009

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Cheguei em casa feliz com minha casquinha de baunilha. A mentira de Dustin até que valeu um pouco a pena.

Quando abri a porta, meu pai me esperava na sala. Me lembrei das palavras da diretora. Merda. Será que ela havia contado a ele?

- Alysson.

- Oi pai. - Respondi.

- Recebi um telefonema da escola. A própria diretora falou comigo.

- O que aconteceu?

- Você sabe muito bem, mocinha. O que estava pensando quando deu em cima do seu professor?

- O que? Eu não fiz isso. - Respondi em desespero.

- E como foi que você tirou um 9?

- Minhas notas sempre foram boas, pai! Sempre. Você é que nunca esteve presente pra saber disso.

- Não fale comigo desse jeito! - Respondeu me dando uma bofetada no rosto.

Eu o olhei com raiva. Como podia um pai não acreditar na própria filha?

- Você é um monstro.

- Ah é? O único monstro que eu vejo aqui, é você. Você é que precisa de flertar com um professor desde pequena pra conseguir atingir a média.

- Você não pode estar acreditando nisso.

- Sim eu acredito. Acredito que nenhum tipo de diretora ligaria para o pai de alguém por uma coisa que ela não saiba se é verdade ou não. Você sabe a humilhação que eu passei nesse telefonema? Você sabe Alysson? Você é uma mal criada. - Ele cuspia as palavras.

- Não. Não. - Eu choramingava para mim baixinho.

- Não o que Alysson? Você não sabe a humilhação? - Gritou. - Quer saber? Você vai descobrir de que tipo de humilhação eu estou falando. A partir de hoje você não vai sair de casa. Vai ser da casa pra escola e da escola pra casa. Sabe seu horário de voltar? 15:15, não é? Certo, agora vai ser 15:00.

- O que? Nem dá tempo de chegar em casa às 15:00.

- O problema é seu. E se atreva a contar isso para alguém. Se atreva, e você vai ver o que é um castigo de verdade. A partir de hoje, Alysson, você está fora das líderes de torcida. Isso com certeza está te influenciando a se tornar uma puta.

- Pai, o meu futuro depende disso! - Respondi desesperada enquanto chorava.

- Mais reclamações? Você não tem vergonha mesmo. Sem telefone e sem sair do quarto até você aprender sua lição. Mais alguma coisa? - Perguntou com ironia.

As lágrimas escorriam sem parar pelo meu rosto. Eu não acredito nisso. Não acredito que tudo o que eu fiz, pelo meu mérito, foi acabado por mais um boato. Eu odiava isso.

- Não, papai. - Respondi e subi para meu quarto.

Deitei na minha cama e chorei sem parar. Sentia meus olhos pesados, e meu rosto queimar. Meu coração acelerava cada vez mais. A cada batida, a cada lágrima derramada.

Sempre que eu estava feliz, algo acontecia. Sempre que eu encontrava algo que me fazia bem, isso era tirado de mim. Eu não aguentava mais isso. Eu só queria fugir de tudo isso. Fugir dos meus problemas e fingir que eles nunca existiram. Infelizmente isso não era possível. Então eu adormeci. Assim, eu poderia fugir um pouco por alguns minutos.

Acordei com barulho de pedrinhas na minha janela. Me levantei cuidadosamente e fui até ela. Era Eddie.

- Aly!

- Eddie, você não deveria estar aqui.

- Me deixa entrar, por favor.

Então eu deixei. Ele escalou um pouco desajeitado e entrou no meu quarto.

- Não faça barulho, por favor. - Disse baixo.

- Claro. Você tá bem? - Respondeu no mesmo tom que eu.

- Eu não sei Eddie. O meu pai, ele-

Eddie me interrompeu com um abraço quando percebeu que eu iria começar a chorar.

- Tá tudo bem, Aly. Não precisa contar. Eu já sei o que aconteceu.

- O que? Como você... Como você soube?

- Seu irmão me procurou e me contou tudo. Relaxa, seu pai não vai conseguir me proibir de te ver. Se for preciso, eu ando, remo, escalo, corro, por milhares de quilômetros pra te ver.

- Eu te amo Eddie. - Disse sem pensar muito.

Ele ficou confuso por minha fala inesperada.

- Eu também te amo, Aly.

Ficamos naquele abraço quente. Sentados na cama, Eddie fazia carinho nos fios do meu cabelo e cantava baixinho no meu ouvido. Acho que esse seria o melhor momento que eu teria pelos próximos dias. Um tempo depois, resolvi quebrar o silêncio que havia se instalado no quarto.

- Desculpa. Eu nem te perguntei se você está bem.

- Eu estou. Só preciso que você fique agora - Respondeu com um sorriso de canto.

- Eu vou ficar. Eu prometo.

Sorrimos um para o outro enquanto nos olhávamos.

- Quais foram as... Quais foram as proibições que seu pai estabeleceu pra você? - Ele parecia dizer hesitando, como se tocar naquele assunto fosse me fazer desmoronar.

- Bom, eu só posso sair do quarto pra comer, sair de casa só pra ir à escola, horário de chegada mais cedo, aparentemente eu não sou mais líder de torcida, sem telefone, e sem contato com seres humanos.

- Você tá quebrando a última regra agora.

- Por você vale a pena. Mas você não deveria estar aqui.

- Por você vale a pena. Eu não ligo se seu pai vai me odiar.

- Você tinha dito que o Steve te procurou. Sobre o que conversaram?

- Ah. Ele me contou sobre a discussão. Completa. E me disse que você precisava de mim. Então, aqui estou eu.

- Meu irmão geralmente não sabe o que fala, mas eu sinto em concordar com ele. Eu preciso de você.

- Eu não vou a lugar algum.

Eddie beijou minha testa, me fazendo fechar os olhos. Então, ele enxugou delicadamente as minhas lágrimas e voltou a cantar "I was made for loving you". Eu me lembrava de todos os nossos momentos.

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- Que tal ser a nossa música?

- Eu apoio a ideia!

- Fechado então. Lembre-se de mim quando ouvir ela.

- Digo o mesmo.
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Todos nossos momentos juntos eram bons. Eu conhecia Eddie a alguns dias e ele me fazia muito melhor do que algumas pessoas que eu conheço minha vida inteira. Eu sentia como se eu conhecesse ele a minha vida inteira. Como se nossos destinos tivessem sido cruzados na maternidade.

Merda, eu definitivamente amava esse garoto.

me and your mamaOnde histórias criam vida. Descubra agora