Capítulo 20

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Era difícil dizer quem estava mais irritado nos últimos dias. Por um lado, o conselheiro parecia achar toda e qualquer atividade para deixar Hermione cada vez mais ocupada. A menina, por sua vez, estava cada vez mais irritada com a jornada de trabalho exaustiva que o homem estava lhe impondo.

Enquanto Malfoy argumentava que todas as tarefas eram importantes e deveriam ser cumpridas no prazo determinado, Hermione expôs que jamais, em toda a história do país, um rei tinha sido responsável pelo cardápio dos jantares da semana no palácio. Draco então dizia que aquele país não tinha tido, até então, uma rainha regente, mas que era papel da dona da casa se preocupar com o que era degustado por seus visitantes, o que a menina costumava contra-argumentar que, como já havia sido acordado anteriormente, aquele era o papel da governanta da casa, McGonagall, que, por sinal, fazia um excelente trabalho.

Na luta entre a monarca e o conselheiro, o comandante Potter sentia como se estivesse no meio do fogo cruzado. Era comum que participasse, agora, das reuniões privadas entre os dois, sendo mais inútil e quieto do que uma estátua grega, tentando passar despercebido entre as duas figuras. Às vezes temia que as discussões entre os dois pudessem evoluir de alguma forma, mas logo ficou claro que a preocupação do conselheiro com a rainha era legítima e que a mesma, apesar de todas as maldições e bufos furiosos, era simplesmente incapaz de se afastar durante muito tempo do homem. Na verdade, Potter pensou com uma legítima curiosidade, era no mínimo interessante assistir a interação entre os dois.

Mesmo após uma discussão acalorada, Malfoy costumava dar uma ordem rápida para que o comandante levasse Hermione para um passeio no jardim, como se a presença dela o perturbasse e incomodasse demais naquele momento. No minuto seguinte, no entanto, ele pedia que o comandante levasse uma garrafa com água fresca para que a menina não desidratasse no caminho e pedia que Harry ficasse com os olhos bem abertos caso alguém tentasse se aproximar dela.

Ao mesmo tempo, Hermione, ao deixar a sala com murmúrios indignados e ofendidos, ordenava que uma criada levasse chá e bolachas para o conselheiro no escritório, caso ele sentisse fome no meio da tarde Ela também costumava pedir que a criada conferisse o fogo da lareira, pois a temperatura caía drasticamente conforme as horas avançavam para o fim do dia e o Conselheiro jamais parecia agasalhado o suficiente com sua capa de lã.

Potter parecia estar presenciando um estranho embate entre duas pessoas que se preocupavam demais uma com a outra, mas tinham grandes problemas com seu próprio orgulho para admitir.

Em outra situação, iria guardar os acontecimentos para si e rir sozinho mais tarde, mas naquele instante sentia-se apenas exausto e duvidava que fosse capaz de encontrar qualquer motivo para descontração na situação.

Outra coisa que estava consumindo toda a energia do comandante eram os encontros entre a rainha e o príncipe Nórtico que haviam se tornado mais frequentes naqueles dias. Potter tentava se manter discreto, acompanhando o casal a distância, dando-lhes espaço e privacidade para que pudessem conversar em paz sobre os assuntos que lhe interessavam.

Harry viu com curiosidade o interesse do estrangeiro pela rainha crescer no decorrer dos dias. O príncipe aparecia todos os dias, durante os passeios diários de sua majestade, e a acompanhava com tranquilidade. Ele costumava trazer consigo um pequeno buquê de flores, às vezes colhia ele mesmo um botão de rosas para enfeitar o cabelo da menina. Outros dias, ele aparecia com uma pequena cesta de piquenique e descascava pêssegos para que Hermione não se desse ao trabalho. Enquanto a garota comia, ele costumava ler em voz alta alguns parágrafos do livro que sempre tinha embaixo do braço. Às vezes ele fazia uma piada que tirava uma risada da menina. Harry não conhecia o príncipe muito bem, mas arriscava dizer que aquela era a versão mais livre do homem que um dia herdaria os países nórticos.

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