Unbreakable Vow

Capítulo 29

Durante o jantar, após a cerimônia de homenagem ao Rei Robert II, Hermione não conseguia pensar em outra coisa que não fosse as palavras do conselheiro. Observando todos aqueles nobres, ali reunidos em um último ato pelo antigo rei, fez a garota pensar em quem havia sido seu pai para aquelas pessoas e, ao mesmo tempo, pensar em quem ela seria.

Em silêncio, desfrutando de sua taça de vinho, Hermione observava com cuidado a forma como aqueles homens contavam histórias de seu pai. Os velhos contos de caça, seus feitos notáveis no campo de batalhas, o quanto ele era forte, determinado e justo.

Hermione não conseguia descrever aquela experiência com outra palavra que não fosse estranha. Durante toda sua vida, tudo o que soube e ouviu do pai, apenas serviu para forjar a imagem de tirano que ela havia formado do pai para si mesma. Ver ali, tantas pessoas falando do homem de uma forma que parecia genuinamente emocionada lhe causada sentimentos conflitantes.

De certa forma, era confortável para ela pensar que todos dividiam de sua visão pouco gentil de Robert II. Imaginar que todos pensavam tão pouco do homem, que todos tinham apenas lembranças sombrias dele, fazia Hermione pensar que ela não era a única que havia sofrido por sua causa. Até então, Hermione havia encarado as manifestações de pesar pela morte do pai como fingimento ou um senso deturpado de obrigação. Uma imposição de luto coletivo. E, de fato, os cidadãos comuns não tinham qualquer apreço pelo velho monarca, assim como talvez não teriam por qualquer outro que já tenha reinado. Para o povo que vive distante dos palácios, à margem da alta sociedade, o rei e a rainha era apenas uma figura tirânica flutuando sobre suas cabeças, distante demais para realmente lhes tocar. Porém, para aquelas pessoas que frequentavam todos os dias os palácios reais, que participavam de jantares e eventos com seu pai, por que ela simplesmente havia deduzido que eles faziam tão pouco do antigo rei?

—Eu me lembro da vez que Robert... digo, Vossa Majestade Real, o Rei Robert II ficou preso em sua cabana de caças nas terras altas —um duque começou contando.

—Eu me lembro dessa vez! O guarda-caça teve que arrombar a porta para tirá-lo de lá —A mesa explodiu em gargalhadas.

Normalmente, após o jantar, era comum que o grupo de homens e mulheres se dividissem. Os homens, junto com o anfitrião, costumavam se reunir para uma rodada de vinho e bebidas, enquanto as mulheres se juntavam para beber um pouco de chá e conversar. Entretanto, o fato de Hermione ser a anfitriã e chefe de estado havia mudado drasticamente a dinâmica das coisas, de modo que ela se via rodeada por todos os seus convidados.

Antes, quando Hermione assumia o papel de anfitriã, era claro o constrangimento que envolvia a todos, que não sabiam como lidar com a nova monarca que havia estado fora por toda uma vida. Agora, no entanto, todos pareciam mais confortáveis com sua figura, como se já houvessem se acostumado em ver uma mulher na ponta da mesa. Ainda assim, apesar de sempre se sentir desconfortável em situações como aquela, naquele dia Hermione se sentia especialmente sufocada, como se a presença de todas aquelas pessoas fosse simplesmente insuportável naquele momento.

. Dando uma desculpa qualquer, afirmando que havia um problema que exigia sua imediata atenção, ela se retirou da sala de jantar, seguindo na direção às portas que davam para uma varanda externa e privativa.

Dando um suspiro pesado e aliviado por, finalmente, estar longe da atenção cansativa de todos, Hermione caminhou pela varanda com vista para o jardim sul da propriedade. O ambiente estava iluminado apenas por uma única lanterna, destacando a iluminação das tochas no jardim. Caminhou até o apoio de balaústre e apoiou seus cotovelos, relaxando o corpo.

Draco a qualquer momento estaria ali, notando que a menina havia se ausentado da mesa de jantar, e a procuraria para perguntar se precisava de alguma coisa ou se ela se sentia bem. Por esse motivo, não se assustou ao perceber a movimentação por sua visão periférica.