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21 de julho de 1986

Era uma segunda-feira. Eu andava pelos corredores da escola recebendo vários olhares curiosos, mas já estava acostumada com isso.

Em meus fones, tocava uma fita de Eddie. "Shot Down in Flames", se chamava. Eddie tinha um bom gosto musical, mas eu não podia falar isso pra ele, ou o garoto ficaria com o ego nas nuvens.

Peguei algumas coisas no meu armário e me deparei com um bilhete.

"Me encontra na floresta depois da aula."

Não havia assinatura e eu não reconheci a caligrafia, então eu com certeza não iria. Não era nem uma hipótese. Amassei o papel e o joguei no chão.

Fechei o armário e voltei para meu caminho. Entrei na sala de aula, me sentando na última cadeira.

Agora era aula de história. Definitivamente, a pior matéria. Provavelmente por eu não conseguir me concentrar totalmente nas aulas. Eu perdia explicação, não entendia a matéria e tirava notas baixas.

Eu até me esforçava pra gostar e entender, mas sempre passava alguma coisa do lado de fora da sala e eu me concentrava mais na janela do que na aula.

Mas dessa vez, algo me chamava mais atenção do que o normal. O homem que eu tinha visto na praça estava me observando de novo.

O olhei atentamente. Será que esse cara realmente era meu pai? Tudo aquilo estava muito esquisito.

Bateu o sinal. Eu juntei minhas coisas e me levantei. Dei mais uma olhada para a janela e percebi que o homem não estava mais lá. Era assustador.

Saí da sala, dando de cara com Eddie. Ele me deu um baita susto, já que meus pensamentos estavam naquele homem.

- Oi. Desculpa, não queria te assustar. Você está bem?

- É, estou. - Respondi.

Abaixei a cabeça e voltei a andar pelos corredores indo pra fora da escola. Lógico que Eddie me seguiria. Ele segurou minha mão e me levou até sua van. Nós entramos, e logo, ele deu a partida.

Eu olhava para o céu sentindo o vento pelos meus cabelos. As vezes, percebia Eddie me olhando pelo canto do olho. Ele estava preocupado comigo e eu entendia perfeitamente o lado dele.

- Tem certeza que está bem? - Perguntou.

- Tenho.

- Olha Aly, você precisa contar para as pessoas o que está acontecendo contigo. Digo, a gente se preocupa com você. Não queremos que você se distancie e guarde tudo pra ti.

- Eu sei disso. Só é difícil me abrir, sabe?

- Você está estranha desde o dia na praça. Eu fiz alguma coisa? - Perguntou com cautela.

- Não! Você não fez nada. O que te faz pensar isso?

- Bom, você não falou mais comigo desde aquele dia quando eu te deixei em casa.

- Não. Me desculpa, eu nem reparei que tinha me afastado.

- Tudo bem, princesa. Todo mundo precisa de um tempo as vezes. Eu só não quero que você lide com tudo isso sozinha, tá bom?

Balancei a cabeça em afirmação e logo chegamos em casa. Quando fui sair do carro, Eddie segurou minha mão, me fazendo o olhar.

- O que foi?

- Promete pra mim que não está escondendo nada. Por favor.

Fiquei em silêncio por alguns segundos. Eu olhava em seus olhos sem saber o que responder.

- Eu não posso prometer isso, Munson.

- Então só promete que vai falar comigo quando estiver pronta.

O garoto me olhava atentamente esperando uma resposta. Ele realmente se preocupava muito comigo e eu confiava nele. Essa sensação era tão boa, que eu tive que contar naquele mesmo instante.

- Eddie, eu vi um homem na praça olhando pra a gente naquele dia. E vi ele hoje de novo na aula.

- Você acha que pode estar sendo perseguida?

- Acho. E acho que esse homem pode ser meu pai.

- Contou isso para o Steve?

- Não. - Respondi cabisbaixa.

- Acha que ele pode ter visto o mesmo?

- Eu não sei. Eu tô com muito medo Eddie. Muito medo.

Meus olhos se encheram de lágrimas, que escorriam lentamente pelo meu rosto. Eddie me olhou preocupado e as secou.

- Meu amor, eu tô aqui com você, ouviu? Eu estou aqui. - Disse me abraçando. - E nada de ruim vai acontecer contigo enquanto eu estiver aqui. Eu prometo.

Meus olhos molhavam sua camiseta sem parar. Eu me sentia segura em seu abraço.

- Obrigada. - Falei com a voz abafada.

- Tudo bem. Vai ficar tudo bem.

Eddie acabou se entregando a pequenas lágrimas também. Aquilo tudo era um inferno. Sempre quando eu acho que minha vida está melhorando, ela decai em segundos.

- Não me deixa sozinha aqui em casa, por favor. - Pedi com a voz trêmula.

- Não estava nos planos, princesa.

Eddie me olhou com um sorriso reconfortante e eu o abracei mais forte ainda.

Nós descemos do carro entrando na minha casa. Como o garoto falou, ele ficou comigo a tarde inteira.

Nós assistimos filmes, fizemos pipoca, discutimos mais sobre música e dormimos abraçados.

Quando eu acordei, estava deitada no peito de Eddie, que abraçava minha cintura. Olhei para o lado e vi Steve com cara de tacho encarando nós dois.

- Acordem, pombinhos. São 18:37.

Eddie acordou no susto com sua voz.

- Vai pra lá, vai popeye. - Reclamei.

Steve me deu o dedo do meio e saiu do quarto. Eu e Eddie gargalhamos. Nem parece que acabamos de acordar de um sono de 2 horas.

- Bom dia, princesa.

- Bom dia, Munson.

- Queria eu ter essa visão todos os dias de manhã.

- A visão do meu cabelo suado e bagunçado?

- É, eu faria de tudo por isso.

Rimos e nos aconchegamos de novo, voltando a dormir. Se o Steve atrapalhasse novamente, eu arrancaria aquele topete esnobe da cabeça dele.

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Postei capítulo duas vezes hoje por causa da Miu que estava triste e eu precisava reconfortar ela.

Mandem mensagens felizes <3 :D

me and your mamaOnde histórias criam vida. Descubra agora