Capítulo Um

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        "Just one single glimpse of relief

To make some sense of what you've seen"

                                                                                                            

Epiphany

Sakura sentiu o carro parar em um solavanco, e seu corpo foi jogando contra o banco da frente. A moça apoiou-se com as mãos, tentando se equilibrar, estava nervosa e a venda em seus olhos empedia-lhe a visão, aguçando todos os outros sentidos.

Não sabia exatamente quanto tempo se passou desde o momento em que foi colocada no veículo, mas fora tempo o suficiente para que a dor em sua garganta impedisse-lhe de continuar gritando ao quatros ventos.

Sabia que ao todo tinham três homens naquele cubículo com ela. Pela voz, reconheceu ao seu lado o velho nojento que a encontrou no andar de cima, enquanto saía de seu esconderijo para tentar, pateticamente, proteger o seu pai.

Arrependia-se de ser tão impulsiva, devia ter ficado onde estava e esperado pelo retorno do pai, assim como prometera.

Seus dedos tremiam no colo e o medo que sentia ameaçava lhe paralisar o corpo, depois de tanto se espernear, tentava, sem muito sucesso, acalmar-se e pensar com clareza; uma solução; uma rota de fuga. Era pequena e magra, não teria nenhuma chance em uma luta corpo a corpo com aqueles brutamontes. Apertou uma mão na outra, tentando dissipar o suor em suas palmas.

— Com certeza receberei um aumento. — gabou-se o velho ao seu lado.

— Cale a boca Orochimaru. Estava encarregado de achar a garota há tempos e falhou todas as vezes. — respondeu uma voz rouca e hiperativa. Não reconheceu o dono dessa voz, mas sabia que era de um dos homens sentados no banco da frente. — Eu encontrei o buraco onde aquele verme de Kizashi estava enfiado, você não tem mérito algum nisso.

Ouviu o velho ranger os dentes respirando profundamente, provavelmente se segurando em retrucar de volta. Tirou a conclusão de que seja lá quem for, estava a uma posição acima o suficiente para calar esse tal de Orochimaru.

Notou o carro parar e alguém sair do veículo. Não sabia onde estava, ouvia vozes de longe, vozes masculinas.

— Ele acabou de entrar, leve-a até ele. — proferiu novamente a voz vibrante.

Ele? Ele quem? Não conseguiu terminar o questionamento, mãos agarraram-se novamente ao seus braços tirando-a aos arrancos do carro. Temendo o que estava por vir, a moça gritou, tentando se soltar.

— Fica quieta, porra! — exigiu Orochimaru, segurando-a.

— Me solta seu troglodita! — gritou, sentindo seu corpo ser jogado no ombro do velho e carregado como um saco de batatas.

Sakura tirou a venda do rosto em um movimento rápido, tentando focalizar o ambiente ao seu redor, precisava ver, precisava encontrar uma via de fuga. Em um ato de desespero, fincou as unhas nas costas do homem, movendo-se e esperneando-se o mais energicamente possível, no entanto, o velho asqueroso lhe calou de imediato ao atingir seu peito com o cotovelo, fazendo a moça perder completamente o ar. Ainda assim, tentou se segurar no batente da porta quando atravessaram a entrada da construção, mas a sua pouca resistência fora vencida pela força muscular das pernas de seu carrasco.

— Não precisa disso, Orochimaru. — ouviu aquela voz e a reconheceu no mesmo instante.

Era a voz daquele que ameaçava seu pai.

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