XXXIII♣: Freiras Armadas Até os Dentes

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Algum Lugar da Vastrad – 07/28 m.0

Vastrad (loc

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Vastrad (loc.): a grande parte do território da antiga América que foi perdido nas Guerras Origen e suas armas radioativas, a leste de Nova Vegas em 15 m.0. Milhões perderam a vida pela radiação e hoje cidades inteiras foram imortalizadas paradas no tempo, já que a radiação não deixa nada viver lá. Alguns poucos sobreviveram, tendo suas estruturas genéticas mudadas pela radiação, tornando-se mutantes, a maioria deles considerados aberrações. Ver: Estados Perdidos da América (loc.), Guerras Origen (hist.), Mutantes (zoo.), Nova Vegas (loc.).

- do Dicionário dos Termos Zeranos - 13ª edição, editora zintra, pub. 11/29 m.0.

THYRSA

Em uma cidade ainda feita de cimento e asfalto, ninguém andava em suas ruas. Em uma praça desfoliada paira um outono eterno, nenhum grão é lançado para nenhum pombo. Em um parquinho de areia e madeira, a última das risadas foi dada anos atrás.

Nada se move. Nada vive.

Chego no carro lateral da estegadeira junto com Badar, meu colega. Ele veste sua batina de padre integrada com capuz, luvas, botas e máscara de gás. Eu não estou diferente, o hábito de freira no estilo tegalco também com cobertura anti-radiação em vinil plastificado. Capuz, luvas, botas e máscara de gás acompanham, o tubo frontal desce até a lateral para integrar com o cilindro de ar comprimido que carrego a tiracolo.

No meio da cidade morta, uma igreja sem vida na praça central. Badar veio na garupa, o piloto é um tegalco de confiança, acostumado a fazer traslado para estas partes da Vastrad – a vastidão radioativa que hoje engloba os Estados Perdidos da América.

Ele nos aguarda fumando seu cachimbo indígena, antes desliga o contador gêiser para passar a clara mensagem de que devemos permanecer protegidos. Seu cocar contrasta com o cinzento sem vida da paisagem radioativa. Com o passar dos anos radiação vai comendo a cobertura externa das construções, a começar pela pintura. Tudo parece gasto, fosco. É como um lugar sem fé.

A porta range forte quando entramos, cuidadosos. Não estamos despreparados: a kalashnikov na mão de Badar pronta para a guerra, igual a escopeta de cano serrado na minha. Eu sei... não é o tipo de apetrecho que se encontra nas mãos de padres e freiras. Novos tempos, novos métodos.

"Irmã Thyrsa. Irmão Badar. Bem-vindos."

Um homem em batina púrpura de bispo e grande cruz de ouro e cravejada nos aguarda de pé a frente do altar. Uma linda e imensa pintura moderna adorna a cena atrás de si, mostrando várias mulheres celestiais. Ele não veio sozinho, mas acompanhado de seguranças fortemente armados, vestidos em negro de vestes táticas, posicionados nas laterais, cada um rente a uma parede.

Nos aproximamos. Badar checa os g-conts no seu relógio – a área é segura. Tiramos as máscaras, eu tomo cuidado para não mostrar nada além do rosto – e o metal adornando meu crânio. Afinal, sou casada com Cristo, ninguém há de ver nada de mim.

Monolito das Cinzas (Do Infinito Ao Zero, vol 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora