Irritante

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Alex

     Minha vida nunca foi fácil, perdi meus pais cedo, meu pai foi o primeiro, morreu antes mesmo do meu nascimento após uma doença repentina, minha mãe morreu quando eu tinha apenas 3 anos, ela estava no schoping comprando um brinquedo para mim quando houve uma chacina, então fui criado pelo meu avô paterno Affonso, como disse uma vida cheia de perdas e dor.

     Quando entrei na faculdade de agronomia e conheci a Evelen, loira, linda e meiga, acho que me apaixonei na hora, começamos a namorar e foram anos maravilhoso, aos 23 anos formamos juntos e no mesmo dia da formatura lhe pedi em casamento, dias depois quando completei 24 anos ela me revelou que estava grávida, foi o meu presente de aniversário, eu fiquei muito feliz, planejamos adiantar o nosso casamento, mas na semana que iríamos nos casar, Evelyn já estava grávida de três meses, quase quatro, saímos para jantar com meu primo/irmão Alessandro, fomos pedir para ele ser padrinho de Luna nossa filha, na volta eu não me lembro muito bem, mas sonho com a luz forte do caminhão que bateu contra meu carro todos os dias, me disseram que Evelyn morreu na hora junto a nossa filha, quando acordei não me lembrei do acidente, o enterro de Evelen havia acontecido 2 dias antes e eu estava literalmente no escuro, as únicas pessoas que estavam lá foram Alessandro e meu avô.

Um mês após perder Evelen e consequentemente Luna, eu resolvi ir morar com meu avô na fazenda, esse era o lugar que eu mais amava desde garoto, por isso optei por agronomia, meu avô era meu 2 pai, passei 8 anos aprendendo tudo com ele, tudo o que eu pude, aprender a andar e me virar nessas terras e no casarão sozinho, tenho sempre ao meu lado Sandro meu braço direito, ele era amigo do meu avô, mas hoje ele dirigi quando preciso me deslocar para algum lugar, tenho também dona Magali, ela me conhece desde moleque, sempre cuidou de mim e é casada com Sandro, tenho um amigo confiável Iago me ajuda em toda parte administrativa da fazenda, muito confiável, uma parte do sucesso da fazenda.

Há alguns meses meu avô faleceu e deixou tudo para mim, mas minhas tias e tio entraram na justiça querem a todo custo tirarem as terras de mim, vender e dividir o dinheiro entre eles, eles alegam que não tenho capacidade de administrar a fazenda por ser cego e que são filhos, herdeiros legítimos, eu não posso deixar isso acontecer, essas terras são sagrada e um dia será passada para alguém que as ame tanto quanto eu, dos meus primos o único que está ao meu lado é Alessandro, ele mora no Rio de Janeiro é juiz por lá, ele me conforta ao dizer que meu avô tinha sanidade quando fez o testamento e ele é testemunha disso.

Alessandro há um mês atrás esteve aqui, me perguntou como estavam as coisas por aqui e eu falei sobre a dificuldade de achar um bom veterinário na região, o último deixou um de meus cavalos morrer por negligência, eu quase o matei, sim sou cego, mas consigo entrar em uma boa briga, fiz artes maciais em São Paulo por 6 anos, quis até ser professor e mesmo cego consigo escutar cada movimento e minha direção, uma habilidade que desenvolvi aqui mesmo com treinamento, enfim Alessandro fez algo que eu odiei, ele me ligou na semana passada e me disse que chegaria uma médica veterinária para fazer um trabalho voluntário por dois meses, disse para eu não me preocupar que o crime que ela cometeu foi leve, mas não me disse o que foi, falou que era uma moça jovem e muito bonita, como se isso me interessasse afinal, eu odeio estranhos na minha casa, mas a verdade é que ainda estou sem um Veterinário, me conforto em saber que são dois meses apenas, isso se ela sobreviver a mim, acho graça nesse pensamento.

Na minha fazenda tem em sua maioria homens, não sou machista ou acho que as mulheres não consigam lhe dar com um pouco de trabalho pesado, mas é que elas não me suportam por muito tempo, meu gênio é forte, confesso ser grosso e mal educado muitas vezes, por isso elas sempre pedem demissão, então vamos ver até onde essa bonequinha irá me aturar. Durante quase todos os finais de semanas recebemos gratuitamente visitantes especiais, crianças todos com algum tipo de deficiência, eu nunca participo dessas visitas, mas vem pessoas do Brasil todo, instituições diversas, peço sempre aos meus funcionários que os ajudem com tudo, para que tenham uma ótima experiência, meu avô iniciou esse projeto lindo quando eu perdi a visão e eu quero que ele continue para sempre.

Olhos selvagensOnde histórias criam vida. Descubra agora