselheiro, atualmente eu tenho um total de zero aliados. -Hermione falou pousando a pena na mesa de mogno. -Que mal me fará perder algo que nem sequer tenho?
-Vossa alteza poderia usar esse momento para fazer alguns. -Draco levantou uma mão, como se aquilo fosse muito óbvio. -Vossa Alteza poderia enviar algumas respostas às cartas de condolência que recebeu e convidar algumas famílias para conhecê-la. Ninguém recusará o convite da futura rainha.
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Unbreakable Vow
FantasyApós a morte do rei, Draco Malfoy vê sua posição no reino e sua segurança em perigo. Para preservar seu cargo, seu título e sua vida, ele vai em busca de alguém que acredita poder controlar, Hermione Granger, a única filha e herdeira legítima do tro...