Capítulo 26

27 6 6
                                    

No capítulo anterior...

E eu acho que você entendeu tudo errado —Draco falou, ofendido, e virou-se, ainda sentado no chão, até que ficasse frente a frente com a garota. —Eu não evito o assunto porque quero brincar com você. Eu evito o assunto porque...

Porque... —Hermione levantou uma sobrancelha, curiosa.

Porque eu sinto que, se começar a falar sobre isso, eu não poderei evitar repetir o que aconteceu. E, se eu beijá-la novamente, Hermione, eu temo que não seja capaz de parar. Porque tudo o que eu mais quero, agora e todos os dias que se passaram desde então, é tomá-la em meus braços novamente e beijá-la, sem qualquer preocupação do que poderia vir a acontecer. —Os olhos do homem estavam muito sérios. Hermione piscou os olhos, aturdida. —Não é possível que você não perceba o quanto eu te desejo!

(...)

Os olhos de Hermione se arregalaram conforme seu cérebro processava o que o homem havia acabado de dizer. Ela abriu a boca para falar, mas sua voz não saiu. Draco a encarava com os olhos cinzentos brilhando de intensidade, vez ou outra percorrendo o rosto da garota com curiosidade e preocupação. Hermione percebeu quando ele encarou seus lábios e, por reflexo, ela os umedeceu.

—Por quê? —Ela conseguiu sussurrar ainda aturdida.

—Por quê? —Draco repetiu um pouco alto demais, passando uma mão pelo cabelo enquanto deixava uma risada nervosa escapar. —Por que eu a desejo?

—É... eu só não entendo... —Ela sacudiu a cabeça, confusa.

—Como eu poderia não desejá-la? —Draco ergueu uma mão em direção ao rosto da menina, seus dedos fazendo o contorno do rosto fino. —Você tem a mínima noção do que faz comigo, Hermione? Você tem ideia do quanto é torturante estar ao seu lado dia após dia e não poder tocá-la?

—E por que você foge de mim? —Hermione perguntou alto demais. Sua voz denunciava uma mistura de ultraje e mágoa que nem mesmo ela imaginava sentir.

Draco não soube o que responder de imediato. Havia uma explicação para seu comportamento, é claro. A resposta era muito mais simples do que sua vontade ou, no caso, falta de vontade. Ia muito além de seu desejo por Hermione ou o quanto queria estar perto dela. A resposta, óbvia e simples, é que ele sabia muito bem o seu lugar, e não era ao lado da garota.

Apesar de sua relutância, Hermione era uma rainha. Seu papel não era de uma coadjuvante, nem meramente decorativo, como as rainhas anteriores pareciam ter sido, tendo suas vidas enterradas em meio às areias da história. Hermione era a soberana de um grande país. Era a mulher —e talvez governante— mais importante de todo o continente. Em suas mãos estava o destino de uma nação inteira.

Draco, por outro lado, era um simples conselheiro, filho de uma família de nobres que haviam sido exilados de seu próprio país. Além disso, ele era conhecido por suas habilidades mágicas e isso bastava para que as pessoas do reino —dos guardas reais aos criados, dos nobres aos cidadãos comuns— desconfiassem de suas intenções, embora ele jamais tenha dado um único motivo para sua lealdade ser questionada.

Olhando para o rosto da garota, percebeu que ela sabia de tudo aquilo. Ela sabia e entendia a diferença que existia entre os dois, o abismo monumental que impedia um relacionamento entre os dois. Ela sabia... ela entendia... mas, por escolha própria ou não, ela simplesmente não se importava.

Deu-se conta, de repente, de como suas atitudes haviam magoado Hermione. Nunca lhe ocorreu que a distância que impunha entre eles não só era sentida pela menina como a machucava também. Durante esse tempo todo, tudo o que pensou foi que evitar uma atração mútua era melhor para os dois. Casos entre monarcas e funcionários do castelo nunca acabavam bem, muito menos um caso entre um usuário de magia e uma rainha solteira. Draco certamente seria acusado de enfeitiçar Hermione ou, quem sabe, coisa pior.

Unbreakable VowOnde histórias criam vida. Descubra agora