5' - r a c h a d u r a s

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— ME DIGA QUE EU SOU LOUCA

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ME DIGA QUE EU SOU LOUCA.

— Amiga, você é louca.

Empurrei o ombro de Alanna levemente, encarando meu reflexo no grande espelho do banheiro. O vestido preto com bolinhas brancas, um clássico, caia bem em meu corpo e o penteado alto que Lanna finalizava deixava algumas mechas livres emoldurando meu rosto destacado com leves toques de brilho e gliter. Estava ótimo. Eu estava ótima.

E ainda sim, era uma péssima ideia.

— Ah, veja pelo lado bom — Alanna ofereceu, segurando os grampos para prender algo atrás da minha cabeça — Alisson é gata pra caralho.

Um grunhido amargo escapou do meu peito, e deixei os ombros caírem. Esperava que ela colocasse juízo em minha cabeça, que me sacudisse e gritasse em minha cara que eu estava me enfiando em uma furada que não valia a pena. Mas quem esperaria uma sabedoria daquelas de Alanna Casanova?

— Tem certeza que não quer aquele bolo? — ela perguntou pela terceira vez, comprovando meus pensamentos.

Era possível escutar as risadinhas e conversas das outras garotas do time enquanto se arrumavam em meu quarto. Pâmela me ligara mais cedo, dizendo que preferia não se arrumar com as outras, portanto, eu tinha quase um time inteiro de titulares dentro de quatro paredes.

— Eu não acredito que você trouxe brownie de maconha pra casa de um delegado.

Alanna só então pareceu notar sua falta de sabedoria, abrindo um sorriso culpado e murmurando para que eu esquecesse que tinha oferecido algo. Não pude deixar de rir, assim como muitas vezes em que passávamos algum tempo juntas. Constantemente me pegava pensando porque não éramos mais próximas, como Pam e eu.

— Aliás — ponderei, encarando seu reflexo concentrado através do espelho —, de onde você e Graham se conhecem?

— Emergência de saia! — Spencer gritou do outro lado da porta.

Alanna abandonou o trabalho já feito em meus cabelos, apanhando sua bolsinha de costura no balcão de mármore do banheiro e partindo para resolver outro problema. Se desconsiderasse os momentos em que ela estava sendo uma fofoqueira irremediável ou meio alta por alguma substância ilícita, Lanna era um poço de produtividade, tanto em campo quanto na vida.

Apanhei meu celular, checando as horas. Havia combinado de me encontrar com Graham na antiga pista de skate de Period para irmos juntas em meu carro até os bairros nobres do outro lado da cidade, onde a mansão de Thomas ficava. A última mensagem jazia sem resposta, minha atrasada informação sobre a temática da festa daquele ano. Se eu ainda conhecesse Alisson, sabia que ela estaria puta comigo por não ter planejado com antecedência.

Me peguei aprofundando mais nisso inconscientemente. Ela sempre fora a mais centrada entre nós, calada e sábia, talvez pelo fato de ser alguns meses mais velha. Era sempre eu quem caia nas calçadas de concreto, ralava o joelho e me derretia em lágrimas, e era sempre ela quem me convencia a me levantar e continuar andando até a farmácia mais próxima para comprar um curativo. Estampa de borboletas, pois ela sabia que eu amava.

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