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31 de dezembro de 1986

Tudo parecia que, finalmemte, estava se acertando. Eu estava em casa curtindo com os dois garotos que eu mais amo.

Tudo o que eu tinha medo de acontecer, iria acontecer em algum momento. Eu teria que procurar um faculdade e um emprego, mas agora, tudo o que eu queria era esquecer disso e aproveitar ao máximo.

Hoje era o último dia de 1986. Provavelmente, o melhor ano da minha vida. O ano que eu nunca vou esquecer.

Aconteceu tanta coisa que eu nem sei explicar tudo. É como se minha vida fosse um livro. O ano em que eu me apaixonei de novo e vivi loucamente.

- Tem planos pra hoje a noite? - Perguntou Eddie.

- Não. Não tô afim de usar branco de novo.

- Usa preto. Como um símbolo de libertação.

- E isso não vai me trazer guerra no próximo ano?

- Acredita mesmo nessa coisa de cores?

- Não, pra dizer a verdade. - Ri.

- Passo aqui para te buscar 20:00h.

- Pra onde vai me levar?

- Se eu te contasse, estragaria a surpresa.

Levantei minhas mãos em rendição e rimos. Eddie estava confiante até demais. Era um grande motivo para se desconfiar. Ele estava tramando alguma coisa.

O garoto mandou um beijo no ar e foi para seu trailer. Eu deveria começar a me arrumar agora, já que faltava só uma hora pra ele voltar. Então assim eu fiz.

Quando deu 19:57, pude ouvir a porta da sala se abrindo e Steve gritando pra eu ir logo. Saí de meu quarto catando algumas coisas aleatórias que estavam em cima da cômoda e enfiando tudo dentro de minha bolsa. Talvez eu precisasse delas em algum momento.

Eddie usava uma blusa preta e uma jaqueta de couro, além de seu típico jeans preto rasgado nos joelhos. Seu cabelo estava um pouco molhado nas pontas e seu perfume invadiu toda a sala em segundos.

Eu usava um vestido preto rodado que ficava um pouco acima dos joelhos, uma meia arrastão e um coturno preto. Não usava uma maquiagem forte. Só um lápis de olho. O garoto me olhou de cima a baixo, me admirando.

- Você está linda.

- Não vai levar casaco? - Perguntou Steve.

- Vou, bobão.

- A Gab vai vir pra cá hoje. Não cheguem cedo.

- Ué, então vocês estão sério mesmo?

- Claro. Por que duvidou que estávamos?

- Estranho seria se eu não duvidasse.

Steve revirou os olhos, mas não conseguiu segurar uma pequena risada. Peguei minha jaqueta de couro que estava no sofá e Eddie segurou em minha mão, me levando até o carro.

- Juízo. Não façam nada que eu não faria.

- O que é que seu irmão não faria? - Perguntou Eddie depois de fechar a porta.

- Sinceramente, eu não sei. Bom, ele não ouviria suas músicas.

- Então é exatamente isso que a gente vai fazer.

O garoto ligou o rádio no volume máximo e deu partida no carro. O vento que vinha das janelas abertas, bagunçava meu cabelo. Eddie batucava uma das mãos no volante no ritmo da música e descansava a outra em minha coxa.

Depois de um tempo, chegamos em um lugar que, aparentemente, iria ter um show. Eddie segurou em minha mão e nós entramos. Várias pessoas gritavam e bebiam ali. Eu estava confusa por não saber o que era aquilo tudo, mas resolvi não questionar e só esperar.

Eddie estampava um sorriso no rosto, sem soltar minha mão nem por um segundo. As vezes ele me olhava de canto de olho para ver minhas expressões. Até que uma música corroeu pelos nossos ouvidos e a multidão gritou mais alto.

O som de guitarra ficou mais forte e eu, finalmente, reconheci a música. Não acredito. Era "Big Balls". Automaticamente, olhei para Eddie assustada e ele riu de minha reação.

- Espera aí. A gente tá no show do AC/DC?

- Como descobriu?

- Eddie, isso é incrível! Como conseguiu os ingressos? Caramba, deve ter sido muito caro.

- Relaxa, princesa. Eu dei meu jeito. O importante, agora, é você se divertir. Vale a pena.

- Está brincando? É lógico que eu vou me divertir. Você é demais, Munson!

O garoto riu e me puxou para um beijo. Um beijo de felicidade e de carinho. Ele passava suas mãos pelo meu rosto e cintura e sorria sobre meus lábios.

Eu não podia acreditar no quanto ele era sensacional. Ele simplesmente conseguiu ingresso para o show da melhor banda do universo só para me ver feliz.

Nós nos soltamos e aproveitamos cada minuto ali presente. Gritávamos loucamente em todas as músicas. As vezes, Eddie me abraçava por trás quando percebia algum estranho nos olhando.

Nos intervalos, ele comprou água para a gente recuperar o fôlego e continuar gritando nas próximas músicas. Em um momento, ele até me deixou subir em suas costas para enxergar melhor, já que minha altura não estava cooperando.

Era tudo perfeito. Com certeza a melhor noite que eu já tive. Todas as noites que eu tinha com Eddie, eram simplesmente sensacionais e inesquecíveis. E ele nem precisava fazer muito esforço para isso acontecer.

Quando deu meia noite, o barulho de vários fogos de artifício invadiram o show. Eu segurava o braço de Eddie fortemente e dava pulinhos de alegria. O garoto me olhava com um sorriso gigantesco no rosto. Seus olhos brilhavam mais do que nunca.

Inesperavelmente, ele segurou em minha mão e se ajoelhou. Eu paralisei pois já sabia o que estava por vir. O garoto puxou uma caixinha preta do bolso de sua jaqueta e a abriu, mostrando um anel prata que refletia a luz dos fogos.

- Alysson Harrington, eu não posso passar mais nenhum dia de minha vida sem ter um anel meu no seu dedo. Eu te amo muito. Você aceita namorar comigo? Por favor, diz que sim, ou essa vai ser a maior vergonha que eu vou estar passando na minha vida.

- Eu também te amo. E aceito, idiota.

Eddie se levantou no mesmo segundo e me beijou calorosamente. Ele me levantou pela cintura e me girou, ainda com os lábios grudados nos meus

Quando me colocou no chão, puxou minha mão para si e encaixou o anel em meu dedo. Logo depois, deu um beijo no mesmo. Eu sorria tanto que minhas bochechas doíam. Não sabia como expressar meu sentimento de felicidade.

- Então eu te declaro minha. Você está presa a mim agora, Harrington.

- Digo o mesmo, Munson. Você escolheu o momento perfeito para fazer isso. Por isso eu te amo.

- Eu nem sei porque eu te amo. Você simplesmente fez eu me apaixonar por você. E eu amo você mais do que eu amo a mim mesmo.

- Mais do que você ama a sua guitarra?

- É. Agora vocês duas tem que dividir o espaço do meu coração.

O garoto me puxou para mais um beijo apaixonante. Isso era, com certeza, melhor do que o chão de uma delegacia. E agora eu tenho certeza que nós nunca daríamos um último beijo. Porque eu o amo e nada pode nos impedir de se amar a partir de hoje.

me and your mamaOnde histórias criam vida. Descubra agora