61. A dor ela é passageira.

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Pov'Henry.

Meu avô sempre me falava uma coisa quando eu era criança e caia, eu não entendia o quanto isso se estendia a tantas coisas em nossa vida, o quanto era real, ele me falava "Henry a dor ela é passageira, amanhã será pequena, depois de amanhã só vai doer se você mexer na ferida, daqui a uma semana será apenas uma lembrança... E mesmo sabendo o quanto dói cair não deixamos de tentar, você está com medo agora porque caiu da dia bicicleta e doeu muito... Porém quando aprender vai perceber que mesmo com a dor valeu apenas ter tentado", levou um tempo para entender que aquele conselho não se resumia a minha bicicleta, era para tudo na vida, se tivéssemos medo de tentar por que já fomos machucados, ou por medo de ser machucado não teríamos tantas boas memórias.

Lembro quando finalmente aprendi a andar de bicicleta sem as rodinhas, Thacther segurava firme para que eu não caísse, até não estar mais segurando, quando percebi, senti um medo, mas não parei, não caí, meu avô comemorou alto gritando "você conseguiu filho, você conseguiu", a sensação de liberdade foi imensa, me e sentia quase voando.

Queria que Thacther tivesse visto Meredith aprendendo a andar de bicicleta sem as rodinhas, vendo ela perder o medo de ser feliz, se libertando de tantas coisas, até daquela tábua velha e barulhenta, queria que meu avô pudesse ter visto ela amando e sendo amada, e sendo mãe por uma segunda vez.

- porque está chorando?

- tava pensando no vovô, ele ia ficar feliz com esse dia, falaria logo "parem de ter tanto medo, é Meredith naquela sala, ela não desisti tão facilmente"

- ele estaria certo, e deveria ouvir o que está falando - Mabel falou baixinho.

- a maior parte do tempo eu me sinto um homem feito, pronto para o mundo é tudo mais - contei rindo - corajoso e forte.

- você é!

- 90% do tempo pode ser que sim, mas quando minha mãe está assim eu me sinto só um menino - suspirei.

- meu menino - ela falou baixinho em uma voz doce, eu amava aquele som.

- Bel - soltei sem jeito.

- que? - ela me olhou.

- nada - beijei a bochecha dela.

Olhamos juntos para cima quando notamos alguém vindo em nossa direção,  levantei rápido e ajudei Mabel, olhei para Andrew vendo a aflição em em seus olhar, deveria ser assim que os meus estavam.

- então? - ele olhou a médica.

- Carina é linda, está sendo examinada.

- e a minha mãe? - perguntei com medo.

- Meredith foi forte... Incrivelmente forte, o doutor Carson estava pronto para intervir, mas não foi preciso... Ela está no pós  cirúrgico se recuperando da anestesia... Podem comemorar, mãe e filha estão bem.

Ninguém se móvel, parecia que a médica não tinha falado nada.

- Meredith está fora de risco, relaxem - ela sorriu - assim que puderem entrar eu aviso.

Olhei de canto de olho para Andrew, me aproximei e o cutuquei.

- parabéns papai - falei.

- eu... Eu ainda tô sem acreditar.

- ela tá bem, tá tudo bem mesmo - falei.

- ela tá bem - Andrew me abraçou, parecia que finalmente havia entendido - Meredith está bem.

- deu tudo certo - concordei.




🌅🐬


Demorou mais do que achei que demoraria para poder ver Meredith e Carina, mas finalmente entrei com Andrew, minha mãe parecia cansada, porém estava sorrindo de orelha a orelha, deixei Andrew andar na frente, ele sentou perto da esposa e a abraçou com cuidado deitando a cabeça no peito dela.

- é bom ouvir ele batendo - ouvi seu sussurrar.

- é bom ele estar batendo - Meredith respondeu.

- a médica falou que você não pode ficar falando muito - Andrew murmurou.

Minha mãe não falou mais nada, andei até o bercinho perto da cama e olhei a miniatura de ser humano ali, não dava pra saber de que cor seriam os olhos dela, mas seus cabelos eram loirinhos.

- posso segurar ela? - pedi.

  Meredith só concordou com a cabeça, me aproximei mais e peguei com todo o cuidado do mundo minha irmãzinha, segui até o sofá e sentei devagar.

🌅🐬

Pov'Meredith.

Olhei para Henry sentar no sofá com cuidado, mal desviando os olhos da irmã, meu coração assumiu um ritmo intenso, senti medo de não poder viver isso, mas a cada segundo naquela sala eu pedi a Deus que ainda não me levasse, pedi que os me desse mais um tempo aqui, sabia que já tinha tido minha segunda chance no dia que recebi o coração de Carina, porém ainda não estava pronta para partir e deixar meus filhos.

- oi vampirinha - Henry murmurou - sou o Henry, seu irmão mais velho... Talvez lembre que conversava com você quando estava na barriga da nossa mãe...

- ele ficou com muito medo - Andrew murmurou.

Suspirei, eu também fiquei.

- olha, eu sei que aqui fora pode ser assustador e barulhento... Até meio estranho, mas você tem a melhor mãe do mundo, tô falando isso porque a conheço bem... Ela as vezes é muito mandona, mas nos ama demais, vai perceber isso em breve, talvez não tão breve, mas vai.

Andrew e eu rimos baixinho.

- também tem seu pai, ele é muito legal... Mas o melhor de todos sou eu... Pode ficar tranquila tá? Eu te defendo deles... Também te ensino tudo o que o vovô me ensinou sobre barcos... Tambem a andar de bicicleta, andar de barco... Mas só se prometer que nao vai querer namorar antes dos 20 anos.

Rimos juntos, Henry percebeu que seu murmúrio não era tão baixo e ficou sem jeito.

- que? Tô negociando logo - ele nos olhou feio.

- deixa eu ver a minha filha - Andrew pediu, beijou meus lábios então levantou indo até onde Henry estava.

- vem aqui com seu pai - ele a pegou do colo do irmão - nossa, ela é tão linda.

- parece comigo bebê - Henry comentou vindo até a cama e sentou onde antes estava Andrew - que bom que você está bem.

- é - concordei - e você?

- bem, tô bem... Eu sabia que ia ficar tudo bem... - ele sorriu de lado.

- mesmo?

- sim, você não pode ficar falando muito... Depois, quando estiver em casa quero falar sobre uma coisa.

- o que?

- nada de grave, nem de errado, só papo "mãe e filho".

- certo, vem aqui - pedi, Henry pensou um pouco mais deitou sua cabeça me meu peito.

- adoro seu colo.


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Mais um!!! No final ficou tudo bem, só medos bobos.

Coração Do MarOnde histórias criam vida. Descubra agora