-Vossa majestade ainda precisa responder às cartas de congratulações por sua coroação. -Draco falou lendo sua longa lista de afazeres no pergaminho. -Depois disso tem uma reunião com os membros do parlamento e deve receber os membros da corte na sala do trono.
Hermione havia sido acordada com os primeiros raios de sol e, logo após seu desjejum, a criada havia aparecido para ajudá-la a vestir suas roupas e se arrumar para seu dia de afazeres. Agora, definitivamente coroada, Hermione sentia que sua vida havia caído em um ciclo tedioso em que tudo o que fazia eram atividades nas quais não tinha o menor interesse.
-Outra vez? Isso é tudo o que eu faço? Respondo cartas e recebo membros da corte? -Hermione resmungou mal humorada.
-Vossa majestade tem a reunião com os membros do parlamento também. -Draco repetiu erguendo uma sobrancelha. -É esperada a sua presença no almoço em homenagem...
-Recuse o convite. -Hermione falou rapidamente, espiando pelas janelas do corredor.
-Majestade...
O conselheiro deu um longo suspiro. Uma mão branca subindo até seu rosto e coçando a testa de forma cansada. Hermione havia percebido que, desde que havia se tornado definitivamente rainha, o conselheiro parecia exausto, como se não tivesse tido uma noite sequer de sono. Ela sabia que, parcialmente, a culpa era dela e de sua falta de experiência em tudo que envolvia a vida da monarquia.
Estavam no escritório privativo da rainha. Hermione fingia prestar atenção no que o homem falava enquanto lançava olhares curiosos para a cidade que começava a ganhar vida além dos portões do castelo. Por um instante, Hermione imaginou qual seria a sensação de ter a mesma liberdade que todas aquelas pessoas que começavam seus dias com compromissos banais e mais interessantes que os dela.
-Eu não quero fazer nada disso hoje. -Hermione murmurou com os olhos fixos nas cidades movimentadas. -Eu não quero ter que falar com toda aquela gente.
-Majestade, você precisa identificar seus aliados e inimigos para formar uma estratégia de ação.
-Ação do que? -Hermione sacudiu a cabeça. -Conselheiro, o único interesse que eu tenho naquele bando de homens enfadonhos é mantê-los bem longe de mim. Posso dizer que o sentimento é mútuo.
-Majestade, você é a rainha agora. Deve conhecer todos os seus vassalos.
-Eu sei. -Hermione virou-se caminhando até a cadeira de madeira ornamentada e se sentando. Draco havia parado de olhar sua lista e a observava com cuidado. A menina parecia ainda mais melancólica após a cerimônia de coroação. -Sei que não há escapatória.
-Essas são as consequências de seu ofício, majestade. Não são apenas rosas, como se deve ter imaginado. -Draco voltou a abaixar a cabeça para seu pergaminho. Seu tom parecia impaciente, mas os olhos acinzentados continuavam a observar a soberana. Hermione apoiou a cabeça de forma triste em sua mão.
(...)
Cada articulação de seus dedos estava endurecida e doía pelo trabalho repetitivo. Havia uma mancha de tinta na área entre seu dedo mínimo e seu pulso, causada pelo atrito da pele com o papel e a tinta ainda molhada. Hermione havia perdido as contas de quantas cartas precisou refazer por ter manchado o papel com borrões.
Desta vez, Draco não permitiu que ela usasse magia para responder às cartas recebidas. Segundo ele, cartas de respostas oficiais precisavam de um toque pessoal, além de que usar magia dentro do castelo era perigoso e arriscado.
Hermione pousou a pena sobre a mesa de madeira escurecida e flexionou os dedos, tentando livrar-se do endurecimento de seus membros. A posição do sol lhe indicava, embora estivesse trabalhando há um bom tempo, que ainda tinha uma ou duas horas até o horário em que seu almoço seria servido.
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Unbreakable Vow
FantasyApós a morte do rei, Draco Malfoy vê sua posição no reino e sua segurança em perigo. Para preservar seu cargo, seu título e sua vida, ele vai em busca de alguém que acredita poder controlar, Hermione Granger, a única filha e herdeira legítima do tro...