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29 de julho de 1986

Já era terça-feira de novo e os policiais não conseguiram encontrar meu pai. Já tinha passado uma semana desde a última vez que o vimos.

Aparentemente, ele entrou na floresta e não deu mais as caras. Covarde.

Por um lado, era bom. Pelo menos, ele não me pertubaria mais. Por outro lado, ele poderia estar tramando alguma coisa contra nós.

Agora eram 17:36 e eu estava em casa sem fazer nada. Steve estava no trabalho e Eddie ensaiando com a banda. Hoje ele tocaria no Hideout.

Eu poderia ir vê-lo. Faz tempo que não saio de casa para me divertir. Acho que desde o incêndio eu fico estocada no meu quarto saindo só para ir à escola.

Eu só não tinha quem me levar. Estamos falando do Eddie, tenho certeza que ele nem voltaria em casa pra tomar banho. Se apresentaria com a mesma roupa que está usando agora, seja lá qual for.

Imediatamente, me levantei e liguei para a locadora. Steve iria me levar.

- Robin falando, boa tarde. - A garota atendeu com tédio na voz.

- Robin! Linda, tudo bem?

- Aly! Bem melhor agora. O dia tá muito chato. - Riu.

Ao fundo, pude ouvir Steve gritando perguntando se era eu. Robin respondeu que sim e ele tomou o telefone da mão dela. Ouvi mais uma pequena briga entre os dois, reclamações e tapas.

- Maninha, tudo bem?

- Tô, relaxa.

- Por que me ligou então?

- É que eu poderia estar melhor.

- O que você quer?

- Carona.

- Ué, para onde? Você nem sai de casa.

- Larga de ser chato. Hideout hoje às 19:00h.

- Quer ver seu namorado? Por que não pede carona pra ele?

- Porque você é meu irmão preferido.

- Eu sou seu único irmão.

- Exatamente.

- Não vou te dar carona.

- Vai sim.

- Vou não.

- Vou jogar seus produtos de cabelo fora. - Ameacei seriamente.

- Tá, passo aí 18:30h.

- Valeu, maninho.

Desliguei o telefone e fui tomar um banho. Minhas pernas não precisavam mais de curativos. Como esperado, ficaram diversas marcas das queimaduras, mas isso era o de menos.

Coloquei um vestido preto que iria até meus joelhos, junto com uma jaqueta e uma bota de couro. Meus cabelos estavam soltos, meio molhados.

Ouvi a buzina do carro de Steve e catei algumas coisas enfiando tudo na bolsa. Saí da casa e a tranquei.

- Não fez nada com meu shampoo, né?

- Não, relaxa. - Respondi passando um rímel.

O garoto deu partida e me mandou colocar o cinto. Parece até que eu era um bebê. É o que ele acha né.

Chegando lá, o show já tinha começado. Steve mandou eu ter juízo e disse que iria me esperar em casa. Bom, não espere.

Sentei em uma mesa não muito longe do palco. Não sei qual seria a reação de Eddie quando me visse aqui, já que eu não avisei que viria.

me and your mamaOnde histórias criam vida. Descubra agora