Capítulo Vinte

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Sakura acordou indisposta e por isso ficou na cama a manhã inteira, sua perna estava um pouco melhor mas teve que ouvir meia hora de sermões de Neji. Foi intimada a não fazer qualquer tipo de esforço por pelo menos dois dias e, devido a sua própria teimosia, o homem de cabelos negros lhe privou até mesmo de suas muletas. Disse que se precisasse e quisesse se mover para alguma coisa, deveria chamar Neji para carregá-la e que também teria Tsunade para lhe auxiliar em suas necessidades mais íntimas.

Sakura obviamente se recusou, não queria aquele médico fajuto lhe carregando para lá e para cá, mas notou que suas reclamações não poderiam importar menos ao oyabun.

Pressionou os lábios um no outro, sentindo suas bochechas arderem somente em pensar naquele homem. Estava com raiva e também com vergonha, odiava o fato de que ele vivia se divertindo as suas custas, fazendo piadinhas de duplo sentindo e chamando-a de criança pra cima e pra baixo. Que raça de sequestrador era esse? Queria socá-lo. Queria muito.

Ajeitou as cobertas em seu colo e virou o rosto de lado, olhando o céu nublado lá fora. Por certo, cairia uma tempestade logo mais. Perguntou-se como estava seu pai e se a chuva poderia atrapalhar os seus planos de qualquer modo, esperava que não. Ansiava pelo dia em que seria finalmente liberada e não queria esperar muito mais.

O dia seguiu lento, Sakura ficava na cama lendo um livro, depois era carregada até o banheiro pelos braços de Neji, Tsunade ajudava-a com suas intimidades, às vezes  beliscava alguma coisa e então, voltavam tudo do início.

Estava comendo mais um bolinho frito quando a chuva começou a cair, aquele já era o sexto e culpava mais o tédio que sentia, do que a fome propriamente em si.

Viu a porta do quarto se abrir e a massa de arroz ficou entalada em sua garganta, Sakura tossiu algumas vezes, alcançando a xícara de chá verde na mesinha de cabeceira e tomando um gole, o líquido quente acalmando a garganta irritada.

— Tente não morrer asfixiada pela comida. — disse o homem de cabelos negros se aproximando da cama — Seria vergonhoso.

Sakura deixou o resto do quitute no prato em seu colo e segurou a xícara com as duas mãos. Quis perguntar se ele não tinha mais o que fazer.

— É você quem deveria comer um bolinho. — sugeriu — Manter a boca ocupada.

Sasuke levantou o canto dos lábios, divertido. Notou que gostava de mexer com ela, principalmente quando ficava com raiva e se sentia corajosa o suficiente para extravasar, lhe lembrava o chihuahua que sua mãe possuía de estimação quando ele tinha seis anos.

— Prefiro outros modos de manter uma boca ocupada.

Viu a moça juntar as sobrancelhas suavemente como se estivesse digerindo o que ele disse, tremendo-as em realização alguns segundos depois. Sua boca rosada se abriu em choque e seus olhos se arregalaram em constatação.

— Você... — gaguejou — Você é um pervertido!

Sasuke riu pelo nariz se aproximando mais da rosada.

— Os homens geralmente são. — proferiu, tirando a xícara de chá e o prato das mãos da moça. — Vem. Seu pai, está na linha. — completou.

Sakura olhou-o por alguns segundos antes de afastar as cobertas de cima de si e segurar na palma estendida do homem de cabelos negros. Forçou o próprio peso para fora da cama com a ajuda do moreno, no entanto, um desequilíbrio leve lhe obrigou a apoiar-se com a outra mão em seu torso.

— Vou te pegar no colo. — avisou, já se abaixando para passar um de seus braços pelas suas pernas, levantando-a logo em seguida.

Sakura deixou uma mão apoiada na própria barriga e com a outra segurou o pano da camisa preta de seu algoz, apertando o tecido entre os dedos a medida que o homem caminhava carregando-a consigo.

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