3' - a c o r d o

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— NÃO

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NÃO.

Certo, não era como se eu esperasse uma resposta afirmativa de cara. Alanna havia me dado o arsenal perfeito — logicamente, depois de um longo monólogo sobre como se sentia mal fazendo tal coisa — e avisara que eu teria que convencer Alisson a cooperar por conta própria. Entretanto, sua recusa instantânea quase me fez dar meia volta e saltar no carro novamente. Não seria eu que me ajoelharia para implorar, nem nessa vida e nem na próxima.

— Estou tentando ser educada. — tentei novamente, reunindo toda a calma possível — Podemos?

Não esperei por seu segundo não, apoiando minha bolsa no escosto da cadeira em que me sentei. As luzes coloridas aqueciam a calçada, mas sabia que não seria suficiente para o estado em que Alisson estava, ensopada dos pés até os cabelos escuros repicados. Inspirei, pronta para meu discurso ensaiado desde a noite passada.

Nunca havia parado naquele pequeno estabelecimento para lanchar, e me arrependi instantaneamente quando o aroma dos doces que Alisson degustava me atingiu. Parecia delicioso...

— Come.

O prato disposto com rosquinhas de chocolate deslizou pela mesa, parando a minha frente. Ergui os olhos para Graham, captando a torção irônica de seus lábios pálidos pelo frio. Ela sabia que o time de lacrosse não me permitia extrapolar dietas, e a raiva diante de sua provocação quase me fez afogar a preocupação com suas roupas encharcadas.

— Não tem um guarda-chuva? — me vi perguntando.

— Não te interessa.

Dois a zero. Meu orgulho não era tão resistente assim.

— Pelo visto ainda tem alergia a ser minimamente educada em uma conversa. — retruquei, cruzando os braços — Vou ser direta então.

Para meu crédito, Alisson não resistiu mais. Pelo vazio distante em seus olhos, ainda no azul vibrante que eu conhecia, parecia mais apta a desconsiderar minha presença do que lutar contra ela, como sempre fizera em nossas castas interações. A frustração começava a sobrepor o dever sobre o que eu tinha ido fazer ali, e tive que morder o interior da bochecha para não jorrar as reais perguntas e insultos que me assolavam sempre que recebia aquele tratamento frio coberto de remorso.

— Quero... — palavra errada. Sabia que ela me considerava uma patricinha narcisista, lhe dar o gosto de provar isso não estava em meus planos — Preciso da sua ajuda.

Lentamente, a atenção de Alisson recaiu em mim. Eu deveria estar parecendo a beira de uma ruptura, pois seu suspiro pesado e os cotovelos apoiados na mesa indicavam que estava verdadeiramente disposta a cooperar.

Agora era a parte complicada da história.

— Preciso de alguém que finja ser meu par na festa de Thomas Mercedes. Você, mais precisamente.

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