Monolito das Cinzas (Do Infinito Ao Zero, vol 1)

LXX♠: A Noite do Triplo Terror, pt 1 - Faz Silêncio no Remorso

Favela Hoover, Represa Hoover, Nova Vegas – 09/30 m.0

Ornitorrinco (sup.): Beakman Madrera era um mafioso de baixa importância quando Mama Madrera, lendária mafiosa de Vegas, foi morta com toda a família no restaurante Lilita L'itaglia, no famoso episódio da Noite da Máfia em 22 m.0. Pelo seu conhecimento com maquinários, foi mantido servindo os Collucci até que foi dado como desaparecido. Tempos depois retornou como um bizarro amálgama entre humano e animal, uma forma deturpada e distorcida, jurando vingança. Dotado de um alto intelecto e o conhecimento da máfia, cravou para si uma parte do lendário Quinhão do crime, e tornou-se um importante nome nas noites da urbe. Foi dito ser um dos principais vilões da galeria do super BlackJack, e operava exclusivamente em Nova Vegas. Ficou mais conhecido pelo mundo postumamente após a Noite do Triplo Terror - um período negro na história do super. Ver: BlackJack (desp.), Noite do Triplo Terror (hist.), Noite da Máfia (hist.).

- do Dicionário dos Termos Zeranos - 13ª edição, editora zintra, pub. 11/29 m.0.

BIANCA

O silêncio. Talvez seja o silêncio o culpado.

Na mesa de truco, a suave voz da garotinha ecoa perdida em palavras destoantes do passado. Fragmentos perdidos de memórias que insistem em ficar. A criançada joga bola próxima, a mesa de truco continua, o jogo perto do seu fim, todas as vozes em silêncio numa mão de onze impositiva. Talvez tenha sido o silêncio das vozes que trouxeram de volta as memórias do jogador. Lembrar do passado não é como retornar a ele - são vários breves retornos relâmpagos, vivências, olhares, closes em partes corporais atraentes, closes em trechos inócuos. Perdidos. São vários flashes quase instantâneos que montam em sua cabeça o mosaico.

A poção negra de Aleena tirou tudo o que era Ele. A poção prateada trouxe de volta tudo que era importante. Algo estala dentro de si. São tantos falando tanto sobre essa maldita noite, que tal qual uma maldição ela retorna para sua cabeça.

Ao menos o seu início.

Correria. Bipes do medidor cardíaco. Alguém traz o leito, rápido, jogam a paciente na cama. Respirador. Punção venosa. A enfermeira é muito bem treinada, mas no derradeiro instante, toda a prática torna-se apenas puro instinto.

Ainda mais quando a pessoa ao seu lado é BlackJack.

Ela é conhecida como a Plantonista, e assim como seu acompanhante, é também uma vigilante. Apesar do seu simples nome, a mulher é quase venerada dentre a comunidade de vigilantes de Vegas.

A paciente é Beatruce Alvarez, a Blefe. E ela está morrendo.

"Merda!! BlackJack, estou perdendo ela!"

"Tem algum médico na casa? Alguém?!"

"Ninguém que possa saber que a gente tá aqui!"

Plantonista é uma negra de 1,80m e corpo escultural, toda vestida no uniforme que se espera de uma enfermeira. Sua identidade é preservada com o uso de um maranha, um trídeo sempre ativo que embaralha o visual de sua face. Durante o dia tem um emprego legítimo em sua identidade civil, mas não tem autorização para abrigar vigilantes durante a madrugada no hospital anexo. Ninguém pode saber que estão ali.

"Se a gente tivesse ido pro meu apê eu..."

"Não temos tempo! Merda! Segura ela! Vou buscar uma médica!"

"Onde raios você vai encontrar uma médica a essa hora da madrugada??"

"Los Angeles."

BlackJack concentra, não tem tempo. Mas precisa. Teleportar distâncias tão grandes demanda tempo, ele tenta deixar o mundo a sua volta fora enquanto a voz da Plantonista briga contra a vontade da Morte para tentar manter Blefe viva. Ele sai, o impacto da diferença de pressão de ar causada pela eletricidade derruba coisas a sua volta com a violência do relampejar vermelho. BlackJack se transforma em luz e num único feixe de luz chega direto até Los Angeles.