Memórias do Velho Índio - 06/28 m.0.
Nação Tegalca (loc.): com o Ultimato Núbia em 7 m.0, toda a costa do estado perdido da Califórnia foi destruído, e a atividade geológica precária da região fez surgir um imenso vulcão no local: o vulcão SanFran. Enquanto o cenário pós-apocalíptico ceifada vidas, o indígena de nome José Tegalco iniciou sua peregrinação, movimentando milhões. Tegalco clamava que o SanFran foi obra dos próprios deuses em si, e que era agora a morada do panteão - suas palavras surtiram efeito com a população indígena e latina de toda a costa oeste, milhões migrando para fazer parte da estranha nação que cultua um vulcão, e com o calor das forjas constrói suas motos pesadas e armas para assolar os seus vizinhos. Ver: Ultimato Núbia (hist.), Estados Perdidos da América (loc.).
- do Dicionário dos Termos Zeranos - 13ª edição, editora zintra, pub. 11/29 m.0.
ALEENA
Correria. Desespero. A casa localizada na parte mais alta da vila é de madeira feito chalezinho rústico, seu morador do lado de fora. Pele morena, atlético, roupas do dia-a-dia, os olhos não acreditam no que vêem. Ao seu lado a esposa chega com o filho, quase que em câmera lenta.
A vila abaixo tenta fugir desesperadamente. Lá longe no horizonte um vulcão inteiro surgiu tão massivo e brutal arremessando pelotas de rochas fumegantes que descrevem arcos de fumaça. Nos céus uma aura de chamas nas nuvens, fumaça espessa negra tomou o lugar do azul. É tudo tão imenso que parece se mover devagar. Lá bem longe, por detrás do vulcão, o que parece ser um vulto imenso de gigantesco... só se vê talvez as pernas, ou o torso.
É como o fim do mundo. É o Apocalipse. De novo. O próprio deus chegou para trazer a destruição final.
Ver isso assim 'ao vivo' é algo que eu nunca imaginei testemunhar na minha vida.
A onda inicial de tremores varrem a terra. A vinda do vulcão gerou um impacto feito uma pedra jogada na água, a ondulação se espalha pra todas as direções. A crista dessa onda inicial tem dezenas de metros de altura. Quando atinge a vila já diminuiu uma ordem de magnitude. Apenas uns 8 a 10 metros. Se movendo na velocidade do som. Imagina uma vila inteira em cima de um tapete. Aí alguém pega as duas pontas do tapete e dá um único sacode. É isso.
Casas, construções, asfalto, vegetação, pessoas. Tudo sendo lançado para o alto de uma só vez, catapultados pela fúria do apocalipse final, atropelados pelo próprio solo em si.
Eu estou ao lado do homem e sua família. Se ficar aqui vou sofrer junto com eles. Mas preciso ver. Preciso saber. Preciso sentir.
Há poucos minutos atrás um velho mendigo pegou o frasco que continha a minha 'essência', a minha última memória. E tomou. O frasco não foi feito para ele, mas as coisas raramente saem como eu planejo. E agora estou aqui: dentro dele. Mais especificamente, dentro de suas memórias. Eu, a tecelã das lembranças, alquimista das memórias, tornei-me uma memória viva. E aqui estou dentro da mente do meu hospedeiro pelos próximos anos. Melhor cuidar da minha nova casa.
E não vai ser fácil. Esse velho índio é um homem quebrado, traumatizado. A loucura perambula a borda da mente e já começo dizendo que consertar a mente é da alçada do telepata... não minha. Eu não chafurdo a mente das pessoas, apenas acrescento memórias. Teço algumas. Nada profundo, nada superficial...
Mas eu sei a teoria. Lidar com memórias é lidar com aquilo que temos de mais íntimo. Ainda mais profundo do que isso: tudo o que somos são nossas memórias. Para pra pensar nisso.
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Monolito das Cinzas (Do Infinito Ao Zero, vol 1)
FantasíaUm super na maior cidade do mundo. Corrupta e podre como nenhuma outra - explorada pela NonCorp, a empresa que deveria trazer o futuro. Sem história. Sua irmã tirou suas memórias a pedido dele próprio - e ele não se lembra mais o motivo. Perdido. En...