26. Coisa de meninos.

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Pov'Meredith.

- mãe, eu tô bem, de verdade... Preciso só dormir, esses remédios dão sono.

- tudo bem! - saindo quarto de Henry fechado a porta.

Já havia avisado addie que estava tudo bem com Henry, mas não estava conseguindo dormir, troquei de roupas, fui até a cozinha e abri uma garrafa de vinho, peguei uma taça e segui para o deck, a lua estava linda, talvez a olhar me ajudasse, sentei em uma das cadeiras esticando minhas pernas, me servi e só fiquei ali, minha mente fervilhando de tantos pensamentos.

Andrew estava me levando a ser alguém que eu não sabia se queria, todas as vezes que me entreguei a um homem, acabei chorando como uma idiota, e nem tínhamos algo, mas já estava acontecendo, me sentia vulnerável, e isso em assustava, não queria isso, e ainda sim queria ele.

- oi! - ouvi a voz baixa e familiar.

Olhei para cima e vi Andrew.

- oi!

- como ele tá?

- bem! Já foi dormir, foi só um susto - respondi - o que faz aqui a essa hora?

- fiquei preocupado, com ele e com você... Posso sentar um pouco?

- pode - concordei.

Não esperava ver Andrew ainda hoje, por que ele veio?

- obrigado - ele sentou na cadeira na minha frente e apoiou os braços sobre as pernas - você não parece bem.

- não estou de fato - suspirei, sentei imitando Andrew.

- o que aconteceu com o Henry?

- ele inventou de correr em volta da piscina com o irmão, acabou escorregando e bateu a cabeça, levou cinco pontos - expliquei.

- coisa de meninos.

- sim! Você veio andando? Cadê seus amigos?

- em casa! Falei que precisava fazer uma coisa... - ele deu de ombros.

- e sua amiga deixou? - não aguentei ser sarcástica.

- não preciso de permissão, e é sobre ela que queria falar.

- não quero saber.

- Paula, não é o que você pensa - ele ignorou o que falei - ela é a ex namorada da Carina.

- nossa! Então é sério a parte que vocês dividiam - soltei e me arrependi na hora, porque nem precisou ele falar pra saber que foi cruel da minha parte.

- está sendo uma pessoa ríspida comigo gratuitamente - ele falou magoado - nunca ficaria com a Paula, ela me beijo, sugeriu "nos ajudarmos a superar"...

- deveria aceitar - segui sendo uma ríspida.

- para de ser idiota... - ele pediu rude.

- Andrew, eu acho que deveria ir pra sua casa, hoje não é um bom dia.

- não tem nada haver com o dia... Você adora me destratar sem motivo algum - ele levantou - e se quer saber, eu poderia ficar com ela, mas não quero... Você era essa pessoa... Mas acho que não é recíproco... Desculpa incomodar, fala pro Henry que deixei um oi.

- Andrew!

- vou falar só mais uma coisa - ele voltou e me olhou - acho legal esse lance de provocação, é divertido, mas se tá achando que toda vez que se achar no direito de me destratar vou aceitar está enganada... Não importa quem você é no trabalho... A não ser que eu tenha vacilado muito, nunca mais use esse tom de superior comigo.

Andrew me deixou ali sozinha.

- que grande merda.


🐬🌅

Pov'Andrew.

- ei Andrew! - ouvi me chamar, procurei de onde vinha o chamado e vi o garoto na janela.

- não deveria estar dormindo? - perguntei me aproximando da janela.

Henry abriu e passou por ela.

- sim! Mas eu ia chamar a mamãe pra dormir e ouvi a conversa de vocês... - ele falou sem se importar pentear ouvido, levantei uma sobrancelha surpreso -  Queria te falar uma coisa.

- pode falar.

- não fica com raiva por ela ser assim - ele pediu - isso é um mecanismo de defesa.

- não precisa falar por sua mãe... Ela sabe o que faz - devolvi um tanto rude.

- claro que sabe... Ela afasta pra não se magoar.

- Henry, de verdade... Melhor deixar pra lá - suspirei, não precisava que ele tentasse defender a mãe.

- só tenta entender um pouco ela, eu sei que a mamãe tá errada, ela sabe disso, só que se convence que é melhor assim... Isso é medo de sentir, eu sei por que ela é minha mãe e conheço o suficiente -nele mostrou um sorriso de lado.

- ok!

- e tem outra coisa - Henry ia entrar mas voltou a me olhar - tô falando isso por que eu sei que ela tá gostando de você, mas se magoar ela de verdade, isso tudo não vai ser válido - o garoto falou sério, ali tive cem por cento de certeza que Henry era o protetor da mãe, até fiquei feliz por isso, mesmo estando com raiva de Meredith nesse momento.

- vou tentar.

- obrigado... Boa noite - ele entrou.

- boa noite.

Voltei para casa pensando nas palavras de Henry, mas nesse caso por mais que eu quisesse mudar a situação, não dependia só de mim; quando entrei Miguel e Paula já estavam dormindo, ela no sofá cama e ele no colchonete, me joguei na cama e também tentei dormir, amanhã pensaria em um modo de ajeitar tudo.

🐬🌅

O tal "e da natureza" mal o dia havia chegado e eu estava acordado, mal dormi de fato, mas o motivo foi outro, então levantei tentando não acordar os dois, escovei os dentes e sai da casa, parei perto do lago e fiquei olhando a a água passar sem presa por ali.

- caiu da cama?

- quase - olhei para meu amigo - e você?

- te ouvi sair, o que está te corroendo?

- Meredith!

- não estão de dando bem no trabalho?

- quem dera isso fosse o problema - dei uma risada nervosa.

- estão saindo! - ele adivinhou.

- sim! Não era nada de mais...

- como assim não era? - Miguel me interrompeu.

Olhei para meu amigo depois contei.

- ontem a Paula teve a brilhante ideia de me beijar, e Meredith viu, e digamos que paciência não é uma virtude dela - meu rosto se retorceu em uma careta de frustração.

- ela tá muito puta... Cara desculpa, se eu imaginasse que a intenção dela de vir era essa...

- fica tranquilo, isso não é sua culpa.

- e o que vai fazer?

- fiz ontem, contei pra ela a verdade, mas não ajudou muito... Agora vou deixar ela decidir, Meredith tem muita coisa guardada, não vou forçar a estar comigo se não quiser.


Coração Do MarOnde histórias criam vida. Descubra agora