EXPLICAR PARA PAPAI QUE meu braço quebrado não fora o fim do mundo foi mais difícil do que pensei. Difícil para mim.
Sua preocupação exagerada quando cheguei em casa no sábado só servia para me lembrar constantemente do que havia acontecido. Noventa dias. Três meses apenas acompanhando de longe as minhas garotas dando suor e sangue por um torneio que eu sonhei acordada por longas noites.
E somente dois dias para moldar uma pedra bruta na mais nova esperança das Tormentas antes da estreia oficial.
Após a confirmação relutante, combinei com Graham que iríamos nos encontrar horas antes das aulas para rever alguns pontos básicos antes que fôssemos até Ray com o anúncio de sua candidatura para minha vaga. Era notório em sua respiração travada que passar mais tempo comigo não estava em sua to-do list, mas quebrar o braço em plena época de campeonato também não estava na minha. Ambas fomos arrancadas de nossa bolha confortável, de certa forma, entremeadas uma com a outra.
Enquanto descia as escadas já de uniforme vestido e minha bolsa de ginástica pendurada no ombro, me perguntei o que levou Alisson a concordar com isso. Eu me lembrava de seus dias de campo, de como a Treinadora Ray a chamava de diabinha selvagem pela ferocidade insana que Graham ainda pequena assumia dentro de uma partida. E ela era ótima, independente da idade. Uma estrela que ofuscava quem estivesse em sua órbita.
— Bom dia, meu amor!
Papai gritou na cozinha antes mesmo que eu pudesse dar o ar da graça. Era completamente impossível chegar em casa de mansinho quando ele estava, seus instintos de pai e delegado o dando uma espécie de "sentido aranha". Ele estava de folga pela manhã naquela segunda, aproveitando o tempo para fazer nosso café.
Riley, acordado e desperto, o ajudava entregando os ingredientes. Larguei a bolsa no balcão da cozinha, me aproximando para bagunçar seus cachinhos claros que, de repente, estavam quase na mesma altura que eu. Ter um meio-irmão mais novo era incrível, embora, assustador; da noite para o dia o moleque havia tido um surto de crescimento.
— Bom dia. — os cumprimentei, espiando a garrafa de café — Não colocaram sal no lugar do açúcar de novo, certo?
Papai parou de virar as panquecas na frigideira sobre o fogão, revirando os olhos quando Riley e eu explodimos em risadas. Juramos nunca fazê-lo esquecer daquele deslize, e toda vez que Harper se aventurava na culinária, assistíamos de camarote em busca do próximo.
— Engraçadinha. — ele bufou, me acertando com uma casca de ovo — Não está cedo pra escola?
Parte de meu recém descoberto bom humor matinal se esvaiu com a menção ao que eu deveria enfrentar antes das aulas.
— Tenho treino hoje. — suspirei, apanhando uma maçã — O campo estará livre até as oito, e temos o primeiro horário livre.
— Você vai treinar? — Riley perguntou, estreitando os olhos amêndoados.
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FAKE GAME | ⚢
Ficção Adolescente¬ Viola Sovereigh vem de uma família abastada em uma cidade pacata de Ontário. Capitã do time de lacrose, a garota se vê pressionada em um meio social de aparências a ter um par para uma importante festa, e a primeira pessoa que vem a sua cabeça é s...