10. Nunca senti isso.

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Pov'Andrew.

Parei a lancha e desci dela o mais rápido que pude, eu não sei o quanto se pode ficar sem tomar esse remédios, se um atraso pode ser prejudicial, mas talvez seja bom não arriscar, andei o mais rápido que pude, quase corri, as pessoas ficavam me olhando, o que um louco de roupas de mergulho fazia na parte "nobre" do instituto?

- ei Andrew! - Levi chamou - o que faz aqui assim.

- sua chefe esqueceu os remédios dela... E já passou da hora, só vim buscar - entrei na sala dela.

- que?

- Meredith não queria subir usando roupas de mergulho, então me ofereci pra buscar, ela já deveria ter tomado a uns vinte minutos - falava sem parar de procurar, avistei a bolsinha em cima da mesinha com um abajur, peguei ela e sai.

Levi falou algo mais, porém não entendi, desci em direção aos vestiários, pensei que encontraria Meredith parada na porta do feminino, mas não estava, ouvi sua voz reclamando de dentro do vestiário.

- Meredith? Tô entrando - anunciei.

Encontrei ela lutando contra o zíper do maiô de mergulho, ela virou e me encarou com uma expressão desapontada.

- aqui! - entreguei - toma logo.

- obrigado! Henry já mandou mensagem e ligou - Meredith parou de lutar contra o zíper emperrado e abriu a bolsinha, pegou um frasco, pegou uma cápsula e engoliu seco - falei que já havia tomado.

- agora tomou... Se sente melhor?

- sim! Foi só o nervosismo - ela sorriu sem graça.

- ok! Vou tomar uma ducha, queria falar mais sobre o projeto, se estiver bem mesmo!

- estou Andrew! Te encontro no seu laboratório em trinta minutos - ela tentou sorrir.

- certo!

- mas antes de ir! - ela deixou a bolsinha sobre o banco - me ajuda com o zíper, tô com tanta sorte que até ele decidiu emperrar.

- ahh! Tá - engoli em seco sem jeito, ela virou de costas, tentei uma vez tentando ser delicado, mas não deu certo, então puxei com mais força e o zíper desceu de uma vez - opaa - falei rindo quando o zíper saiu todo ficando na minha mão - eu acho que quebrou.

Meredith virou de frente e olhou o objeto minúsculo na minha mão.

- delicado - ia riu.

- já viu o tamanho das minhas mãos? E o tamanho disso - balancei.

- estou vendo agora - ela sorriu - obrigado por me ajudar.

- ok! Vou te deixar sozinha - falei, mas não me movi, Meredith estava semi nua diante de mim, e meio arrogante ou não, ela era linda - se você estiver bem.

- estou! Obrigado por trazer meu remédio e pelo zíper.

- de nada - peguei a mão dela e coloquei o a cabeça do zíper em sua palma, meu coração acelerou quando fiz isso, foi estranho, a sensação de familiaridade.

Meredith colocou sua outra mão sobre seu peito e puxou o ar com força, vi ela balançar de um lado para o outro, e antes que caísse a fiz sentar, o meu coração ainda estava batendo rápido, não lembro de um dia ter sentido isso com ninguém, era uma sensação forte, não me pareceu ser físico.

- você tá bem?

- só fiquei tonta, meu coração bateu tão rápido que doeu - ela falou baixo - isso nunca aconteceu.

- deve ser o nervosismo, o mar e ter demorado para tomar o remédio - não falaria para ela que o meu também estava assim.

- deve ser - Meredith ainda respirava profundamente - já está melhorando.

- você tem que tirar essa roupa úmida.

- você também!

- eu tô bem - levantei e fui pegar uma toalha.

- obrigado - Meredith puxou as mangas do maiô, ela usava uma blusinha que só cobria os seios, sem alças.

Foi então que eu vi a tatuagem que descia por seu peito, ela cobria a cicatriz que a cirurgia deixou, se meu coração continuasse a bater tão forte, logo eu precisaria de um novo.

- você tá bem? - ela me olhava.

- sim! Posso confiar que não vai ter um treco aqui?

- pode - Meredith concordou.

- ok! - dei as costas para ela

Segui para o vestiário masculino e tomei uma ducha, minha mente ficou presa no detalhe que Meredith passou por um transplante de coração a quatro meses atrás, Paula estava certa de uma certa maneira, mesmo com a dor de uma família, Meredith também recebeu um coração e agora está viva, e pelo modo que sempre falava do filho, e o pouco que vi eles juntos, o garoto teria sofrido demais se ela tivesse morrido.

Pensei na pessoa que recebeu o coração de Carina, será que ela também era uma mãe ou um pai, não sei, uma pessoa boa? Espero que sim, depois do banho, voltei pra minha sala, sentei diante da mesa e comecei a fazer algumas anotações, abri os arquivos que tinha sobre o projeto para ler, fui demarcando o que achei importante ou tinha dúvidas.

Meredith apareceu um tempo depois e começamos a falar sobre trabalho, o que já foi feito, e o que tinha pra fazer, ficamos nisso o resto do dia; ela foi embora e eu fiquei mais um pouco, não queria ir para o quarto de hotel vazio e sem vida.

Principalmente depois da tarde estranha com ela, acho que saber sobre seu transplante, sobre o que passou, me abalou mais do que deveria.

Carina.

Agora seu coração batia em outro peito, sai do instituto, mas não fui para o hotel, e sim para um bar, será que se eu pedisse alguém injetava o álcool direto nas minhas veias? Miguel falou pra me afastar de tudo que ajudaria, mas não estava, ter conhecido Meredith não ajudou em nada, só me fez pensar mais em minha irmã.

- mais uma - pedi indicando o copo vazio.

- acho que pra uma segunda tá pesado - ouvi a voz masculina e vi Levi - pega leve.

- tô pegando, pode apostar - tentei fazer uma piada, se ele visse o tanto que estavas bebendo entenderia.

- se tá dizendo... Quero um do mesmo.

- é pra já.

- então! Como funciona as coisas no instituto?

- Meredith é a chefe da nossa equipe, mas tem o chefe acima dela e outro... Mas ela é adorada por nosso superior - ele contou - falam as má linguas que eles tem um romance.

- falam? - estreitei o olhar.

- ele chama ela de boneca! E tem que ver a intimidade deles.

- não obrigado - fiz uma careta, bebi a dose de tequila de uma única vez, peguei uma nota de cinquenta e coloquei sobre o balcão - o troco e seu.

Levantei e saindo bar.


🐬🌅



Mais um pra vocês!!!

Coração Do MarOnde histórias criam vida. Descubra agora