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11 de agosto de 1986

Já era segunda-feira de novo. Acho que minha vida mudou muito desde o acidente. Antes, eu amava os inícios de semana. Mesmo que falasse que não, eu gostava de sair de casa. Infelizmente, hoje a única coisa que eu queria era continuar no meu quarto.

Hoje fazia calor. Já estava no horário do almoço e eu comia um sanduíche enquanto fazia o dever de casa em uma mesa sozinha.

Pois é, eu não sou tão disputada mais depois que eu saí da líderes de torcida. Ainda recebo vários olhares de todos os tipos, e a coroa ainda é minha. Mas acho que as pessoas passaram a sentir pena de mim e medo de conversar comigo. Em partes, a culpa é minha. Eu passei a ficar mais distante e mais na minha do que eu já era.

Eu estava concentrada em minha tarefa, quando alguém sentou na minha frente, chamando minha atenção.

- Oi Aly.

- Oi Munson. Tudo bem?

- Sim, sim. E você?

- Bem, obrigada. - Respondi confusa.

- Acho que você deveria fazer isso em casa. Não? - Perguntou apontando para meus cadernos.

- É, mas eu não tô tendo tempo pra fazer em casa. Então aqui, é minha melhor alternativa.

- Bom, e você tem um tempo pra mim hoje depois da aula?

- Não, me desculpa. Eu tenho que trabalhar. - Respondi com uma feição triste.

- Nem 20 minutinhos?

- Hum, deixa eu pensar... - Fiz uma pausa fingindo pensar. - 20 minutinhos. E eu preciso de uma carona.

- Fechado, princesa. - Respondeu animado. - Me encontra na floresta quando terminar aqui.

- 20 minutinhos, Munson.

- 20 minutinhos.

Ele saiu dando pulinhos e eu ri dele. O sinal tocou e eu fui pra minha sala. Era aula do professor de matemática maluco.

A aula foi normal, nós só tínhamos que resolver algumas contas. Mas quando eu fui sair para o encontro de Eddie, o professor me chamou. Que merda. Fui em sua direção e o olhei esperando ele falar algo.

- Eu só queria dizer que sinto muito pelo acidente na sua casa.

- Obrigada.

Quando eu fui sair, ele foi em minha direção e me segurou pelo braço. O olhei aterrorizada, imóvel. O que iria acontecer agora?

- Como você e seu irmão estão lidando com isso?

- Nós estamos bem. - Respondi tentando me soltar.

- Eu já te disse isso, mas você pode contar comigo pra tudo, sabe disso né?

- Me solta.

- Eu não quero fazer nada ruim contigo Alysson. Só estou preocupado com sua situação.

- Eu disse pra você me soltar.

O olhei com raiva, mas com medo por dentro. Quando desviei o olhar pra ver se tinha alguém por perto pra me ajudar, ele segurou meu outro braço e me puxou mais pra perto.

Quando notei que não tinha ninguém por perto e que eu teria que me virar sozinha, dei um chute em sua genitália. Ele me soltou com dor e eu saí correndo. Corri o mais rápido que pude. Ainda mais quando percebi que ele me seguia.

As lágrimas escorriam pelo meu rosto, eu estava apavorada. Todos os alunos já tinham ido embora. Logo agora que eu precisava de ajuda. Eu não sabia pra onde correr, então entrei na floresta onde sabia que Eddie iria estar.

No mesmo momento, ele parou de correr atrás de mim. Depois de correr mais um pouco, avistei Munson e o abracei no mesmo segundo.

Eu olhei pra trás conferindo se ele ainda estava atrás de mim e fechei meus olhos molhados no peito de Eddie, que estava confuso. Chorava tanto que meu rosto estava vermelho e eu soluçava muito.

- Ei, ei, ei. O que aconteceu? - Perguntou. - Tá tudo bem. Eu tô aqui, tá bom?

Ele olhava para o lugar de onde eu vim tentando entender o que me assustou. Depois, olhava pra mim com preocupação enquanto me abraçava e tirava meus cabelos do meu rosto suado.

Ele me colocou sentada no banco e se ajoelhou na minha frente me abraçando. Fazia um carinho nos meus cabelos e cantava baixinho pra tentar me acalmar. As vezes, dando beijos no topo de minha cabeça.

Quando eu me acalmei um pouco, contei tudo o que tinha acontecido pra ele. Eu ainda chorava baixinho e ele me olhava com preocupação e raiva.

- Nós precisamos ir à polícia, ok? - Falou com cautela.

- Ok.

Ele me ajudou a levantar e nós fomos andando devagar até seu carro. Fomos até a delegacia em silêncio e ele segurava minha mão enquanto fazia um carinho nela.

Chegando lá, liguei para Steve e falei pra ele ir pra lá. Pra fazer uma ocorrência, eu precisava do meu responsável por eu ser menor de idade.

Eddie ficou comigo o tempo todo tentando me dar apoio. Enquanto Steve resolvia toda a questão burocrática.

Os policiais não acreditaram em mim. Disseram que iriam checar as câmeras de segurança, mas que eu não poderia sair de lá até fazerem isso. Ou seja, eu teria que passar a noite na delegacia. Steve foi pra casa pois não tinha lugar pra ele ficar lá.

Eddie comprou algumas besteiras pra eu comer e insistiu em ficar comigo mesmo que tivesse que dormir no chão. Eu odiava dar mais problema pra ele.

- Eddie. - O chamei.

- Oi, princesa.

- Você tá bem né? - Perguntei preocupada com ele.

- Não se preocupa Aly. Eu só vou ficar bem se eu ficar perto de você.

- Eu sinto que você está me dando tanta atenção que tá se esquecendo de você.

- Você é tudo o que me importa agora, ok? Tenta dormir um pouquinho. Consegue fazer isso pra mim?

- Eu não sei Eddie. Isso tudo é tão doido.

- Eu sei, princesa. Mas eu te juro que não vou sair do seu lado, tá bom?

- Isso é o que mais me preocupa.

- Mas não precisa, eu vou ficar bem se você ficar bem. - Respondeu com um sorriso reconfortante.

- Não foram só 20 minutinhos, não é?

- Não foram. - Ele sorriu de canto. - Eu te amo Alysson.

- Eu também te amo.

Ele deu um beijo na minha testa e fez carinho em meus cabelos até eu conseguir dormir.

Seu carinho era muito bom. Eu queria ficar nele pra sempre. O único momento em que eu me sentia bem.

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não me odeiem pfv😭

eu juro que vou recompensar e vai sair uma coisa muito fofinha, não desistam de mim JAJEKEJK

me and your mamaOnde histórias criam vida. Descubra agora