60. Prometo.

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Pov'Meredith.

Tentei ao máximo não pensar nos riscos do parto, só aproveitar os últimos dias de barrigão, o que também não foi fácil, parecia que minha barriga tinha o dobro do tamanho da que fiz com Henry, olhando as fotos era perceptível, com cinco meses dele, foi quando começou a aparecer, e com os nove parecia uma barriga de sete, já de Carina, com sete meses já era grande e agora com nove, pesava de um jeito espantoso.

Fazia uma semana que havia parado de trabalhar, e faltava uma semana para o parto, minha médica pediu isso, para desacelerar nesses último dias, tentar pensar coisas boas, viver bons momentos, não sei se isso ajudaria ou era só pra caso eu morresse no parto, minha família tivesse boas lembranças.

Sei que era errado pensar isso, mas eu vi a morte de perto mais de uma vez, tentar pensar positivo não era tão fácil assim, olhei para além das paredes da casa de barcos, estava sentada no meu sofá favorito, bem no meio, com as pernas dobradas uma sobre outra como um Buda, minhas mãos subiam e desciam sobre minha barriga gigante.

"Meu cantinho"

Gostava de estar ali, mesmo agora estando tão diferente, lembrava de quando era o lugar de Thacther, cheio de ferramentas e tantas coisas, as vezes sentia uma falta grande dele, em alguns momentos queria voltar a uma época que meus pais eram casados, não por ter sido uma época realmente feliz, era mais para ter aquela memória viva, de quando nós três passeamos de barco.

Eu sei que Ellis não foi infeliz, mesmo sabendo que ela não amou meu pai de verdade, mas tivemos bons momentos, minha infância foi feliz, talvez eu não sinta falta dela de fato, só de Henry não ter tido isso os dois pais juntos em momentos assim, e agora tinha medo de Carina também não ter.

- tá pensativa - Andrew murmurou parado na porta.

- pensando em quando era criança... Quando meus pais viviam bem e saímos de barco, as vezes até dormimos em alto mar.

- deveria ser incrível - ele veio até o sofá e sentou ao meu lado - podemos fazer isso, com Henry e Carina.

- podemos - concordei - eu sei que não quer ouvir isso agora.

- não quero - ele concordou já sabendo que falaria - ainda não.

- um dia! Não agora - sorri de lado - mas um dia o prazo de validade do meu coração vai acabar... Eu não sei quando se daqui uma década ou duas ou cinco.

- Mer por favor - Andrew pediu triste.

- eu sei que vai acontecer, espero que eu seja mesmo o milagre da medicina e viva muitos anos, mais que todas as estimativas da medicina.

- você vai ser - senti o beijo dele em meu ombro - vamos ver nossa filha crescer e se formar, casar e ter filhos, Henry e Mabel casando... E os filhos deles grandes.

- nos vamos - deixei o assunto de lado.




🌅🐬


Pov'Henry.

Um dos sentimentos mais apavorantes da minha vida foi quase perder minha mãe, pode até soar que sou mimado, ou coisa do tipo, mas não é bem assim; eu sei que ia sobreviver a morte dela, seguiria em frente, faria o melhor com tudo que aprendi com ela, mas imaginar não ter mais ela comigo era terrível, mesmo hoje sendo um dia de alegria, tinha um toque de medo em todos.

- quero falar com vocês dois - Meredith pediu quando a médica falou que estava na hora de ir para o centro cirúrgico.

- pode falar amor - Andrew que estava sentado perto dela respondeu.

- senta aqui filho - ela esticou a mão que não segurava a do marido, levantei do sofá e fui sentar ao lado dela também. Ficamos um de cada lado da cama - vou falar, e vocês não podem me mandar parar.

Já sabia o que minha mãe falaria, era a despedida, evitamos ouvir aquilo por dias.

- eu amo vocês demais... Você filho, e você amor... São os homens da minha vida, eu sei que esperamos o melhor - ela quase sorriu - eu também, juro, quero conhecer minha filha e cuidar dela.

Meredith parou de falar por alguns segundos tentando não chorar.

- mas se algo der errado...

- não vai dar - Andrew falou em uma voz embargada.

- SE der... Eu quero que cuidem de Carina juntos, por favor... Não se abandonem, nem deixem de viver... Falem o quanto ela foi amada e esperada, falem sobre a mãe dela, que era tão corajosa... Cuidem um do outro.

- prometo - falei chorando - mas você mesmo vai fazer isso.

- obrigado filho... Fala pra ela da sua irmã - Meredith olhou para Andrew - de todos os sonhos.

- prometo, mas você tem que prometer que não vai desistir.

- eu prometo.

- chegou a hora - a médica entrou no quarto.

- vejo vocês longo - ela sorriu, abracei minha mãe pedindo aos céus que aquela ainda não fosse a última vez.

- te amo - Meredith murmurou.

- te amo dona Grey - beijei seu cabelo e levantei.

Andrew abraçou Meredith por um logo tempo.

- te amo muito amor - ela falou - fica tranquilo, nos vamos andar de barco.

- claro que vamos, te amo sereia.

Andrew levantou e os enfermeiros levaram Meredith, ele não poderia entrar junto devido ao detalhe de que poderiam precisar intervir, então agora só nos restava esperar, no lado de fora do quarto estavam meus padrinhos, Mabel, Ellis e Richard. O pessoal do instituto pediram para avisar quando Carina nascesse, acharam melhor, ficar todos ali também não seria bom.

Sentei em um canto afastado de todos, Mabel sentou ao meu lado e pegou minha mão, era reconfortante ter as mãos pequenas segurando a minha, de um modo estranho me sentia protegido, senti sua cabeça em meu ombro e apoiei a minha na dela, eu não sabia se seria assim, mas não me via vivendo com outra pessoa, mesmo daqui dez anos, quando pesava no futuro, era Mabel que via ao meu lado, pensar no futuro me fez temer não ter Meredith nele.

- ela vai ficar bem - Mabel sussurrou como se pudesse ler meus pensamentos.

- vai! - concordei.

Ter ela ao meu lado em momentos bons me fez perceber que ela era minha melhor amiga, mas saber que ela estava nos ruins também, fez com que me apaixonasse, ter alguém assim é raro, poder ser voz mesmo, e saber que a outra pessoa te aceita assim.

Não lembro exatamente quando foi que Mabel deixou de ser apenas minha melhor amiga, mas quando ela segurou minha mão enquanto Meredith estava entre a vida e a morte recebendo o coração, eu soube que não era mais só como amigo que queria, foi usando tive certeza, só não foi naquele momo exato que tudo mudou, já era diferente antes, e a cada dia que passa esse sentimento s ok aumenta.

- eu tô aqui... Sempre vou estar.

- sempre concordei - virei meu rosto e beijei dia cabeça - Mabel?

- sim?

- eu te amo muito - cuxixei - obrigado por estar comigo.

- te amo Henry, muito - sua voz parecia embargada.




🌅🐬




Eu não sei se tô feliz, triste, ou eufórica com o Henry falando que ama a Mabel.






Coração Do MarOnde histórias criam vida. Descubra agora