Capítulo 06

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CLARISSA FORTUNATO

Acordar ás cinco e meia da manhã, frequentar ônibus lotado e ainda ter a noticia de que você foi péssima em uma das provas mais importantes para uma bolsista, não é nada agradável. O desespero tomou de conta de mim, talvez eu possa estar exagerando, mas que tal entrar na minha pele e provar.

Eloá, a diretora do colégio disse que eu poderia ir embora e que amanhã faria a avaliação de hoje. Estava tão desesperada que acabei tropeçando em alguém, e foi ai que o ódio me subiu. Caramba custava olhar por onde anda?

Fiquei cheia de vergonha quando vi que era Caio, amigo do Guilherme.

E ele me ajudou, bastante.

Ao chegarmos em frente a porta do apartamento em que minha mãe trabalhava, toquei a campainha respirando fundo para mentir para ela.

– Clari? - ela ergueu a sobrancelha - Não era pra você estar no colégio?

– Minha turma foi dispensada mãe, fizemos a primeira prova e pronto. - forcei um sorriso.

– Ah, sim. - ela sorriu - Olá Caio.

– Bom dia, Kendra.

Ele á beijou no rosto.

– Clarissa e eu nos encontramos e viemos pra cá para acordar o idiota do Guilherme. - nós rimos.

– Que ótimo!

Em fim ela abriu espaço para que nós entrássemos.

– Gabriel foi para o colégio e Guilherme está dormindo feito pedra.

– Deixa com a gente, mamis. - beijei sua bochecha seguindo para o quarto dele.

Caio veio logo atrás.

Abri a porta e coloquei minha bolsa na poltrona, me virei encarando o moreno.

– Que tal nos jogarmos em cima dele? - sugeri segurando o riso.

– Borá! - ele agitou.

Caio se jogou em cima dele e eu subi em cima, em segundos Guilherme gritou como louco e nós caímos na gargalhada.

– Caralho, sai de cima de mim porra!

Em um movimento brusco Guilherme me jogou no chão e Caio veio logo em cima, apoiando suas mãos no chão para que não me machucasse, o que não ajudou muito, pois nossos corpos se chocaram e com apenas a luz que vinha das brechas da janela do quarto viajei olhando aqueles lindos e perfeitos olhos azuis.

– Vocês são loucos?

Desviamos o olhar um do outro, após Guilherme berrar novamente.

Caio se levantou oferecendo sua mão para me ajudar e assim fiz.

– Você que é louco. Me jogou no chão Guilherme Carvalho! - eu disse séria, enquanto apertava o botão do interruptor para ligar a luz.

– Não mandei dois obesos se jogarem em cima de mim. - deu de ombros - E você em Caio, todo pesado em cima de mim caralho.

– Acordou boladinho foi?

Caio riu sarcástico se sentando na cadeira próxima a escrivaninha.

– Af! Que horas são?

– Oito e meia, bom dia querido.

Minha mãe entrou no quarto beijando seu rosto.

– Não acredito que deixou eles fazerem isso comigo, Kendrinha. - ele fez bico.

– Que bico ridículo, Gui. –comentei me jogando em sua cama e ligando a TV.

– E você em pirralha? Deveria estar no colégio, não acha?

– Fui dispensada mais cedo.

Dei uma olhada rápida para Caio que piscou cúmplice.

– Não tenho paz mais. - bufou se deitando ao meu lado.

– Vão tomar café, crianças. - minha mãe disse saindo do quarto.

– De criança aqui só tem a Clari. - Guilherme disse e eu lhe dei um soco - Ai sua nojenta.

– Vai se ferrar, Guilherme! Que pena que o Gabe está no colégio. - suspirei.

– É né, ultimamente você só fica com ele. Mal lembra de mim, de boa Clarissa de boa.

– Já pode começar sua faculdade de Artes-Cênicas. - o olhei com tédio.

– Tô com a Clarissa. - Caio concordou.

– Caio, me chame de Clari, ok? Se me chamar sempre de Clarissa vou pensar que está bravo comigo.

– Tudo bem Clari. - sorriu.

Olha o sorriso lindo ai de novo!

– Nossa quanta intimidade. - o tatuado revirou os olhos.

– Que tal você ir lavar essa cara de morto, escovar esses dentes podres e lavar essa bunda murcha?- sugeri sorrindo.

Caio gargalhou alto e Guilherme fechou a cara.

– Me aguarde Clarissa, me aguarde.

Ele se levantou indo em direção ao banheiro.

– Quanto medo eu tenho de você.

Depois de esperar a princesa, Guilherme, fomos todos tomar café. E assim se iniciou as implicâncias e os xingamentos que tiravam minha mãe do sério por ouvir tantas bobagens vindo de três seres idiotas como nós.

Após terminarmos fomos expulsos da cozinha pela dona Kendra e então fomos pra sala de estar, peguei o controle da TV e coloquei em um canal descente que estivesse passando um filme que preste. O que era bem difícil.

– E ai vai na social na casa das meninas hoje? - Guilherme perguntou.

– Se eu não for elas me matam. - respondi.

– É realmente, aquelas duas são exigentes. - nós rimos - Tu vai mané?

– Vou sim, Gabi me chamou pelo WhatsApp.

– Hummm...De ideia com a Gabi? - Guilherme ergueu a sobrancelha nos fazendo rir.

– Relaxa cara, somos apenas amigos e eu não sou amigo fura olho.

– Fura olho?Como assim?

– Como você é cínico, Guilherme. - o encarei - Você e Gabriela terminaram por bobagem, mais se amam como dois loucos.

– Enlouqueceu Clarissa?

– Quer mentir pra mentirosa? - brinquei, o que nos fez rir.

– Ai cara sei lá, não terminamos por qualquer coisa. Ela é muito ciumenta, se eu respondesse um oi que alguma garota me mandava ela já achava que eu estava traindo ela. -suspirou.

– Realmente. - Caio concordou - Mas a Gabi é assim, e se ela se comportava dessa forma é por que tinha medo de te perder e vamos combinar que você dava bola pra qualquer uma, né?

– Mas eu não traía ela!

– Claro, era por que você tinha um pouco ainda de noção do que podia acontecer. - eu disse - É a mesma coisa que eu digo pra Gabriela, vocês dois tem que tomar vergonha na cara. Parem e conversem seriamente um com o outro ou segue em frente, por que isso ta pior que novela mexicana.

– To contigo, Clari. - Caio disse e eu pisquei em resposta.

– Não é fácil.

– Mas também não é um bicho de sete cabeças, Guilherme.

Eu disse voltando a prestar atenção na TV.

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A Filha da Empregada - FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora