Um super na maior cidade do mundo. Corrupta e podre como nenhuma outra - explorada pela NonCorp, a empresa que deveria trazer o futuro.
Sem história. Sua irmã tirou suas memórias a pedido dele próprio - e ele não se lembra mais o motivo.
Perdido. En...
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Zerano (adj.): conferido a qualquer sujeito ou indivíduo que tenha nascido ou sido criado após a abertura do Marco Zero i.e: que tenha 30 anos de idade ou menos. Em antítese, Pré-Zerano é adjetivo conferido aos que foram originados antes do Marco Zero. Ver: Marco Zero (loc.); Calendário Zerano (sist.)
- do Dicionário dos Termos Zeranos - 13ª edição, editora zintra, pub. 11/29 m.0.
LOXI
O cara gosta de começar a noite em cima do Aeon, o maior prédio de Nova Vegas. Com mais de 320 andares, deixa todas as construções pra trás. Ou pra baixo, melhor dizendo. Lá de cima a cidade parece pequena com sua constelação de luzes nos prédios, as ruas feito rios de neon com as camadas de veículos que voam suspensos pelas magvias. Cidade vertical, cada prédio um colosso de luz, concreto e vidro cravado na terra desértica.
É início da noite. Sintonizado na comunicação da polícia se desloca em direção ao seu compromisso, mas permanece atento. Uma cacofonia de siglas policiais relatando um monte de pequenos roubos, furtos, violência doméstica. O coro das massas, como ele chama.
Se joga de cima do prédio, um corpo caindo na noite. Carros nas imensas avenidas lá embaixo, muitos outros nas magvias e suas camadas ordenadas de veículos flutuantes. Todo mundo vê o corpo que cai, a rotina quebrada pelo risco na vertical, as luzes vermelhas em meio a sua armadura negra, seu manto negro pesado chicoteia furioso nos ventos.
No calçadão da South Valley uma multidão se aglomera ao redor da estação de vactubo, luzes e tattooleds exibidas em corpos moldados por máquinas ou drogas, filtros e sacos coletores internos. A moda é o que o dinheiro pode comprar e o que não vale nada é exibido em luzes artificiais, trajes de plástico e têxteis blindados ou espelhados. Manifestantes são onipresentes, exibindo 'o fim está próximo' ou 'carne é crime' ou 'quanto vale seu código de barras?' em seus placares eletrônicos e holopods. A polícia faz vista grossa, um trombadinha rouba os plásticos dum civil ao lado de um policial que viu e não faz nada. Se você olhar atrás da coluna da estação uma prostituta é fodida praticamente na frente de todos. Crianças com drogas no nariz cheiram na inocência e se jogam nos videogames pra jogar doidonas - tá na moda hoje. Um padre prega uma igreja católica que não existe mais, geral cagando pra ele, mas o outro de robe vermelho com suas ombreiras de plástico prega sobre a 'igreja da segunda chance' com mais almas ouvindo. Todos olham pra cima quando ouvem o barulho do disparador de cabo e gás comprimido, o rastro vermelho acima das suas cabeças. As mãos apontam pro alto cada um tentando filmar a figura rápida demais, impossível demais de ser filmada.
São dois lançadores de cabos, canhões móveis mirados onde o sistema manda e integrados nas laterais da canela. Disparando de uma ou ambas as pontas do tubo, de um ou ambos os lados. A mira é feita com as pernas, usando a musculatura pra suportar os empurrões do gás e puxões dos cabos. O gás comprimido que impulsiona é baseado em nitrogênio e deixa um rastro visível por onde passa. A energia vermelha de sua armadura é na verdade um líquido circulante que chamamos de 'suco', a armadura carrega o líquido com energia pra poder utilizar.
