Capítulo Dois

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"Someone's daughter, someone's mother"

                                                                                                            EPIPHANY

O cômodo em que foi deixada era um quarto comum, completo de todas as comodidades que um normal quarto deveria ter: uma cama de casal espaçosa, duas mesinhas de cabeceira, duas poltronas, um armário embutido na parede, o ar condicionado em um canto e uma segunda porta, que logo ela descobriu tratar-se de um banheiro simples. A diferença é que em ambos os cômodos as janelas possuíam grades, que após uma rápida checagem por parte da rosada, notou que não possuíam nenhum tipo de tranca ou leva.

Não poderiam ser removidas. Não com as forças de suas mãos pelo menos.

Girou-se novamente em direção à porta pela qual o moreno saiu poucos minutos atrás. Com certeza, já se afastou o suficiente daquele corredor. Então, a moça respira fundo, antes de se aproximar em pequenos passos silenciosos, levando a própria mão até maçaneta e abaixando-a lentamente, e notou, com sabor amargo à boca, que estava mesmo trancada.

Olhou em volta, tentando não entrar em pânico. Sentia seus olhos arderem, estava com vontade de chorar, mas não podia deixar-se perder a pouca calma que ainda lhe restava. Precisava ser racional e não se deixar levar pelo emocional alterado, não podia se entregar ao medo que ameaçava paralisar as suas pernas. Deveria permanecer calma e lúcida, para que assim conseguisse escapar com vida dessa situação.

Se virou e encostou as costas contra a porta, seus olhos verdes se fixaram rapidamente em um ponto num ângulo do quarto com certa curiosidade, havia ali uma pequena câmera redonda, preta e branca.

Estava sendo monitorada.

Suas ações, qualquer uma que seja, seria vista por alguém. Correu ao banheiro olhando ao redor, suspirando aliviada ao notar que pelo menos naquele cômodo teria respeitada a sua privacidade. Céus, o que realmente estava acontecendo?

Sakura, então, se senta na ponta da cama, os dedos ainda sofrem pequenos tremeliques, resultado de toda as emoções das situações anteriores. Fechou as próprias mãos com força, em uma tentativa frustrada de contê-los. Não sabia lidar com situações onde ficasse sob pressão, não estava acostumada, no entanto, precisava pensar. Não se lembrava muito bem das coisas que o homem de cabelos negros disse ao seu pai antes de ser arrastada para longe dele, era apenas tudo uma confusão de acontecimentos em sua cabeça.

Seu pai...

O rosto já envelhecido pela idade passou por sua mente, enchendo-lhe os olhos de lágrimas. Onde o seu papà entra em toda essa história? De onde ele conhece essas pessoas? O que ele tem que esse homem quer? Por mais que tente, não consegue pensar em nada, pois ofereceu dinheiro e o homem riu da sua cara come se fosse uma criança tola.

Apenas lembra-se de ouvir o seu carrasco dizer algo sobre uma semana. Considerando o fato de que estava presa e sendo monitorada, poderia tomar por certo de que por uma semana a manteriam viva? Mas, e depois? O que aconteceria com ela? Que oferta era essa, que seu pai não foi capaz de aceitar no mesmo momento em que foi sequestrada? O que essas pessoas queriam exatamente?

Pelos Deuses, aqueles eram homens armados até os dentes, muitos deles, pouco conseguiu ver e mesmo assim não poderia contá-los com os dedos de suas mãos. Essas pessoas pareciam matar sem nenhum remorso e aquele que, para com ela, se fingia tão educado, era o chefe de todos eles. Como você consegue manter todos aqueles homens sob suas rédeas se você não for tão pior que todos eles juntos? Só o pensamento já fazia um calafrio descer gelado pela sua espinha.

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