Epiphany

Capítulo Quinze

Sakura tomou um gole de seu suco de laranja, olhando, com olhos felinos, o médico sentado nos pés da cama. Fora avisada que deixariam a Itália em algumas horas e sinceramente, a moça estava dolorida demais para querer enfrentar uma viagem tão longa. Queria pedir para que lhe dessem alguns dias de descanso, mas não era como se alguém ali se importasse com suas necessidades e saúde de qualquer maneira.

— Eu troquei seus curativos essa manhã, então não irei fazê-lo novamente agora. — começou o homem — Faremos dentro do avião, tudo bem?

Sakura respondeu com um aceno enquanto mastigava o seu almoço. Assim como pensou, o homem de cabelos negros não voltaria mais a ocupar-se de sua alimentação, no lugar dele, estava vindo o médico fajuto.

Sakura estava desconfortável e principalmente frustrada, pois mesmo após confessar ao seu algoz de que não gostava de ficar sozinha com o médico, ele ainda decidiu por continuar mandando Neji ao seu encontro, com ela sozinha no quarto.

Realmente pensou que após ele ter se proposto a acatar o seu pedido na noite anterior, permanecendo no ambiente enquanto o médico estava ali, a moça realmente pensou que ele continuaria fazendo algo à respeito. Mas obviamente estava colocando muita de sua fé em um sequestrador louco.

— Eu sinto muito por ontem, não queria te assustar.

Sakura se engasgou ao ouvir as palavras do médico e pensou seriamente se não tinha começado a ficar louca.

— Quê? — sussurrou ainda meio entalada.

— Por ter tentado te levar a força. — disse ele meio acanhado — Mas eu tenho ordens a seguir, sabe?

Sakura encarou o médico meio desconfiada, ele estava sendo sincero? Depois, descobriu-se que ele realmente falava a verdade e teria apenas levado-a até a sala de comunicação, mas ele também não foi nada delicado em suas tentativas.

— Você responde ao homem de cabelos negros? — perguntou.

— O Sasuke? — questionou, estranhando a denominação dela — Sim, todos respondem à ele.

— Ele mandou você me arrastar a força? — perguntou, torcendo os lábios.

— Bem, ele mandou te buscar mas aí você resistiu... e... — disse ele, coçando a cabeça — Ele não é alguém que tolera falhas.

Em resumo, o homem de cabelos negros manda e se você tem um mínimo de juízo obedece, não importa como. Olhando por esse lado, não poderia culpá-lo por tentar levá-la a força, o sequestrador consegue ser realmente assustador quando quer.

Sakura assente, ainda um pouco relutante. Não confiaria nesse médico de jeito nenhum, mas também não era como se ele já tivesse agido de má fé com ela.

Isso claro, tirando o fato de que ele está compactuando com o seu sequestro, portando, não podia esquecer nunca que essas pessoas só agem de acordo com os próprios interesses, não era como se realmente simpatizassem por sua situação. Portanto, aceitaria as suas desculpas mas ainda ficaria de olho nele.

De qualquer forma, poderia ser conveniente para si mesma não mantê-lo publicamente como um inimigo e tentar ter uma relação mais amigável. No entanto, não iria relaxar e não iria abaixar sua guarda para depois ser esfaqueada pelas costas, Sakura se encontrava em um campo minado e tinha conhecimento de que não podia confiar em ninguém.

— Tudo bem, eu estava assustada. — decidiu por responder.

— No seu lugar, qualquer um estaria. — falou ele e Sakura assentiu lentamente.

Não tinha dúvidas de que qualquer pessoa estaria assustada em uma situação parecida com a sua, mas às vezes, em seus devaneios, se perguntava se também não existisse alguém que reagiria muito melhor que ela, que enfrentaria tudo isso com coragem e determinação, ao invés de medo e inseguranças.