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ELLEANOR RIZZO ESTAVA AUTORIZADA a receber visitas

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ELLEANOR RIZZO ESTAVA AUTORIZADA a receber visitas.

Notícias voavam em Felicity Lake, inclusive aquelas que não queria saber. A princípio, todos tratavam o "acidente" como uma triste tragédia com uma garota prodígio do esporte, agora, enchiam o peito para cuspir informações novas e fresquinhas para quem não estava sabendo, mesmo que fossem falsas.

A verdade estava comigo, e apenas comigo, por enquanto. Era uma questão de tempo até que eu conseguisse dinheiro o suficiente para entregar os verdadeiros culpados ao delegado e deixar a cidade para não lidar com as consequências que me rodeavam. Como uma boa covarde faria.

— Ali, mesa cinco quer batatas!

Joshua estava cheio naquela noite, uma semana depois de Viola e eu termos brigado. Eu sabia que determinar o tempo com aquele acontecimento era cutucar e remexer a mesma ferida várias e várias vezes, impedindo sua cicatrização, mas era inevitável. Genevivie estava fazendo um favor me deixando ficar em sua casa durante a noite — já que dormir era a última coisa que aquele diálogo se repetindo em minha cabeça permitia — e reviver todas as merdas que eu já fiz em vida curava o tédio das horas sem trabalho.

Eu odeio você. — ecoei baixinho. As palavras dela.

Sophie, escorada no balcão e pregando novos pedidos no varal, arquejou.

— Olha aqui, eu também estou cansada depois de um turno desse, e nem por isso cuspo ódio por aí atoa!

— Não é você, idiota! — Virei um hambúrguer na chapa com mais força do que devia, espirrando gordura quente para todos os lados e me irritando ainda mais — Só... Cuida das drogas das mesas, por favor.

Sophie se preparou para uma réplica, o rosto rosado quase vermelho de indignação, e não, não era ela. Nem alguns dos cinco clientes que atendi mal ou fui rude naquela noite, ou o cara que me deu um gentil "bom dia" e recebeu um olhar fatal como resposta. Era aquela merda de três palavras se repetindo a todo instante, batendo até furar ou tentar quebrar o que eu havia levado anos para construir e uma patricinha atleta destruiu em alguns dias. Duas vezes.

Era o sentimento que não ardia, mas  coçava implorando por um alívio. Apenas vê-la seria o suficiente. Era a saudade. O arrependimento. O desgosto por mim mesma depois das mentiras podres que ela não merecia.

— Meninas. — Joshua apareceu da porta dos fundos, o uniforme apertado revelando a inseparável gargantilha com um coração de prata — Tudo certo por aqui?

— Pergunte para ela! — Sophie bufou.

Revirei os olhos em resposta, tornando á chapa sem um pingo de ânimo para inventar uma desculpa. O silêncio pairou na cozinha junto com o aroma de carne e ovos fritos, e a garçonete parecia esperar por algo.

— Sophie, pode pegar uma pausa. — o chefe autorizou, e o sorrisinho cínico que ela deu em minha direção pediu por um soco — Uma horinha.

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