Epiphany

Capítulo Nove

Já fazia algum tempo desde que o homem de cabelos negros deixara a rosada, perdida em seus próprios pensamentos, sozinha no quarto. Na verdade nem saberia dizer, com certeza, em que momento ele foi embora, pois seu cérebro estava ocupado demais tentando criar mil e uma teorias sobre o que poderia ser esse tal favor.

Desse modo, resolveu colocar na mesa as informações que possuía até então: o homem de cabelos negros não estava interessado nela, o homem de cabelos negros queria um favor de seu pai, e então deduziu pelo fato de ainda estar presa ali, que seu pai não queria realizar esse favor.

Portanto, o homem dizia a verdade quando disse não se tratar de dinheiro, mas ainda assim fora sequestrada e estava sendo usada como moeda de troca. Mas porque seu pai não quer fazer esse tal favor? O que poderia ser? O que é um mísero favor perto da vida de sua única filha?

A moça sabia que não era só isso, faltava-lhe informações, não entendia como seu caro pai poderia estar envolvido com pessoas assim. Amigos de longa data? Seu pai era um bom homem, ele nunca se misturaria com sequestradores e assassinos. Toda essa situação parecia como um grande jogo de quebra-cabeças, entretanto, a rosada claramente não possuía nenhuma das peças.
Porém, tinha outra coisa que não fazia sentido para a jovem, o homem de cabelos negros falou sobre uma oferta. Isso quer dizer que ele receberia o favor de seu pai, mas em troca, seu pai também deveria receber alguma coisa.

Mas o que seu pai poderia querer de gente como esta? Estaria ele, realmente metido em algo sujo? Algo sujo como homicídio e sequestro de pessoas? Não, não poderia ser verdade, seu pai nunca faria isso. Estava tomando por verdade todas as coisas que o homem de cabelos negros dizia e isso era, definitivamente, a última coisa que poderia fazer.

Não deveria acreditar em tudo que ele diz, ele pode muito bem estar mentindo. Contudo, tinha que admitir para si mesma que algumas coisas faziam certo sentido. Precisava averiguar, precisava de mais informações, precisava fazer mais perguntas!

Todavia, todas essas possibilidades fizeram com que a rosada fechasse, inconscientemente, os punhos. Estavam escondendo coisas dela e de um modo irracional, sentia uma irritabilidade crescer dentro de si. Primeiro porque, aparentemente, estava presa ali pois seu pai não queria acatar um favor de um desconhecido, então o louco resolveu sequestrá-la para ter suas vontades atendidas. E segundo porque, ao que tudo indica, não conhece minimamente seu próprio pai! Gostaria muito de saber em que diabos ele está metido.

Suspirou jogando seu corpo para trás na cama e encarando o teto. Que favor ele poderia oferecer à esse tipo de gente?

Talvez financiá-los economicamente? Não gostava de pensar que, ao invés disso, ele estava diretamente ligado à esse tipo de sujeira, se tivesse mesmo que escolher, preferia assim. Mas é uma oferta, logo ele deveria receber algo em troca. Poderia ser a vida de sua única filha? Por mais que doa em seu coração admitir, a moça tinha suas dúvidas, pois se fosse isso ele já teria aceitado.

Na verdade, ela estava começando a se perguntar se é ou se foi, a prioridade de seu pai em algum momento dessa história toda. Não conseguia achar uma explicação plausível, para ainda estar presa ali sendo filha de um homem de tantas posses como seu pai, tinha algo muito errado nessa história, algo que ela ainda não sabia.

...

— Ele pode dizer que vai aceitar a oferta e depois sumir com a garota. — murmurou Gaara.

— Eu só vou entregar a garota quando ele cumprir com a parte dele. — respondeu Sasuke, tomando um gole de sua bebida.

— Não estou muito confiante de que ele vá aceitar. — continuou o ruivo.

— Ele não tem escolha, tem muito mais a perder se não aceitar.