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AS MÃOS PEQUENAS DOÍAM pelo esforço de carregar as caixas que seu pai deixara para ela, ele próprio já no conforto da nova casa montando alguns móveis com Emerald e Riley

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AS MÃOS PEQUENAS DOÍAM pelo esforço de carregar as caixas que seu pai deixara para ela, ele próprio já no conforto da nova casa montando alguns móveis com Emerald e Riley.

Viola olhou, encantada, para as ruas de asfalto liso, os canteiros de grama verdinha e pequenos girassois crescendo, para a pequena praça no centro do bairro e, a distância, os contornos da pista de skate sempre bem frequentada. Period, seu nome. O bairro mais nobre de Felicity Lake no auge de 2016.

As casas não perdiam para o restante do conjunto no quesito beleza. Simples, buscavam se associar ainda mais com a arquitetura francesa colonial, com detalhes de madeira escura e inumeras janelas compridas. Os vizinhos não pareciam tentados a conferir os novos moradores, e Viola se pegou desejando que pudesse fazer algum colega. Qualquer um. De preferência, que não tivesse um longo acervo de apelidos maldosos.

Harper poderia ser um policial investigativo que crescia bastante na morna cidade, entretanto, desde que sua esposa morrera, se tornou um desafio se aproximar das duas filhas que tiveram. Em era mais receptiva, sempre chegando em casa com sorrisos e boas histórias sobre o colégio. A pequena Viola assistia de longe, desejando ter puxado um pouco daquela carisma. Talvez assim as pessoas esquecessem seu físico e focariam em sua personalidade.

Cortando seus pensamentos avulsos, um estrondo na casa ao lado chamou a atenção da menina. Sem muros, tendo apenas uma separação de cercas de madeira clara, pode assistir discretamente quando uma garota surgiu na varanda vizinha. Pele clara e cabelos escuros era tudo o que conseguia ver daquele ponto.

Ainda sim, aquela postura era fortemente familiar, mesmo que poucas semanas tenham se passado desde que Viola chegara em Felicity. Apenas poucos dias e já se afeiçoara com o ser mais inalcançável e brilhante de todo o colégio. E, quando aquele belo par de olhos cristalinos a pegaram olhando, suas bochechas queimaram e ela inevitavelmente abaixou a cabeça.

O que diabos Alisson Graham tinha que a atraia tanto?

— Onde pensa que vai?!

Passadas bruscas irromperam da casa, e logo a figura do senhor Graham surgiu. Um advogado de renome sempre representando casos em que seu cliente saia vitorioso, ele era um homem alto, com ombros largos e cabelos sedosos caindo nos ombros e emoldurando os olhos da mesma cor que os da filha. Não, não era a mesma. Ninguém conseguiria replicar o tom de azul tão vivo.

Nem o sorriso inverso e fofo que ela abriu em resposta para o pai aparentemente furioso.

Viola entrou em modo de suspensão quando a jogadora se aproximou, saltando a cerca sem esforço enquanto ainda oferecia sua face limpa para Elroy. Reduzindo sua capacidade de formular palavras e pensamentos coerentes para zero, ela jogou casualmente um braço sobre os ombros de Sovereign e a apertou com gentileza.

— Desculpa aí, velho! — Graham riu — Combinei de ir ali com minha nova amiga.

Amiga. Viola tentou não se atentar ao fato de que, muito provável, estava sendo usada como bode expiatório da menina e não sendo genuinamente apresentada como tal. Ainda sim, seu coração acelerou e se apertou com a palavra. Sua primeira amiga. E ela era amada por todos no colégio que a odiava.

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