Olhos selvagens

Medo

      Alex 
    
       Nunca tive tanto medo, eu juro que eu pensei que ela fosse morrer, eu queria tanto vê-la e lhe medicar, mas a única coisa que eu podia fazer era ficar ao seu lado, segurar sua mão, lhe fazer carinho enquanto eu me perguntava que caralho estava fazendo? depois do que ela fez, de saber que tem vergonha de assumir um cego, eu deveria só manter a distância, mas Magali me disse que ela estava delirando, não comeu e estava com a febre tão alta que não parava de chamar por mim, eu achei que era mentira, até ir para meu quarto e escutar ela me chamar em seu quarto, droga! não dá para ignorar, fiquei com ela até sua febre ceder, acabei até dormindo um tempinho ao seu lado, sua febre sede, acho que é melhor eu ir embora, ainda estou segurando a mão de Cristal, escuto a porta se abri e pelos passos sei que é Iago, ele entra e fecha porta.

Iago- ela está melhor?- suspiro, estou cansado e nem sei o que faço aqui, depois que percebi que ela não me assumiria pela minha condição, imagino que Iago é a melhor pessoa para Cristal e eu decidi ficar longe deles, então me levanto.

Alex- Sim e já vou indo- saiu o mais rápido que posso sem deixá-lo dizer mais nada.

Entro no meu quarto e pela primeira vez sinto vontade de chorar e quebrar tudo, eu me odeio por ser cego, eu só perco pessoas em minha volta, eu não posso protegê-la, eu não posso ser um bom homem ou homem inteiro para mulher nenhum, muito menos para Cristal.

Alex- Ahhhhhhhhhhhhhhhh- eu só grito liberando minha dor e finalmente após anos eu choro como uma criança e me sento no chão, fico ali por alguns minutos e depois me levanto e vou para o banho. desço para o jantar, sei que seremos somente eu Iago, Magali e Sandro, não quero conversa, me sento mudo na mesa, comemos alguns minutos em silêncio até o intrometido do Iago se meter.

Iago- Cristal pareceu um pouco melhor quanto acordou a uns 40 minutos atrás- ele fala como se fosse casual, isso doeu, por que ele estava lá para ela, pode vê-la e eu não.

Magali- Subi agora a pouco e ela tomou um pouco de soupa batida, parecia triste-

Iago- Ela está abatida! mal consegue falar ainda, mas logo ficará boa-

Sandro- Com fé em meu grande Deus-

Magali- Acho que amanhã seria bom ela sair um pouco daquela cama, já basta ter ficado naquele hospital- eu estou aqui ouvindo sobre Cristal e cada vez mais furioso.

Iago- Desde que ela não saia no sol, o que acha Alex?- eu dou um murro na mesa.

Alex- Se querem bancar as merdas dos médicos, falem com ela e não encham meu saco, tô pouco me fodendo para ela-

Iago- Não foi o que pareceu quando te encontrei no quarto dela há horas atrás- eu me levanto furioso da mesa e decido ir para meu quarto, subo as escadas furioso e assim que entro em meu quarto sinto o cheiro de Cristal, merda ela está aqui.

Cristal- Hum... pouco se fodendo para mim- sua voz está rouca, pela direção ela estava em minha cama.

Alex- Sai! do meu quarto!- eu não quero sentir isso, mas ela aqui está me afetando.

Critsal- assim como saiu do meu?- ela se levanta e vem em minha direção.

Alex- Fique aí mesmo- ela não me obedece.

Cristal- você não deixou eu me explicar- ela limpa a garganta- e eu... - sua voz falha mais uma vez.

Alex- você está rouca, pare de forçar- ela não para de andar em minha direção ou falar, está muito perto agora.

Cristal- Eu não tenho vergonha ou pena de você, nunca tive, eu só queria te proteger- até parece piada.

Alex- proteger de continuar feliz com você, você só esperou eu falar que te amava e pronto resolveu que ter um cego em sua vida era de mais-

Cristal- Nunca foi isso, você parou para pensar que vou embora em poucas semanas?-

Alex- todos os malditos dias desde que me apaixonei por você- escuto ela suspirar.

Cristal- Você já perdeu tanto que eu não queria que sofresse quando esse momento chegasse-

Alex- Então escolheu por mim? Cristal só sai desse quarto- essa merda é dolorosa.

Cristal- Por quê? você não saiu do meu hoje- ela está rouca.

Alex- Cristal por favor saia- não quero brigar, ela fica alguns segundos calada, ela soluça e parece chorar.

Cristal- Eu te amo Alex- com certeza isso atingiu meu coração e eu não soube o que fazer - eu te disse isso no hospital e não foi mentira, doeu tanto tomar aquela decisão, mas eu só quis te proteger e comecei a imaginar e se eu não for embora e viver com ele, essa ideia me agradou muito, mas do outro lado da balança tinha meus amigos que são minha família e eu não sabia o que fazer, eu nunca teria vergonha ou pena de você, eu só te amo- Ela continua a chorar e eu a puxo para os meus braços.

Alex- Calma linda não chora, não fala sua garganta ainda está inflamada- percebo que ela está quente, provavelmente febril - vem deita aqui na cama, vou pedir a Magali seu remédio- levo ela para minha cama.

Cristal- Fica aqui! não vai- eu quero ficar, mas preciso ir.

Alex- Deite-se volto agora linda- coloco Cristal deitada e vou para a sala de jantar, pelo barulho Magali está tirando a mesa.

Magali- Quer alguma coisa filho?-

Alex- Cristal está com febre, tenho que pegar sua medicação-

Magali- Claro só um minuto filho- ela sai apressada de volta no minuto seguinte - toma filho- ela estende a mão aproximo a mim e eu aprocuro até eté pegá-lo - Agora a água- mais uma vez tateio até achar -cuida dela filho-

Alex- Obrigado! Mag- subo as escadas e entro em meu quarto, pensando se ela ainda está em minha cama.

Cristal- Alex- sua voz é fraca, me aproximo e me sento na cama.

Alex- Aqui linda toma- estendo o braço e ela pega o copo com água e o remédio - toma tudo, ela parece tomar e colocar o copo sobre a mesinha de cabeceira.

Cristal- Fica aqui comigo por favor- ela pedi baixo.

Alex- Claro Linda- me deito ao seu lado, começo a alisar seu cabelo.

Cristal- Não me deixa Alex; eu te amo- ela se aconchega em meu peito e é o suficiente para meu coração dizer que eu nunca vou deixá-la, nem que para isso, eu sai dessa fazenda para segui-lá.