Capítulo Quatorze

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Sakura sentia-se balançar em movimentos delicados, a cada passada que o homem de cabelos negros dava em direção ao quarto. Estava sendo novamente levada para seu cativeiro, após seu pai, finalmente, decidir por aceitar a tal oferta. E a única coisa que se passava pela cabeça da rosada, naquele momento, era saber quando teria sua liberdade de volta.

Eles se encontrariam e fariam uma troca, como se fosse uma mercadoria? Era muito provável que sim, mas na verdade, a rosada tinha muito medo do que poderia ocorrer em tal encontro. Não era segredo de que seu sequestrador e seu pai não se bicavam, a moça não suportava mais tensões e tragédias, não queria ter que presenciar uma possível desavença entre eles, não queria mais ficar na linha de tiro.

Além do mais, não queria sair de uma prisão para ir diretamente à outra, principalmente agora depois de todo esse ocorrido, tinha certeza de que seu pai seria ainda mais restritivo em relação à sua vida e liberdade.

Por isso a moça tem para si, que deveria conseguir fugir antes de cair nas garras de seu pai novamente, quer dizer, ela pelo menos tinha para si. Pois agora, as coisas mudaram um pouco, como faria para suceder em seus intentos na situação em que se encontrava? Seu corpo estava debilitado, sua perna fraturada. Como conseguiria fugir de alguém como seu pai, sozinha e sem um tostão no bolso? E se por acaso conseguisse, como faria para se manter já que no momento não estava em condições de trabalhar? Passaria fome e viveria na rua, e talvez permanecesse aleijada por meses sem os devidos cuidados médicos.

A moça não possuía muitas opções, mas pelo menos agora tinha certeza do que queria e só precisava esperar pacientemente a sua recuperação. E era isso que faria, aceitaria ir com seu pai e quando estivesse saudável, prosseguiria com a sua fuga e então escreveria um novo destino para si mesma. Uma nova vida. Talvez mudasse até o próprio nome, seria livre.

A rosada foi colocada gentilmente na cama e logo se escorou na cabeceira, ficando mais confortável. Apesar de ter sua oferta aceita por Kizashi, o homem de cabelos negros não parecia nada feliz, ele encarava-a com a mesma expressão apática de sempre, e Sakura se perguntou se, em algum momento de sua vida, esse homem já foi feliz alguma vez.

— Mandarei Neji para que examine sua perna. — disse ele, colocando as mãos nos bolsos.

Sakura não gostava daquele médico fajuto e não queria ele ali consigo, preferia ficar dolorida.

— Não gosto de ficar sozinha com ele. — sussurrou.

— Ele está apenas cumprindo ordens minhas.

Se perguntou se esse era o modo estranho dele de dizer que não deveria se preocupar com Neji, tentou entender pelas entrelinhas, mas por certo está apenas mentindo para si mesma — como sempre.

— Quem fez isso comigo? — perguntou.

— Orochimaru. — proferiu mexendo em seus bolsos, ele iria fumar com toda certeza.

Sakura arregalou um pouco os olhos, sentindo um calafrio descer por sua coluna. Então foi ele o homem que entrou em seu quarto e a subjugou no meio da noite.

— O que aconteceu?

O homem suspirou, sentando na ponta da cama e colocando um cigarro entre os lábios.

— Ele tentou levá-la, mas não obteve sucesso.

— E pra onde ele ia me levar? — questionou insegura.

— Ainda vou descobrir. — respondeu, acendendo o tabaco com um isqueiro.

— Ele tá vivo? — estremeceu Sakura abraçando a si mesma, com medo de que ele viesse lhe pegar novamente.

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