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— O QUE VIEMOS FAZER?

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— O QUE VIEMOS FAZER?

Alisson parou no centro do lugar amarrotado de gente de tudo quanto é tipo. Crianças equipadas dos pés a cabeça, adultos escoltando seus filhos e adolescentes locais arriscando costuras ousadas entre os outros. No fim, todos tinham algo em comum: Estavam andando de skate.

— Vamos fazer um churrasco, Vi. — Graham respondeu, apontando para um ponto plano da pista — Acha que uma mesa de piquenique cabe ali?

Viola revirou os olhos mas se rendeu a um sorriso mínimo, já acostumada com o doce e afiado sarcasmo da jogadora. Desde seu aniversário, meses atrás, tornaram-se companhia quase diária na vida uma da outra. Mesmo que Alisson estivesse começando o Ensino Médio no segundo prédio do colégio High Tree, sempre iam juntas. Voltavam juntas. E, quando ninguém estava olhando, se esgueiravam para o gramado entre as duas casas e passavam a noite sob o teto de estrelas. Juntas.

Aproveitando os bons humores da outra, Alisson se aproximou rapidamente com um movimento fluido da prancha de madeira em seus pés, plantando um estalado beijo na bochecha da menina. Ela sempre fazia aquilo e se afastava, abrindo um sorriso traquina diante do rubor que tomava conta do rosto de Viola.

— Você faz isso de propósito. — ela resmungou, apertando a barra da camiseta grande entre os dedos.

Alisson ampliou seu sorriso, piscando os olhos com falsa inocência.

— Faço o quê?

O resto da manhã se passou como um borrão, algo que sempre acontecia quando estava se divertindo. Alisson tentou ensinar Viola a andar de skate com cuidado, sempre por perto e segurando suas mãos para oferecer apoio, mas fora em vão. No início da tarde, com alguns joelhos ralados e egos feridos, Sovereign desistiu.

— Vou deixar essa coisa arriscada pra você... — ofegou, se jogando de pernas cruzadas no chão de concreto.

Alisson pairava sobre ela, banhada pela luz do Sol poente que reluzia em seus fios de um castanho escuro, não totalmente preto. Brilhava em seu seu contorno relaxado, no sorriso torto e tranquilo, nos olhos cristalinos banhados de ternura... E na marca avermelhada de dedos em seu pescoço.

Viola engoliu em seco com dificuldade, um bolo de palavras e perguntas que, com a convivência, aprendera que ela não gostava. Isso não te interessa. E talvez não interessasse, mas ela se importava.

— Quer ver um giro novo que eu aprendi? — Alisson ampliou seu sorriso, sem esperar a outra responder para partir em uma corrida saltitante.

A menina permaneceu sentada onde estava, observando a jogadora pegar impulso em seu skate e deslizar pelas laterais côncovas, pegando velocidade antes de saltar por uma borda e usando a velocidade aplicada para fazer um giro perfeito no ar sem largar a prancha. Seus pés tocaram o piso de concreto sem o skate, o que era algo que tentava ao máximo evitar, mas somente concluir um 900° quase perfeito já inflava seu peito em animação. Quando retornou ao ponto em que estavam, apoiou as mãos na cintura e aguardou.

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