43. minha família.

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Pov'Meredith.


Quando a equipe de resgate chegou com Andrew já estávamos lá a espera dele, me aproximei devagar mas não atrapalhei ninguém, só o olhei de longe para ter certeza que estava respirando, o que não era exatamente tranquilizador, não quando ele parecia muito mal, sua pele estava quase translúcida devido o frio intenso e havia alguns arranhões em seu rosto.

- Meredith! - Nathan entrou logo atrás - ele tá bem.

- isso não me parece bem, ele tá machucado.

Me sentia de algum modo de mãos atadas, queria poder ter impedido algo assim de acontecer, mas sabia que era só meu medo, olhei em volta, todos ali fazia lago e eu me sentia impotente.

- o achamos na praia preso entre as pedras, por isso está machucado, mas provavelmente isso o manteve vivo.

- como assim?

- se ele não tivesse ficado preso, as ondas acabaria o levando mas longe... - sua voz era desanimada - não vamos pensar nisso, ele tá aqui, vão cuidar de tudo.

E se tivesse sido levado mais longe, teriam demorado mais para o encontrar e Andrew teria morrido de hipotermia, foi isso que ele quis dizer.

- tudo bem, vou ficar aqui, obrigado por achar ele... Eu sei que fez o melhor.

- fiz o que deveria, ele é um dos nossos... E procuraria o tempo que fosse preciso - Nathan enxugou minha lágrimas - não chora boneca, ele tá aqui.

- obrigado, de verdade - abracei meu amigo.



🌅🐬


Tinha que me consolar que as pedras ajudaram a salvar Andrew, o que foi bem difícil, por que ele estava muito machucado, seu rosto, seus braços, mesmo com a roupa de mergulho que o protegeu, ainda havia cortes, não muito profundo, ele estava sendo mantido aquecido por uma manta térmica, estava inconsciente ainda, o acharam pouco mais de duas da manhã, agora eram quase cinco, eu queria dormir, mas não conseguia, Henry decidiu descer e comer algo, então me aproximei de Andrew.

- você tá gelado - murmurei pousando minha mão sobre sua barba - mas tá vivo.

- sua mão é quente, gosto disso - ouvi a voz muito baixa e rouca dele, Andrew tossiu varia vezes.

  Levantei rápido para pegar água, mas quando fui tirar minha mão Andrew a segurou.

- gosto da sua mão - ele falou.

Ajeitei as duas sobre sua barba e beijei seus lábios que também estavam frios.

- eu achei que ia morrer - seu sussurrar era medroso, eu também achei isso.

- eu também tive medo... Mas não morreu.

- quero casar com você!!! Antes de quase morrer... Outra vez - Andrew falava de olhos fechados.

- você engoliu muita água do mar - tentei brincar, por que ele não podia tá falando sério.

- tem razão! Mas eu sei o que estou falando... Quero casar... E ter filhos com você - ele pigarreou - precioso de água que não seja salgada.

- aqui - me afastei um pouco e peguei a jarra servi o copo e aproximei o canudo da sua boca - bebe devagar.

Andrew bebeu toda a água em pequenos goles, tossiu entre uma sugada e outra, depois se ajeitou na cama.

- melhor?

- sim! - ele abriu os olhos e vi o tanto que eles estavam vermelhos - desculpa quase morrer.

- não foi sua culpa - voltei a acariciar sua barba - eu te amo Andy.

- então casa comigo...

- eu caso - concordei rindo, e tentando não chorar - mas não hoje.

- logo?

- logo - concordei, senti meu coração bater de forma estanha, o pedido dele me deixou assim, mas principalmente a parte do "filhos".

Andrew voltou a fechar os olhos e dormir outra vez, dava vontade de o acordar e reclamar por falar aquilo e simplesmente voltar a dormir.

- voltei - Henry entrou devagar no quarto - como ele tá?

- bem, acordou com sede, mas voltou a dormir.

- por que tá chorando? - meu filho me olhou nos olhos.

- ele falou em casar - contei sentando no sofá, meu filho sentou ao meu lado - mas voltou a dormir, acho que ele nem vai lembrar disso.

- acha que ele tava sonhando?

- ou algo do tipo - concordei.

- e você vai aceitar? - meu filho perguntou me abraçando.

- bom! Eu disse que sim - dei uma risadinha - você ia gostar disso?

- se você estiver feliz, pode apostar que sim - Henry me apertou em seu abraço e beijou minha testa - eu te levo ao altar.

- não me faz chorar mais Henry - dei uma risadinha nervosa sentindo as lágrimas lutando para sair de novo, respirei fundo e falei - eu vou gostar disso.

Meu filho não falou nada, só se ajeitou mas no sofá me mantendo em um meio abraço, parecia meio surreal poder ter isso, um filho maravilhoso e Andrew que também sabia ser especial, passei tanto tempo em busca disso e quando desisti ele simplesmente bateu na minha porta, ou quase isso, como se o destino tivesse preparado tudo, Henry gostou de Andrew antes de mim, e depois foi só... "Deixar rolar"

🌅🐬


Andrew dormiu o resto da madrugada e parte da manhã, quando acordou o médico veio lhe examinar, mas estava tudo bem, agora estava tudo bem, fora os arranhões e a garganta irritada pelo sal do mar ele estava bem, pronto para ir para casa, o convenci a ficar comigo pelo menos nos primeiros dias, apesar de ser só arranhões, ele estava dolorido e mancando.

- eu do conta de ficar em casa - Andrew reclamou quando nos três já estávamos no carro.

- Henry? - olhei meu filho pelo retrovisor.

- você vai ficar em casa, tá doente, e quando estamos doentes alguém cuida da gente - ele falou rindo.

- vocês dois parecem dividir os neurônios, ou ler o pensamento um do outro, ou algo bizarro assim.... Juro mesmo depois de tanto tempo ainda não me acostumei - Andrew falou em um tom de reclamação, o que fez Henry e eu rirmos alto.

- talvez um dia - meu filho zombou.


Panda fez a maior festa quando nos viu entrar, ela pulou e rodou em volta de Andrew, como se soubesse que algo tinha lhe acontecido, ele sentou no sofá a cadela peluda subiu deitando a cabeça em sua perna.

- até ela concorda - falei sentando no outro lado perto de Andrew, passei minha mão por sua barba.

- obrigado... Por cuidar de mim.

- você tem feito isso a meses, é minha vez de retribuir o cuidado.

- quando estava no mar... - Andrew começou a falar baixo, observei ele fazer carinho na cabeça de panda, como se isso o acalmasse - quando o oxigênio acabou... Eu tentei nadar para cima, quando submergi e percebi que estava longe demais do barco... Tudo o que eu pensei foi em você, que tinha que ficar vivo... E voltar pra vocês.

Andrew levantou o olhar e vi que ele chorava.

- teve um momento que achei que estava morto - ele admitiu, e notei o quanto ele sentou medo.

- não aconteceu! Você tá me cada agora, com sua família - beijei o rosto dele depois deitei minha cabeça em seu ombro.

- minha família - ele concordou.



🌅🐬




Pera!!! Que momento lindo, que família linda, será que o Andrew tava delirando????


Coração Do MarOnde histórias criam vida. Descubra agora