13' - p r i m e i r o b e i j o

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JÁ SE PASSAVA DAS DEZ DA NOITE e toda a nova casa se encontrava em uma escuridão quieta

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JÁ SE PASSAVA DAS DEZ DA NOITE e toda a nova casa se encontrava em uma escuridão quieta. Harper Sovereign estava de plantão na delegacia, ajudando o velho delegado com algumas tarefas, e Emerald ficou encarregada de por as crianças na cama e lhes ditribuir o tradicional beijinho de boa noite.

Mas Viola não dormiu. Se revirou nos lençóis, checou o celular na pequena mesa ao lado da cama — sem notificações, já que precisaria de amigos para aquilo — e optou por ligar a luz do abajur, apanhando sua mochila escolar. Poderia pelo menos tirar o atraso em alguma matéria. Mudar de escola sempre trazia aquela complicação, os níveis de aprendizagem, e o colégio High Tree carregava o fardo de ter os discentes mais avançados e profissionais do Canadá.

Viola estava ficando para trás em cerca de quatro matérias, uma delas sendo Educação Física. Já tentara de tudo para convencer a professora Honda de que poderia tentar fazer os exercícios, desde que estivesse a sós e longe das risadinhas ácidas que seus colegas de turma lhe lançava sempre que errava algo. Foi em vão.

Enquanto posicionava os cadernos sobre a cama, o ruído de papel amassado a fez sorrir pequeno. O embrulho do presente que seu pai havia dado, o único que ela aceitara receber naquela data. Odiava seu aniversário, e odiava mais ainda ganhar mimos como se fosse um dia especial.

Não tinha nada de especial. Nada de bom, sequer. Deveria ser um dia escuro, sem mesmo luz do Sol e estrelas na noite. As vezes se pegava pensando se gostaria da data, se não a dividisse com o dia em que sua mãe havia morrido.

Vi puxou o embrulho do presente, delicadamente o dobrando e colocando de lado. No processo, olhou de esguelha para o novo quadro pendurado na parede, simplório e sem muitos adornos, mas que ela amara de paixão. Era gravado em papel nude, com desenhos realistas de diferentes espécies de borboletas coloridas em um estilo a esmo, mas bonito. Nunca soube de onde viera o fascínio pelos insetos, entretanto, eram os únicos que não a faziam se encolher de medo.

Sorriu novamente, se recordando de quando achara uma aranha enorme na pista de skate e precisou obrigar Alisson a...

Ah, não. Ela de novo.

Desde aquela discussão, se é que poderia chamar assim, Viola fez o que a jogadora lhe pediu. Esqueceu. Não trocavam mais mensagens de texto no meio da madrugada, nem saiam de bicicleta pela pista abandonada perto do antigo campo de lacrosse do bairro. Percebeu até que pouco via a menina nos arredores de sua casa, só tendo um rápido vislumbre dela quando atravessavam a pista para pegar a avenida e ir para a escola, mas Alisson sempre mantinha a cabeça baixa, a cortina de cabelos escuros escondendo o rosto.

Um nó se formou em sua garganta quando se lembrou da última vez que vira aquele rosto. Raivoso e ferido, não aquela bela pintura de sorrisos charmosos e olhos cativantes. Algo estava errado com ela, arriscava dizer que tinha algo a ver com o senhor Graham.

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