10' - g a t o s e r u í n a s

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ELA ESTAVA FICANDO CADA VEZ MAIS acostumada com o peso do bastão, o que deixava Alisson orgulhosa

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ELA ESTAVA FICANDO CADA VEZ MAIS acostumada com o peso do bastão, o que deixava Alisson orgulhosa.

— Viu só? — gritou de onde estava posicionada no gol — Dá pra se divertir sem ser assistindo pela televisão, sua sedentária de merda!

Não conseguia ver, mas o bufo irritado e o revirar de olhos de Viola Sovereign era sentido a distância. Ao invés de responder, recolocou outra bola na rede da crasse e suas chuteiras emprestadas levantaram a grama quando arrancou. Alisson apertou as luvas ao redor do bastão, flexionando os joelhos e se tornando ciente dos limites das traves para defender.

Desde que se descobriram vizinhas, as duas partiam de casa para a escola bem mais cedo do que o restante das crianças. Alisson já oferecera para conseguir um espaço no clube público da cidade, mas Viola insistiu que preferia o campo vazio e meio escondido. Graham sabia qual era o motivo por trás daquilo, o mesmo que fazia a menina sempre jogar vestida em seu casaco enorme ao invés da camiseta sem mangas de treino que emprestou.

E Alisson havia tomado como sua missão mudar aquilo. Começando por "gentilmente advertir" cada idiota que olhasse para Viola com zombaria pelos corredores.

— Ah, vocês de novo!

A voz rouca e retumbante cortou o lançamento de Viola no meio do processo, o que a fez perder a mira que tinha. Alisson também se assustou, esquecendo por um segundo sua posição. Com a atenção desviada para a mulher na beira do campo, só se recordou da bola lançada quando a mesma se chocou em sua testa com um estalo.

— Ali! — Viola gritou.

O impacto a lançou para dentro do gol, sendo segurada pela rede. Ainda sentia o cérebro rodando quando as mãos macias de Sovereign seguraram seu rosto, e só piorou quando seus olhos pararam de girar e focaram na expressão preocupada e culpada.

— Você tá bem?

— Tô. — Alisson sorriu pequeno, esfregando o círculo vermelho marcado em sua testa — Levo golpes na cabeça todos os dias pela manhã, é terapêutico.

Viola abriu a boca para uma leva de pedidos de desculpas, até que notou o tom irônico da outra e suspirou, a empurrando levemente. Ela estava realmente bem.

— Não danifique minha jogadora, sua pirralha!

A treinadora Ray surgiu próxima a elas, os comuns óculos de sol na ponta do nariz. Não havia repreensão em sua voz, apenas uma pontada de curiosidade e divertimento. Com o último, Alisson mostrou a língua para a mulher e se levantou, espanando as calças de moletom.

— Posso saber por que essa coisinha de lançamento poderoso não está no meu time? — Ray indagou, cruzando os braços.

Viola estava prestes a negar com a cabeça e explicar que não, nunca, em hipótese alguma pisaria em campo com outras jogadores, mas Alisson foi mais rápido.

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