Um super na maior cidade do mundo. Corrupta e podre como nenhuma outra - explorada pela NonCorp, a empresa que deveria trazer o futuro.
Sem história. Sua irmã tirou suas memórias a pedido dele próprio - e ele não se lembra mais o motivo.
Perdido. En...
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Pah (ling.): surgido dentre os Cartéis Sombrios no submundo da Amesul, este idioma está para o mundo do crime o que o wonline está para a cultura global. Trata-se de uma linguagem informal que se mantém uniforme ao longo dos anos – e difundida globalmente. Não consiste apenas em palavras faladas mas também em gestos ou atos que transmitem mensagens. Alguns termos ganham notoriedade e acabam passando para o linguajar das ruas nas urbs, como 'Alto-Pila', 'Vês' e 'Gajo'. Ver: Glossário Pah (list.), Wonline (ling.)
- do Dicionário dos Termos Zeranos - 13ª edição, editora zintra, pub. 11/29 m.0.
BEATRUCE
Acordo. Tô deitada, algemada no estrado de uma cama sobre um colchão sem lençol de cama. O quarto é pequeno, só tem essa cama, espaço para a porta abrir e mais nada, nem mesmo uma janela. A luz vem de uma fita led amarela nas quinas da parede com o teto. O lado direito do meu rosto tá inchado.
E agora o que eu faço?! Nunca apanhei assim na minha breve carreira de combatente do crime! E agora eu vou morrer! Queria tanto que as coisas fossem iguais aos trídeos... Mas sei que aqui fora tô ferrada. E se... e se tentarem fazer outra coisa comigo? Ai não ai não. No mundo real, supers morrem. Acontece sempre. Sempre pulo ou mudo o trídeo quando dá alguma notícia de um super que morreu em missão.
Já sei! Vou tentar me soltar! Fico agachada no colchão e puxo o braço até a minha mão passar! Vai funcionar certo? É assim nos filmes!
O barulho da algema no estrado de metal da cama é o suficiente para chamar a atenção de alguém que já chega abrindo a porta com força. É um dos caras que tavam lá na confusão mais cedo. Só que tá bem diferente: o cabelo agora é preto liso lambido onde antes era castanho volumoso e desarrumado. Uma peruca? As vestes não tem nada a ver também: um macacão azul de mecânico com tattooleds nos dois braços. Antes usava calça, botas de couro e um colete de motoclube com uma regata ensebada branca e luvas de motoqueiro. O que raios tá acontecendo aqui?
"Ah, você acordou. Finalmente." – o cara tecla algo no interlink.
"Ei, me tira daqui. Me tira da..." – paro de falar quando ele levanta um dedo no ar. "Oi. Sou eu. Uhum. Ela acordou. Tá bom." – e ele desliga.
"Me tira daqui cara, me tira daqui!"
"Meu chefe tá chegando em quinze minutos e aí ele vai decidir o que fazer com você."
"Não cara não faz isso não..." – o cara sai batendo a porta. "NÃO!! ME TIRA DAQUI!"
Ai não ai não. Desisto e espero os malditos mais longos quinze minutos que já tive na vida. Primeiro minuto, vou morrer. Segundo minuto, vou morrer. Terceiro minuto, vou morrer. Quarto minuto vou morrer..... nãaaao.
Choro. Eles vão me fazer sofrer antes de eu morrer. Vão me... v-violentar ou sei lá. Posso ser super mas não sou uma heroína. Sou só uma menina! Ouço coisas quando eles passam perto da porta. Tem muita gente aqui. Tem som de motor também: carros. Alguém chega e abre a porta com força também. É o mesmo cara que me estapeou mas também tá diferente: careca lisa, sem piercings ou mais nada e também usando o macacão azul.
